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terça-feira, 23 de junho de 2020

A Fantástica ÚNICA



Prontos
Aos 36. Olhem-me aquele mar !!!

Não foi uma prova qualquer. Esta foi ÚNICA

O Estado de Emergência em consequência da pandemia, reteve-me em casa, por completo. As saídas à rua, eram apenas para tratar da horta do quintal que, há anos, se tinha transformado em matagal. Corri apenas duas ou três vezes, quando tudo estava deserto  e, mesmo com o desconfinamento, não me sentia atraído pela Corrida.
Num dos últimos fins de tarde do mês de Maio recebo a chamada de um amigo: “- Fernando, como sabe, este ano, as maratonas não vão realizar-se, pelo que pensei em organizar a ÚNICA Maratona de 2020, no dia 20 de Junho, convidando apenas 20 amigos que é o máxima permitido por lei para ajuntamentos. Tudo dentro das regras. O percurso foi o que utilizámos na Maratona dos 100 amigos, em 2012, entre a Lagoa Azul e o Restelo.  Ainda tem 20 dias para treinar!”  Reacção óbvia: -Ehpah, mas eu tenho estado parado, como é que em 20 dias posso preparar-me para uma maratona ? “
Mas era uma Maratona, que é sempre aquela oportunidade que mexe com todo aquele que conhece as sensações dessa fascinante distância. Ficaria muito mal comigo se tivesse de dizer que não. Pedi-lhe 3 ou 4 dias para ver como é que reagiria a  treinos mais longos do que aquela meia hora que vinha fazendo uma ou duas vezes por semana.  Reagi  bem e confirmei a presença.
Chegado o dia 20, às 7 da manhã, compareceram 19 dos 20 convidados, a quem foi distribuída uma lindíssima t-shirt comemorativa, para usarmos durante o percurso e o chip para controlo electrónico da tempo.
Tudo a postos… Tiro da partida (tiro mesmo –pum!)  e pronto: eles aí vão: Quinta do Pisão, Pedra Amarela  (Ufa, que esta tinha de ser feita a andar, com excepção dos da frente, mais aventureiros e mais aptos). Começa, depois a descida para a Malveira da Serra e ganha-se algum ritmo, mas nada de entusiasmos.  Guincho, já com 13 km feitos. O vento ajudava qualquer coisa. Boca do Inferno. O calor já nos fazia escolher o lado da sombra.  Cascais.  Como é bom de ver, 19 corredores, para uma distância tão grande, obrigava a correr-se em solitário numa grande parte do trajecto, principalmente, quando faltava a confiança na preparação para nos pormos no ritmo de um colega para ter companhia. A partir de Cascais, altura em que passei pelo amigo António Coutinho fiz toda a prova sozinho, utilizando o paredão onde era possível e resistindo à tentação de ir ao banho num mar azulinho e calmíssimo, mas não à tentação de me pôr a passo.  Andava, corria, andava corria… e foi assim até aos 39Km,no Dafundo. A partir daí foi só andar até à meta e chegar em condições óptimas, tendo como queixas apenas um escaldão no pescoço e uma assadura nas virilhas. O relógio marcava 5 horas e 8 minutos de prova.
De salientar o apoio que sempre tivemos, quer fixo, nos abastecimentos e controlos de passagem, quer móvel, dando atenção a eventuais necessidades que tivéssemos.
Quanto à prova , sublinhe-se, foi um evento particular por convite, que consistiu num treino com a Organização de uma prova, que dispensava licenciamentos, pois não havia prémios, que dispensava policiamento, pois não implicava com o trânsito, que respeitou o ambiente, pois nada foi deitado para o chão, que respeitou as regras sanitárias definidas para os ajuntamentos.
No final, fiquei com a sensação de ter descoberto o “segredo” de como preparar uma maratona em 20 dias : “-Se não consegues correr, caminha. Desfruta da paisagem. Desfruta da distância. Sorve as sensações de completar a distância. Demores o tempo que demorares. Chega à meta com o sorriso de quem ganhou uma aposta que fez consigo mesmo”.
Quem sabe se o futuro das provas não passará por soluções deste tipo ?!
Por último, quero deixar um agradecimento muito especial ao amigo Luís Sousa por me ter proporcionado esta experiência ÚNICA e as merecidas felicitações a todos os companheiros de jornada, que deram corpo a tão feliz iniciativa. Bem Hajam.