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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

XXI Grande Prémio "Fim da Europa"

A chegada (Foto AMMA-J.Gaspar)


Apesar de termos de enfrentar uma manhã pouco prometedora, com céu cinzento e chuva chata, o pessoal aderiu em força ao XXI Grande Prémio Fim da Europa, tendo esgotado as inscrições para esta corrida mística que liga a mourisca Vila de Sintra ao Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu.
Poucos seriam aqueles que escolheram esta Prova, para testarem a sua condição. A maioria esmagadora tinha como objectivo, desfrutar de um passeio único que ligasse o verde da serra ao azul do mar (com o cinzento do céu, de permeio).
É bom chegar cedo: mais opções para estacionamento, mais tempo para reencontros, maior descontracção antes do tiro de partida.
Com o aproximar das 10 horas, a Volta do Duche ficou diferente. Compacta de almas e de cores em movimento, serviu de palco ao início de um grande desfile que, nos últimos anos ganhou uma dimensão que se espera possa vir a manter. Para bem de Sintra, para bem da Corrida.
Por momentos, as numerosas esculturas de pedra expostas ali na zona da partida, deixaram de ser o centro das atenções e o imponente paço real, com as suas “gémeas” chaminés cónicas dava o enquadramento perfeito à passagem dos corredores .

Partimos. Sabíamos (a maioria) o que íamos ter pela frente. Procurando manter uma respiração controlada, lá fomos serpenteando, serra acima. Um cheirinho a eucalipto e a pinho, em fragrância, dava-nos a graça que, paisagisticamente, o céu nos escondia. Fomos progredindo, cada um como podia, contando os quilómetros que apareciam marcados em placas de madeira. Uns lentos ou muito lentos, quando subíamos, outros rápidos ou muito rápidos, quando descíamos, até que chegámos ao troço final, após a Azóia, em que, como habitualmente, fomos “brindados” com aquela ventania que nos fazia andar de lado. Mas aí, já estávamos “confortados” com o aproximar da meta e o abrigo da majestosa tenda, onde havia “chá,café,laranjada “ sandes, bolos, etc.etc. servido por “garçons” fardados a rigor.
Em contraste, os “alarves” que, tendo chegado ao Fim da Europa, julgavam que teriam chegado ao “fim do mundo” e “abasteceram-se” descaradamente, enchendo sacos esquecendo-se que vinha gente atrás que teve de contentar-se com uma garrafinha de água.
Compreende-se que tenha havido a melhor das intenções em querer dar a todos os corredores, um tratamento “vip”. Só que… assim não dá. A culpa é dos atletas? Não! A culpa é de alguns “atletas”. O que fazer?
Para os disciplinados pode custar um bocadinho ter de pagar o justo pelo pecador. Mas se ainda não existe, no pelotão português, uma cultura de respeito pelo companheiro de jornada, mas sim do “chico-espertismo” (mais notório nas “minis”, que terminam no mesmo local da prova principal), a única solução será o regresso às “doses individuais” em sacos. Perde-se em requinte, mas ganha-se em justiça. Quando falta o bom senso, tem que se aplicar a “repressão”. Note-se que eu sou a favor das “minis”, mas desde que elas não sejam comprometedoras para o sucesso global da iniciativa. E neste caso, para além de complicar a logística, prejudica –em meu entender- a imagem final da Prova.
Outro aspecto negativo que gostaria de não ter de assinalar : A entrega dos sacos foi desastrosa! Não teve nada a ver com o ano anterior, em que tudo decorreu ordeiramente. Poderá ter havido falta de voluntários, mas deixar os sacos amontoados numa zona onde cada um entrava e remexia à vontade até encontrar o seu (ou o que lhe apetecesse levar) pareceu-me displicente.
“Desapareceu” (ou fui eu que não a vi) a área demarcada para troca de roupa, o que deixou desprotegidos os atletas, que acabaram por se trocar ali mesmo no meio da grande tenda.
Também o serviço de autocarros para regresso a Sintra, que no ano transacto me mereceu elogios, este ano, pareceu-me descoordenado, com paragens mal assinaladas, com filas que rapidamente invertiam o sentido e levavam a que alguns corredores, com frio, se tornassem impacientes, com cenas desnecessárias de provocações e quase violência. Com um serviço de autocarros descoordenado, obriga-se os atletas a recorrerem a alternativas que aumentam a afluência de viaturas individuais para o Cabo da Roca, o que é indesejável. Mas, assim, acaba por ser “inevitável”. E parece-me bem mais fácil controlar umas dezenas de autocarros, do que umas centenas de carros.
Em conclusão : A Prova continua a ser uma das mais bonitas que temos no País. Atingiu um patamar de qualidade invejável e pareceu-me que falhou onde seria mais fácil não falhar. Como sempre, estes reparos pretendem ser construtivos e todos teremos muito a ganhar, se lhes for dada uma atenção especial na próxima edição em que faço questão de estar presente e… de recomendar.

