Encavalitados em paredes de
pedra solta e salpicando a paisagem campestre por onde passa o Trilho das
Lampas, abundam estes tanques feitos por cinco lajes de pedra quadradas, unidas
por “gatos” de arame e massa de cimento. À sua volta, onde antes floresciam
vinhas bem cuidadas há, agora, matagal de certa forma, desolador.
Nestes tanques era feita a
calda bordalesa (água, sulfato de cobre e cal) que, com a ajuda de canecos,
enchiam os pulverizadores manuais transportados às costas e aplicada nas cepas
para prevenir as “moléstias” da uva.
De duas em duas semanas,
desde que se vislumbrava o cacho até que começava a pintar o bago, era operação
que se repetia, num afã competitivo em que se exibia um certo orgulho nos bons
resultados e, ao invés, crueldade na chacota de quem não cuidasse bem da vinha.
Competia-se nos campos e confraternizava-se nas adegas.
À paisagem que hoje vemos - que
não deixa de ser bela pela vegetação autóctone que apresenta - falta-lhe os
sinais desses tempos não muito distantes, em que os campos eram “habitados” e
produziam aquilo que hoje se obtém de modo muito mais simples, mas menos
genuíno, nas prateleiras dos supermercados.
Que sejam as centenas de
atletas que por ali correrão, a humanizar esses campos que o progresso desertificou
e que, aqui ou acolá, vejam nestes velhos tanques, testemunhos de respeito por
aqueles que lhes deram uso.
Sem comentários:
Enviar um comentário