O nosso amigo Jorge Branco tem um blogue de que me tornei seguidor assim que soube dele. Chamou-lhe "O Último Km", não com o pensamento de quem se está a despedir da Corrida, mas com o intuito de celebrar a conquista de um Km que parecia muito distante quando deu o 1º passo.
Encontrei neste Blogue referências simpáticas à Meia Maratona de S. João das Lampas, entre as quais destaco uma lateral que diz:
33ª Meia Maratona S.João das Lampas 12-09-09
Uma prova em que todos são tratados como amigos!
Não há prova em Portugal que mime mais os participantes!
Sem me deixar embebedar pelo exagero (ainda por cima de alguém que aiinda não tive o prazer de conhecer pessoalmente), não deixa de ser gratificante esta mensagem. Obrigado Jorge. (Só é pena é que os posts do blogue não aceitem comentários! Tudo seria mais fácil).
Mas, como diria o repórter Sabino Rui, do Curral de Moinas, não foi isto que me trouxe aqui, a invocar o "Último Km".
Estava lá o seguinte texto :
(ilustrado com a foto do Ántónio Almeida e a sua Vitória, a cortarem a meta)
33ª Meia Maratona S.João das Lampas
33.ª Meia Maratona de São João das Lampas é já dia 12
Uma das mais emblemáticas provas de estrada do concelho de Sintra, e até do país, está aí à porta. É já no dia 12 deste mês que centenas de atletas vão participar na 33.ª Meia Maratona de São João das Lampas, percorrendo a zona saloia numa extensão de cerca de 21 quilómetros. A prova terá início às 17 horas em São João das Lampas e inclui passagem por A-do-Longo, Areias, M. Cabeça, Alvarinhos, Odrinhas, Amoreira, Monte Arroio, Bolelas, Sacário, Pernigem, Fachada, Chilreira, Codiceira e Alfaquiques.Para além dos troféus, produtos alimentares e brindes de presença, há prémios monetários até ao 10.º classificado.
Encontrei neste Blogue referências simpáticas à Meia Maratona de S. João das Lampas, entre as quais destaco uma lateral que diz:
33ª Meia Maratona S.João das Lampas 12-09-09
Uma prova em que todos são tratados como amigos!
Não há prova em Portugal que mime mais os participantes!
Sem me deixar embebedar pelo exagero (ainda por cima de alguém que aiinda não tive o prazer de conhecer pessoalmente), não deixa de ser gratificante esta mensagem. Obrigado Jorge. (Só é pena é que os posts do blogue não aceitem comentários! Tudo seria mais fácil).
Mas, como diria o repórter Sabino Rui, do Curral de Moinas, não foi isto que me trouxe aqui, a invocar o "Último Km".
Estava lá o seguinte texto :
(ilustrado com a foto do Ántónio Almeida e a sua Vitória, a cortarem a meta)
33ª Meia Maratona S.João das Lampas
33.ª Meia Maratona de São João das Lampas é já dia 12
Uma das mais emblemáticas provas de estrada do concelho de Sintra, e até do país, está aí à porta. É já no dia 12 deste mês que centenas de atletas vão participar na 33.ª Meia Maratona de São João das Lampas, percorrendo a zona saloia numa extensão de cerca de 21 quilómetros. A prova terá início às 17 horas em São João das Lampas e inclui passagem por A-do-Longo, Areias, M. Cabeça, Alvarinhos, Odrinhas, Amoreira, Monte Arroio, Bolelas, Sacário, Pernigem, Fachada, Chilreira, Codiceira e Alfaquiques.Para além dos troféus, produtos alimentares e brindes de presença, há prémios monetários até ao 10.º classificado.
