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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

TNLO-Trail Nocturno Lagoa de Óbidos -50Km


Óbidos, por ser a vila que é, por ter os amigos que lá tenho, pela viagem no tempo que nos proporciona e pela singularidade dos seus trilhos nocturnos, merecia, sem a menor dúvida, que lhe prestasse o meu humilde tributo, estando presente no seu TNLO, na versão ultra, de 50 Km.


Desta vez, os dorsais eram levantados no Pavilhão Gimnodesportivo, pois a realização em simultâneo da Feira Medieval, complicava, de certa forma, o acesso à parte alta do interior da muralha, onde tem sido nos anos anteriores e que é também o local da chegada.

Por volta das 18,30, faço uma refeição ligeira com umas coisitas que fui buscar ao supermercado, mesmo ali ao pé do pavilhão; dois dedos de conversa com a malta amiga (e quantos lá estavam que não encontrei?) e preparar a “”trouxa”. Para começar, vi que tinha deixado os géis em casa. Enchi os 3 frasquinhos do cinto com powerade, uma garrafa de água na mão e uma bolsinha com lenços de papel (para não ser como na UMA) umas línguas de gato e um cubinho de marmelada.

Na verdade, não havia necessidade de levar nada, pois a Organização, com toda a vasta experiência que tem, sabe o que é que os atletas precisam e tinham previsto vários pontos de abastecimento, os primeiros só com água e, lá mais para a frente-25, 32, 40- com tudo o que era preciso (água, coca.cola, marmelada, biscoitos, melancia, etc).

A partida simbólica foi feita lá em cima, permitindo que a enorme avalanche de gente com frontais na cabeça, invadisse as ruas de Óbidos, para espanto do muito público que ali se encontrava na visita à Feira Medieval. Junto à porta da Vila, é então dada a partida que punha a funcionar o cronómetro. Já era noitinha e os frontais já iam ligados na sua maior parte. Contorna-se a muralha pelo Sul e, o bater dos pés de mais de 600 atletas (da curta, de 25Km e da longa, de 50Km) na terra batida, fazia levantar uma grande nuvem de poeira.

Tinha combinado com os meus amigos da ACB irmos juntos, mas rapidamente nos perdemos uns dos outros. Já não sabia quem é que estava à frente nem atrás de mim.

O caminho tinha algumas variações em relação aos anos anteriores e, quando chegámos à Lagoa, já tínhamos muito mais quilómetros percorridos. Vieram depois as “maldades” do Serrazina, obrigando-nos a percurso tipo “treino dos comandos”: atravessar canais com os pés dentro de água, carreiros em canaviais de piso incerto, charcos, lodo. Depois areia. Muita areia. A terrível duna, arribas, descer à praia, passar entre rochas, trepar arenitos, saltitar por entre arbustos, desviar-nos de raízes, procurarmos os pontos reflectores que, à menor distracção, perdíamos; entrar no eucaliptal -que rico cheirinho(!) O trambolhão ao tropeçar num galho que saía do chão .

Alternando a marcha (nas subidas) com a corrida (nas descidas e na horizontal), lá fui avançando. Sem relógio, que é assim é que me tenho dado melhor. Assustei-me um bocadinho quando vi corredores que correm mais que eu, só aos 32 é que apareceram junto a mim. Achei que teria mesmo que abrandar e não tentar ir com eles.

Enfim, lá fui gerindo e comparando com o meu grau de cansaço no ano passado e, de facto, sentia-me agora bastante melhor.

Lá está o Castelo. Aproximo-me e, já estava prevenido, que o último km seria feito através de um desvio do caminho mais curto. O que não sabia é que me iam fazer subir até à muralha, para depois me fazerem descer e subir novamente!!! Ah Serrazina, Serrazina! Quantas pragas te terão rogado nessa altura?

Lá está, finalmente, a portinhola ogival. A porta da consagração da minha primeira aventura de 50 Km, ao cabo de 6h39m09s.