13 comentários:

amantes da corrida disse...

Olá Fernando!

Plenamente de acordo com as critícas construtivas, como sempre bem observadas por um corredor experiente.

De facto cheguei a ver atletas a levarem sacos, fiquei indignado, é preciso ter muita "lata". Nestes casos é mesmo de uma pessoa perder as estribeiras...

Relativamente aos autocarros, também completa desorganização, e já que que tiveram a óptima ideia da tenda, não custaria porém um abrigo para quem esperava pelo transporte, depois do corpo quente estar exposto ao frio e vento, felizmente não choveu!

Um abraço e continuação de bons treinos/corridas!

mariolima52 disse...

Fernando

Sabes uma coisa? Gostei de te ver naquele patamar por cima de mim qunado te chamei. É que por cima de ti outro patamar havia, cheio de gente, para baixo também muita gente subia e acima de nós o céu cinzento, espreitava por entre árvores frondosas. Era lindo aquela mole de malta serpenteando pela serra acima.

Sobre os eternos comem-que-nem-uns-alarves nada mais há a dizer, disseste tudo.


Parabéns pelas tuas vinte participações nesta prova (disseste-me na partida que devias ter falhado a primeira)

Abraços

Pedro Ferreira disse...

Parabéns Fernando por mais uma participação nesta prova!
Em relação aos alarves, que não fazem parte do meu pelotão, nem sei que diga. Infelizmente, o problema é transversal à sociedade portuguesa e não se resume às corridas. Vai demorar ainda muitos anos a mudar este estado de coisas e a responsabilidade cabe-nos a nós, pais, em educar os nossos filhos para que sejam solidários pensando também nos outros e não apenas neles.
Um abraço deste outro cidadão de corrida.

Anónimo disse...

olá Fernando
parabéns pela prova e pela prosa, sempre de excelência.
subscrevo e assino por baixo a lúcida análise à prova.
um abraço
até breve
ab - tartaruga

Vitor disse...

Olá Fernando,
Excelente prova que fez, parabéns!
Com as criticas que fez a prova espero que aprendam com os erros!!
Referindo as essas mãozinhas que andam por ai pesando eles que são mais espertos que os outros, quando passarem pelo mesmo tenham uma dolorosa amnésia sistemática, seria dolorosa lembrança!!!
Boa semana
Abraço
Vitor Veloso

joaquim adelino disse...

Olá amigo Fernando.
Pelo 2º ano consecutivo assisti áqula miserável cena final de meia dúzia de ávidos. Mas esta cena não emporcalha nem se sobrepôe a uma prova tão bonita. A organização não andará distraída do que se passa e de certeza irão ser criadas condições para que as coisas venham a melhorar muito em breve.
Um abraço e até breve.

Anónimo disse...

Olá Fernando
parabéns pela análise lúcida da prova, digo eu, que nem sequer lá estive, mas "palavra" de "cidadão de corrida", para mim, é lei, a qual parece que mais uma vez faltou nessa bela prova.
É por essas e outras que considero a "sua" meia-maratona uma prova excelentemente organizada, saco na mão e lá vamos nós enchendo-o...
Parabéns também pela sua prova e continuação de boas corridas, já agora, de boas provas.
Abraço.
António Almeida

luis mota disse...

Olá Fernando!
Bela participação a caminho de Sevilha.
Uma boa semana para ti,
Luís Mota

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Olá Fernando. Partilho da sua opinião.

A Prova é das mais bonitas de Portugal.

E os bolos e bolinhos...pois... eu como chego sempre tarde e a más horas, nunca resta nada para trincar. Mas quem chega àquelas horas, a maior parte deles, como eu, com quilos a mais no lombo, também não precisa comer.

Um beijinho e até breve

Ana Pereira

José Xavier disse...

Caro Fernando;

A descricão de como correu a prova, dá um cheirinho, bem silvestre de uma serra maravilhosa. Até cheirei o eucalipto!!!

As críticas construtívas são sempre bem colocadas, e decerto as organizacões não poderão pensar só em aumento do numero de participantes, pois isso implica um maior empenho da estrutura e coordenacão organizativa.

Um abraco amigo do Xavier

Unknown disse...

Olá Fernando

parabéns pela participação

BritoRunner disse...

Olá Fernando

Foi um prazer revelo, relativamente à prova é sem dúvida bonita, mas as minhas costas e coxas é que não estão preparadas para tanta descida.
Reativamente às criticas não há muito mais a dizer, eu por exemplo fui deixado a mais de 3km do local de partida (e com uma contractura) o motorista recusou-se a levar os atletas para Sintra...
Penso que a organização deve de pensar em alguns aspectos para que a prova não perca qualidade.

JCBrito

Nadais disse...

fernando muito legal o texto.

valeu!

nadais
http://corredorderua.blogspot.com