Ora aqui é que "a porca torce o rabo". Sendo moradora na freguesia e jornalista de profissão (embora não a exerça actualmente), tive curiosidade em espreitar o site da prova www.lampas.org. Gostaria de saber porque é que há uma diferença abismal entre os prémios para homens e os prémios para mulheres? Reparem que o primeiro classificado na categoria de masculinos receberá 1200 euros, enquanto na de femininos apenas 700. Note-se que é quase metade do valor... É porque as mulheres levam mais tempo a chegar à meta? A sua condição física é inferior à dos homens? É pura discriminação? Ou haverá outra explicação plausível?Ao longo dos meus cinco anos de carreira como jornalista fiz algumas reportagens sobre atletismo, incluindo a Meia Maratona de São João das Lampas, a S. Silvestre dos Olivais e a Dupla Légua de Campolide. Embora seja uma leiga no assunto, sempre levei o barco a bom porto, acompanhando os preparativos das provas, com a distribuição dos dorsais, os comentários sobre os percursos, a chegada à meta, as declarações dos atletas, a opinião do público... mas confesso que nunca tinha reparado nesta diferença monetária.Agora, o desafio fica lançado: deixe a sua opinião (através do email teixeirajb@gmail.com) e juntos tentaremos perceber a razão pela qual as mulheres auferem metade do valor do que os homens.
Ana Rita Gomes
Resposta por:
Rui Lacerda
Olá Ana Rita,
Penso que a razão principal da diferença do valor do prémio está na previsão da participação feminina nesta prova! Segundo julgo saber, e porque só participo em provas há três anos e meio, sempre foi assim! A razão para a fraca participação feminina está ainda no machismo das obrigações familiares, toda a gente sabe que uma atleta feminina tem muito mais dificuldade a impor-se no seio familiar: Ela trata dos filhos, do marido, da casa e das obrigações profissionais, em suma, fica com pouco tempo para treinar e participar nestes eventos! Logo o que interessa às marcas publicitárias, excluo as organizações e clubes, é os atletas de gabarito. Sem grandes nomes (homens) não há "graveto", sem graveto não atletas, um ciclo vicioso! Não há apoios, não há dinheiro para Todos. Penso que Não há discriminação da parte da organização, ajustaram os valores à participação das atletas, Poderia ser outro valor, concordo! Mas existem menos escalões femininos, menos competitividade! Não quer dizer que as atletas sejam menos competitivas, tem menos adversárias porque as outras atletas (as nossas apoiantes incondicionais; mulheres e namoradas ou irmãs) têm outras opções!
Abraços e bons treinos,
Rui Lacerda
_____________
Não há dúvida que este texto está bem onde está, mas porque entendo que tenho algo a dizer sobre ele e o "Último Km" não aceita comentários, entendi "arrastá-lo" para aqui, pedindo desculpa pelo abuso.
Aí vai :
Em visita a este "Último Km", excelente blogue do amigo Jorge Branco, dou com este texto que considero muito interessante e oportuno, sobre a Meia Maratona de S. João das Lampas, prova em que tenho fortes responsabilidades. E a grelha de prémios é uma delas, que assumo e que, ao longo de 32 anos de existência, sempre foi assunto de reflexão séria.
Penso que o amigo Rui Lacerda, sem que ninguém lhe tenha pedido para nos defender (obrigado,Rui), deu um esclarecimento que "acerta em cheio" nas razões que levaram à elaboração de uma grelha de prémios como a que foi apresentada.
Tem, de facto, a ver com os índices de participação. Ser-se o 1º entre 300 obedece a uma competitividade diferente da de ser-se 1ª entre 15 ou 20. No nosso entendimento, consideramos justa a proporcionalidade no prémio. E, mesmo assim, repare-se que as mulheres saem largamente beneficiadas, pois faça-se o seguinte exercício :
~Calculemos um índice entre o valor do prémio e o número de participantes. No caso dos homens, temos 1200€ para 300 atletas (o que dá 4€/atleta). Nas mulheres, temos 700€ para 20 (o que dá 35€/atleta.Se houvesse "discriminação" seria em sentido contrário.
Diferente seria a tabela de prémios, se a prova admitisse apenas 20 homens e 20 mulheres. Aí, os prémios em disputa deveriam ser exactamente iguais.