Bem bom. Não senti qualquer reacção adversa ao nível do estômago, embora tenha evitado aquelas comidinhas que havia na mesa e de que tanto gosto, por receio que me caíssem mal ( como me aconteceu em 2011). Bebi somente um isotónico de sabor a limão, fresquinho, da Gold Nutrition, que me soube pela vida. Encho mais um copinho e venho andando, calmamente, até à base, onde tinha o carro. Visto roupa seca e arranco para casa, onde cheguei quase às 6 da matina.

Estava superado mais um objectivo, que me deixou mais confiante e cheio de satisfação por ter conseguido.

Quanto à Organização ela representa a excelência do Trail em Portugal, sem nada a apontar (claro que as “maldades” são sentimentos muito momentâneos, que depois acabam por ter efeito contrário na apreciação final que fazemos, dando ao feito, uma dimensão bastante maior. Parabéns ao Serrazina, Miranda, Nunes e todos os outros que estiveram ligados ao UTNLO e que, graças à sua entrega, o coroaram de êxito. Parabéns também, a todos os outros que enfrentaram o desafio.

Venha o 5º UTNLO. Só espero continuar com saúde para poder voltar. Obrigado a todos.

5 comentários:

Ricardo Hoffmann disse...

Maravilha de participação F.A! Deve ser um corridão essa ultra. De por água na boca.

Unknown disse...

Olá Fernando,
Como foi possível não nos encontrarmos!?,
Ainda perguntei por ti aos amigos mas não te tinham visto, e pensei que estavas impossibilitado. Mas afinal lá estiveste na Ultra.
Fiz a TNLO, e fiquei satisfeito com tudo em Óbidos.
Fica para a próxima para te dar um abraço pessoalmente.

Mas deixo-te aqui um abraço
Dos Xavieres

BritoRunner disse...

Olá Fernando

Foi um prazer ver-te em mais uma aventura. Aquela subidita final foi a cereja em cima do bolo.

Abraço

Jorge Branco disse...

Chegar a casa as 6 da matina depois de uma prova?!! Acho que a "patroa" me punha as malas na rua! hihihi.
Pelo o tempo que o amigo levou a fazer a prova eu demoraria uns dois dias a acabar isso!
Abraço.

Fernando Andrade. disse...

Amigo Ricardo
Pode crfer que se trata de uma das minhas provas preferidas apesar de não ver o caminho, de me atolar no lamaçal, desviar as canas para poder passar, agarrar-me lianas para subir encostar ( à Tarzan), escorregar nas descidas bruscas... Mas aquela sensação de terminar é indescritível. Estou derto de que iria gostar, Ricardo. Abraço.

Oh Xavier, então como é que não nos encontrámos? De facto, este ano, eu só subi para o jogo da bola quase à horta da partida. Até lá estive nas imediações no pavilhão. A concentração já era grande e muitos foram os amigos que não tive oportunidade de cumprimentar. Logo a seguir, caíu a noite e aí, as luzes na testa não davam para identificar ninguém. Foi pena, pois seria um enorme prazer rever-te, bem como à Amélia. Mas o saber que estivemos a partilhar da mesma festa já é bom. Grande abraço.

Grande Brito.
Olha que apanhei um cagaço quando apareceste no abastecimento dos 32 e eu já lá estava! Era um sinal forte de que estaria para dar o estoiro. Logo a seguir aparece o Vitor Dias e a MArgarida Pinto... era, de facto, muita fruta. Pagaria caro se não moderasse. Foi o que fiz. Lembro-me de teres dito que querias chegar antes das 6h de prova, enquanto eu apontava mais para as 7. Não fosse aquele último km de "sadismo serrazínico" terias conseguido. Apesar disso, mais uma vez, ficámos com vontade de voltar, o que é sintomático da excelência da organização. Abração.

Grande Jorge
Esta Prova não é para velocidades. É para gente com paciência...e com vagar para peprder uma noite inteirinha no matagal, com um lampião na testa, à procura de pontos reflectores. É uma experiência fabulosa, apesar de termos sempre um horizonte "escuro". Mas como estamos habituados...
Abraço.