Com o Nuno Marques à espera da partida |
Armado em valentão |
No Alto da Boa Viagem, apanhado pelo Nelson Barreiros |
E depois acabas com esta carinha... |
...para ganhar o "vil metal" |
Mais
uma maratona concluída. E vão 81, se considerarmos as incursões pelas ultras
mais “levezinhas” na distância. Cada uma tem uma estória que, se não for
registada na altura própria, acabará por se confundir com a de outras,
principalmente quando o arquivo da memória vai dando sinais de falência. Mas
vamos ao que interessa. Maratona de Lisboa- 2018.
A
Protecção Civil, com a aproximação do Leslie, transformou a véspera da prova
num dia de incertezas. A realização da prova estava em causa, pois se o efeito
da intempérie causasse perturbação no percurso e pusesse em causa a segurança
dos atletas, não haveria maratona para ninguém. Mas um desvio para norte do
rumo da tempestade, para sorte de uns e azar de outros (e para estes vai o meu
abraço solidário) permitiu que a Maratona
se desenrolasse em condições atmosféricas óptimas (ou perto disso), embora uma
hora mais tarde que o inicialmente programado.
Fui
de boleia com o Nuno Marques até Cascais. O nosso amigo Ventura Saraiva, em
missão de reportagem, também foi connosco e a Cristina Caldeira, mulher do
Nuno, levaria, depois, o Carro para Lisboa. Chegámos bem a tempo e pudemos
cumprimentar vários amigos e tirar umas fotos antes de nos posicionarmos no
sector de mais de 4h.
A
táctica estava desenhada: iniciar a prova com um ritmo bem contido, a rondar os
6´/km para terminar com 4,15 -4,20. Fácil. O Nuno tinha outro esquema: arrancar
com o que pudesse, mesmo sabendo que a parte final seria penosa.
Do
Hipódromo ao Guincho, sentia-se algum vento contra, mas nada de especial,
principalmente para quem vai ao abrigo dos que vão à nossa frente, eheh. Quando
dou por mim, passados 5 Km, o Nuno ainda ia ali. Fui ver, eu é que ia rápido.
Estava a andar a cerca de 5,20. É sempre a mesma coisa. Acho que vou bem e que
não ganharia nada em ir mais devagar. À saída de Cascais (14km) e entrada na
Marginal resolvo abrandar, antes que os sinais começassem a aparecer. “ Lembrei-me”
de um xixi. Não era grande a vontade, mas tive o azar de me lembrar e essa
ideia nunca mais me largava, até que encontrei um arbusto mais a jeito e fiquei
aliviado não da bexiga, mas da “tola”. Retomo o andamento e passo a Meia com o
relógio a indicar 1,57. Boa! O marca-passo das 4h ainda vinha atrás. Novo
incómodo: tripa! Ainda pensei que também fosse psicológico, mas não. Vejo uma
casa de banho e pensei que a solução estava ali, só que, um dos que iam à minha
frente, estava a passar pelo mesmo e foi usá-la. Bem, há que continuar, meio
encolhido. Perto da Praia da Torre, do lado oposto, vi um canavial atrás de um
murete. Tem que ser. Atravesso a outra faixa, e salto o murete rumo às canas.
Ao saltar, toco com a cabeça numa cana que estava apontada para baixo. Não
liguei e faço o que tinha para fazer, quando vejo, à minha frente, sangue a
pingar abundantemente no chão. Mau. A garrafinha de água (que sempre levo até
ao próximo abastecimento) deu-me jeito, pois fez de maleta de primeiros
socorros.
Subir
o Alto da Boa Viagem não estava nos planos, pois costumamos evitá-lo indo pelo
paredão, a zona onde se desfraldam as bandeiras de vários países presentes em
prova. Mas lá subi aquilo, com a agradável surpresa do incentivo do amigo
Nelson Barreiros, que até captou esse momento. Obrigado Nelson.
Aos
30 resolvo parar no abastecimento e emborcar powerade à bruta. Claro que 500m
depois estava nauseado e tive de me pôr a passo. Acho que foi aí que comecei a
sentir o objectivo em perigo. Ando uns metros e recomeço, mas num passo muito
mais fraquinho que até então. E fui vendo a malta passar, sem grande hipótese (ou,
pelo menos, vontade) de reagir.
Cais
do Sodré, 40Km. Está quase. O que eu gostava de chegar ali leve e desempenado!
Mas tive de me contentar em atravessar aquela zona, como se cada sapatilha
pesasse 50 kg. Bem queria agradecer o incentivo que o público ia dando, mas o
que conseguia fazer não passava de um esgar de mal-agradecido que escondia com um
leve aceno de braços.
Entro
na Praça do Comércio e contorno-a pelo lado ocidental, Rua da Conceição (comum
ao pessoal da Meia Maratona) e, finalmente a Rua Augusta com o seu arco
imponente a anteceder o pórtico da chegada, onde o relógio registava 4;15 (ou
coisa parecida). Mas o tempo líquido foi de 4,13,50. Nada mau. O “sacana” do
Nuno tirou-me 10 minutos. Mas estas contas vão-se ajustar, digo eu.
Estava
feita mais uma Maratona de que sou totalista e que foi um bom teste para a que
vem aí a 4 de Novembro : a 15ª Maratona do Porto. Venha ela.
9 comentários:
Meu amigo...fantástico relato
Não foram 10 minutos, foram 8...e seguramente que na próxima já ajustas as contas :-)
Fantástico Fernando!
Muitos parabéns! 81!!! Incrível!
Beijinhos e força para o Porto :)
Boa Fernando!
Mais uma para o cinto!
Gostei muito do relato / crónica ;)
Belo texto Fernando.
O Porto é que vai pagar as favas!
Parabwna. Quando for grande também quero correr assim. ABC
Parabéns Fernando! Um excelente tempo, sobretudo se tivermos em mente todos esses pequenos percalços que numa prova longa como uma Maratona fazem sempre muito mais mossa no resultado final.
Até ao Porto! Abraço!
Com esses percalços e mesmo assim uma marca dessas. Muitos parabéns!!!
E o que dizer do número 81?!?
Um grande abraço e força para o Porto
Parabéns Mestre, 81, um quadrado perfeito, bom caminho atéao seguinte.
Abraço,
António
ah ah ah... O Fernando Andrade, uma Maratona, a tripa e uma moita, dão sempre um resultado explosivo! Fartei-de rir!
Depois...bem...depois ponho-me de pé, tiro o chapéu, faço uma vénia e bato palmas! 81?!
Grande Frenando! E siga para o Porto!
Beijinho e boa recuperação
Ana Pereira
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