É este o entendimento que fazemos de uma realidade que nos entristece, mas que esperamos venha a ser alterada num futuro breve.
Não sei se terei conseguido "justificar" o procedimento mas a verdade é que procurámos ser o mais justos possível, embora saibamos que há sempre lugar à crítica. E a crítica foi sempre coisa com que lidámos bem, aceitando-a quando ela pode contribuir para melhorar a Prova e "rebatendo-a" quando as razões que nos assistem, nos parecem as mais adequadas.
Por último, gostaria de dizer que tenho pena que este assunto, não nos tenha sido comunicado directamente, questão que está ultrapassada, pois tive a sorte de encontrar este texto oportuno da Ana Rita Gomes, a quem agradeço a crítica e que, sendo jornalista e minha "vizinha" seria uma honra tê-la a assistir (ou correr mesmo) na 33ª Meia Maratona de S. João das Lampas.
Ao Jorge Branco, agradeço a oportunidade da resposta.
Grande Abraço.
FA
Ana Rita Gomes
Resposta por:
Rui Lacerda
Olá Ana Rita,
Penso que a razão principal da diferença do valor do prémio está na previsão da participação feminina nesta prova! Segundo julgo saber, e porque só participo em provas há três anos e meio, sempre foi assim! A razão para a fraca participação feminina está ainda no machismo das obrigações familiares, toda a gente sabe que uma atleta feminina tem muito mais dificuldade a impor-se no seio familiar: Ela trata dos filhos, do marido, da casa e das obrigações profissionais, em suma, fica com pouco tempo para treinar e participar nestes eventos! Logo o que interessa às marcas publicitárias, excluo as organizações e clubes, é os atletas de gabarito. Sem grandes nomes (homens) não há "graveto", sem graveto não atletas, um ciclo vicioso! Não há apoios, não há dinheiro para Todos. Penso que Não há discriminação da parte da organização, ajustaram os valores à participação das atletas, Poderia ser outro valor, concordo! Mas existem menos escalões femininos, menos competitividade! Não quer dizer que as atletas sejam menos competitivas, tem menos adversárias porque as outras atletas (as nossas apoiantes incondicionais; mulheres e namoradas ou irmãs) têm outras opções!
Abraços e bons treinos,
Rui Lacerda
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Não há dúvida que este texto está bem onde está, mas porque entendo que tenho algo a dizer sobre ele e o "Último Km" não aceita comentários, entendi "arrastá-lo" para aqui, pedindo desculpa pelo abuso.
Aí vai :
Em visita a este "Último Km", excelente blogue do amigo Jorge Branco, dou com este texto que considero muito interessante e oportuno, sobre a Meia Maratona de S. João das Lampas, prova em que tenho fortes responsabilidades. E a grelha de prémios é uma delas, que assumo e que, ao longo de 32 anos de existência, sempre foi assunto de reflexão séria.
Penso que o amigo Rui Lacerda, sem que ninguém lhe tenha pedido para nos defender (obrigado,Rui), deu um esclarecimento que "acerta em cheio" nas razões que levaram à elaboração de uma grelha de prémios como a que foi apresentada.
Tem, de facto, a ver com os índices de participação. Ser-se o 1º entre 300 obedece a uma competitividade diferente da de ser-se 1ª entre 15 ou 20. No nosso entendimento, consideramos justa a proporcionalidade no prémio. E, mesmo assim, repare-se que as mulheres saem largamente beneficiadas, pois faça-se o seguinte exercício :
~Calculemos um índice entre o valor do prémio e o número de participantes. No caso dos homens, temos 1200€ para 300 atletas (o que dá 4€/atleta). Nas mulheres, temos 700€ para 20 (o que dá 35€/atleta.Se houvesse "discriminação" seria em sentido contrário.
Diferente seria a tabela de prémios, se a prova admitisse apenas 20 homens e 20 mulheres. Aí, os prémios em disputa deveriam ser exactamente iguais.
É este o entendimento que fazemos de uma realidade que nos entristece, mas que esperamos venha a ser alterada num futuro breve.
Não sei se terei conseguido "justificar" o procedimento mas a verdade é que procurámos ser o mais justos possível, embora saibamos que há sempre lugar à crítica. E a crítica foi sempre coisa com que lidámos bem, aceitando-a quando ela pode contribuir para melhorar a Prova e "rebatendo-a" quando as razões que nos assistem, nos parecem as mais adequadas.
Por último, gostaria de dizer que tenho pena que este assunto, não nos tenha sido comunicado directamente, questão que está ultrapassada, pois tive a sorte de encontrar este texto oportuno da Ana Rita Gomes, a quem agradeço a crítica e que, sendo jornalista e minha "vizinha" seria uma honra tê-la a assistir (ou correr mesmo) na 33ª Meia Maratona de S. João das Lampas.
Ao Jorge Branco, agradeço a oportunidade da resposta.
Grande Abraço.
FA
9 comentários:
Fernando Andrade: agradeço, desde já, a sua explicação. Numa troca de comentários com o Jorge perguntei-lhe porque razão as mulheres ganhavam menos do que os homens. Ele convidou-me de imediato a escrever sobre o assunto, uma forma de o ajudar a "arrancar" com o blogue. Como disse, no artigo, sou leiga no que ao atletismo diz respeito e essa questão sempre me passou despercebida! Agora estou mais "rica" com a sua gentil justificação.
Também já disse ao Jorge para aceitar comentários, pois teria mais feed-back...
Quanto ao ir correr está fora de questão porque não aguento nem 2 minutos... Os 700 euros davam-me muito jeitinho!!! Bem haja e, uma vez mais, obrigada pela explicação. Agora há que "trabalhar" no sentido de cativar mais e mais mulheres para a prova!
Ana Rita
Fico muito contente porque entendeu a nossa explicação para a sua pertinente questão, que sabemos não ser apenas sua, pois várias vezes nos foi colocada.
Sabemos que outras organizações atribuem prémios iguais aos homens e às mulheres provavelmente em nome de uma "paridade competitiva" que não existe. Compreendemos, mas não subscrevemos porque achamos injusto.
Subscrevo inteiramente é a frase com que termina : que se trabalhe
para que haja mais mulheres a correr. Mas isso é um outro tipo de trabalho que não se limita ao valor relativo dos prémios para as mulheres. E isso não cabe neste comentário, pois é matéria para um longo debate que fará "correr muita tinta". E começá-lo já é meio caminho andado.
Renovo aqui os meus agradecimentos pela sua intervenção e oxalá, convença o Jorge a permitir comentários, pois a partilha de opiniões torna-se muito mais fluente .
Bom, não tenho nada a ver com o assunto mas vou dar a minha opinião que é justamente a igualdade dos prêmios.
Por aqui onde moro a absoluta maioria das provas paga o valor igual tanto a homens quanto a mulheres, independentemente se há 300 homens e 20 mulheres, o prêmio é o mesmo.
Gostaria de saber apenas um detalhe: As mulheres estão pagando o mesmo valor da inscrição que os homens???
Pois se estiverem, nada mais justo de concorrerem ao mesmo valor em prêmios, independente da quantidade de atletas entre homens e mulheres.
Bom, esta é minha opinião, espero que não levem a mal.
Abraços a todos e sucesso na 33ª Meia Maratona de São João das Lampas.
tutta
ubiratã-pr.
www.correndocorridas.blogspot.com
Caro Tutta
De forma alguma levarei a mal uma opinião diferente da minha. Antes pelo contrário, respeito-a muito. No entanto, não deixo de sublinhar que os critérios que fundamentam a nossa decisão assentam na competitividade existente em cada um dos grupos considerados. Se o facto de ser igual a taxa de inscrição poderá dar motivo à "exigência" da igualdade dos prémios, não enjeito a possibilidade de a mesma vir a ser reduzida ou mesmo isenta.
Mas quando se pensa na realização de uma prova, elabora-se o regulamento, divulga-se os prémios em disputa e quem participa sabe as regras.
Defenderei sempre um aumento do número de mulheres na Corrida, mas tenho sérias dúvidas que se deva começar pela igualdade dos prémios. Repito que 1/300 é muito menos que 1/20 pelo que, no nosso entendimento, não devemos atribuir o mesmo valor. Há quem o faça, sabemos disso e poderão estar mais certos que nós, mas, provavelmente estarão a ver algo que nós ainda não conseguimos vislumbrar. É que também não nos sentimos bem por haver quem pense que somos retrógrados e menosprezamos a participação feminina. Talvez surjam elementos que nos façam mudar de ideias.
Abraço.
FA
Vou meter o bedelho onde não sou chamado, nunca participei nessa prova e se o fizer não corro o risco de receber prémio...
No entanto, acho a explicção para a diferença de prémios pouco convincente. Que diferença faz, em termos de competitividade, que haja 299 tipos atrás ou apenas 19? Na verdade, os lugaresdo pódio decidem-se entre um reduzido número de atletas e pouca diferença faz saber quantos é que vêm atrás no pelotão, se não têm qualquer hiótese de lá chegar.
As mulheres pagam a mesma inscrição, correm o mesmo número de quilómetros, deveriam receber o mesmo prémio, acho eu.
Que importância tem a percentagem de homens ou de mulheres na corrida? A questão está em saber qual valor de prémios pode a organização pagar e dpois distribuir de forma equitativa pelos atletas dos dois sexos. Conhece algum homem que proteste porque uma (pequena) percentagem do valor da sua inscrição servirá para pagar os prémios reservados às atletas do sexo feminino?
Igualizar os prémios deveria ser a primeira medida para incremantar uma maior participação das mulheres. Salvo melhor opinião, que eu não sou mulher nem nunca organizei uma prova de atletismo...
Caro Fernando P.
Obrigado por "meter o bedelho" onde é sempre chamado, e por defender uma opinião contrária à que defendo e que não vale menos que a minha.
Sei que posso parecer retrógrado na posição que defendo e carrego com isso um certo desconforto.
Mas tenho que invocar aqui razões que se prendem com o historial desta prova. Edições houve em que não houve mulheres a participar.
Os recursos obtidos pela organização junto das entidades e patrocinadores, foram inteiramente, para a prova.Nunca houve fins lucrativos nisto e todo o trabalho da organização e colaboradores é inteiramente voluntário. Dizia eu que todos os recursos foram aplicados nos prémios para os melhores e para que os atletas de pelotão também tivessem direito a alguma coisa, como forma de agradecer a presença.
Se fôssemos dividir por dois a grelha de prémios, quando era duvidoso que uma das partes comparecesse, daria a ideia que estávamos a encurtar propositadamente o orçamento. Passou a haver 3 ou 4 mulheres a participar. Óptimo: pensámos em atribuir-lhes um prémio bastante superior ao que nos pareceu proporcional.
Sendo limitados os meios, também não nos parece razoável, reduzir o prémio da geral masculina, para o igualar à feminina.
E se o fizéssemos ? Teríamos um acréscimo significativo na participação feminina? ou iríamos apenas favorecer uma elite... entre as mulheres.
Com toda a sinceridade, não tenho dado muita atenção ao que fazem as outras organizações relativamente à questão. Provavelmente estou a vê-la de uma forma defeituosa, mas, pelo menos por enquanto, não a consigo ver de outra forma. Mas se outros critérios se revelarem mais correctos e mais justos, aí estarei para mudar de opinião.
Maria
Mulher
40 anos
Precisamente nesta Meia Maratona (e em "n" outras provas) já ganhei dinheiro. Muitas vezes. Muitas vezes (não pela prestação, mas sim pela sorte (?) de haver um número reduzido de mulheres a participar) já ganhei dinheiro em provas.Muitas vezes, repito.
Nesta Meia, de S. João das Lampas, ganhei dinheiro com uma marca a rondar as 2 horas e por me ter classificado em 5ª posição entre... 5 mulheres!(meu escalão) ÚLTIMA portanto!
Que "valor" tem um 5º lugar que se ganhou entre 20 atletas? E entre 200? Ou 500? Ou 1000? Ou precisamente entre unicamente 5 mulheres, como foi o caso?
Eu digo-vos: a diferença de "valor" é abismal! E eu, que já ganhei (dinheiro e outras porcarias, salvo seja - porque não é pelos prémios que se cativam mulheres para correr, menos ainda se este for dinheiro para as primeiras classificadas!!),sei bem a diferença! Ganhar dinheiro com marcas... miseráveis não é glório nem dignificante, nem sequer motivador para a prática da Corrida!
Ser 1ª entre .... 20 tem um determinado valor. Entre 2 atletas tem outro, significativamente diferente! Digo-vos eu que já o senti na pele. Ambas as situações!
Pelo exposto, concordo com a diferença de valor nos prémios monetários, entre os sexos.
Mais mulheres a correr? Com certeza! Haja incentivos, mas não é por o 1º ou 2ºprémio ser 700 euros ou 1000 euros, que vai fazer haver mais mulheres a correr, isso garanto-vos eu! Quem, mulher deixa de ir por o 1º prémio ser 700 euros para o Feminino e 1000 para o masculino? Uma atleta? Duas? Quatro? São essas que ganham os 700 euros que engrossam o pelotão?
Serão também elas, com certeza, mas fomentar a Corrida no Feminino não passa de certeza por igualar os prémios monetários entre os sexos
Ana Pereira
Quando vi que o 7º comentário a este post, era da Ana Pereira, amiga que muito estimo, e sabendo eu que ela tem dado provas de ser uma "feroz" defensora dos direitos da mulher, pensei que iria, com o seu dom comunicativo, engrossar a fileira dos que, saudavel e educadamente, têm defendido posição diferente da minha.
Num depoimento que considero genial
e falando com conhecimento de causa, deixou claro que não é discriminatória a grelha de prémios que temos praticado e que não é com uma "paridade" desligada da realidade, que se consegue ser justo e que se consegue trazer mais mulheres para a Corrida.
Alinharei, no que me for possível, em todas as práticas que possam conduzir a esse objectivo. Mas esta, pelo menos, por enquanto, não me parece ser a medida prioritária numa mudança que se deseja.
É verdade que não pedi a ninguém que me defendesse, mas fico agradecido à Ana, por tão oportuno comentário. Ela que é Mulher, que Corre, que já ganhou prémios...
Caro cidadão
não era para opinar até porque essa não é a minha corrida, entenda-se como essa "prémios monetários", não se confunda essa com meia das lampas, que dessa sou devoto peregrino...mas depois de ler o comentário da Maria não resisto a relembrar o que a mesma Maria (ou terá sido a Ana Pereira) escreveu numa das crónicas que a Ana (ou será que foi a Maria) escreveu em tempos idos, corria então o ano de 2005 e a prova referida são os "Trilhos de Mogadouro":
"...Para além disto tudo, o facto de cortar a meta ainda me valeu um prémio monetário! Só porque as mulheres que correm se contam pelos dedos. Literalmente! Ou seja, havia prémios monetários para as primeiras cinco de cada escalão, e veteranas eram precisamente cinco, e obviamente, eu fui quinta! E por isso ganhei 10euros na prova onde tive a minha pior prestação de sempre! Alguma coisa está mal. Talvez o que esteja mal é as mulheres não correrem, talvez não pelo facto de não quererem, mas pelo facto de não poderem. Talvez…"
Até sábado e grande abraço.
Devoto peregrino.
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