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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Prova nº 14 de 2018 - Maratona de Lisboa



Com o Nuno Marques à espera da partida

Armado em valentão

No Alto da Boa Viagem, apanhado pelo Nelson Barreiros


E depois acabas com esta carinha...

...para ganhar o "vil metal"


Mais uma maratona concluída. E vão 81, se considerarmos as incursões pelas ultras mais “levezinhas” na distância. Cada uma tem uma estória que, se não for registada na altura própria, acabará por se confundir com a de outras, principalmente quando o arquivo da memória vai dando sinais de falência. Mas vamos ao que interessa. Maratona de Lisboa- 2018.
A Protecção Civil, com a aproximação do Leslie, transformou a véspera da prova num dia de incertezas. A realização da prova estava em causa, pois se o efeito da intempérie causasse perturbação no percurso e pusesse em causa a segurança dos atletas, não haveria maratona para ninguém. Mas um desvio para norte do rumo da tempestade, para sorte de uns e azar de outros (e para estes vai o meu abraço solidário)  permitiu que a Maratona se desenrolasse em condições atmosféricas óptimas (ou perto disso), embora uma hora mais tarde que o inicialmente programado.
Fui de boleia com o Nuno Marques até Cascais. O nosso amigo Ventura Saraiva, em missão de reportagem, também foi connosco e a Cristina Caldeira, mulher do Nuno, levaria, depois, o Carro para Lisboa. Chegámos bem a tempo e pudemos cumprimentar vários amigos e tirar umas fotos antes de nos posicionarmos no sector de mais de 4h.
A táctica estava desenhada: iniciar a prova com um ritmo bem contido, a rondar os 6´/km para terminar com 4,15 -4,20. Fácil. O Nuno tinha outro esquema: arrancar com o que pudesse, mesmo sabendo que a parte final seria penosa.
Do Hipódromo ao Guincho, sentia-se algum vento contra, mas nada de especial, principalmente para quem vai ao abrigo dos que vão à nossa frente, eheh. Quando dou por mim, passados 5 Km, o Nuno ainda ia ali. Fui ver, eu é que ia rápido. Estava a andar a cerca de 5,20. É sempre a mesma coisa. Acho que vou bem e que não ganharia nada em ir mais devagar. À saída de Cascais (14km) e entrada na Marginal resolvo abrandar, antes que os sinais começassem a aparecer. “ Lembrei-me” de um xixi. Não era grande a vontade, mas tive o azar de me lembrar e essa ideia nunca mais me largava, até que encontrei um arbusto mais a jeito e fiquei aliviado não da bexiga, mas da “tola”. Retomo o andamento e passo a Meia com o relógio a indicar 1,57. Boa! O marca-passo das 4h ainda vinha atrás. Novo incómodo: tripa! Ainda pensei que também fosse psicológico, mas não. Vejo uma casa de banho e pensei que a solução estava ali, só que, um dos que iam à minha frente, estava a passar pelo mesmo e foi usá-la. Bem, há que continuar, meio encolhido. Perto da Praia da Torre, do lado oposto, vi um canavial atrás de um murete. Tem que ser. Atravesso a outra faixa, e salto o murete rumo às canas. Ao saltar, toco com a cabeça numa cana que estava apontada para baixo. Não liguei e faço o que tinha para fazer, quando vejo, à minha frente, sangue a pingar abundantemente no chão. Mau. A garrafinha de água (que sempre levo até ao próximo abastecimento) deu-me jeito, pois fez de maleta de primeiros socorros.
Subir o Alto da Boa Viagem não estava nos planos, pois costumamos evitá-lo indo pelo paredão, a zona onde se desfraldam as bandeiras de vários países presentes em prova. Mas lá subi aquilo, com a agradável surpresa do incentivo do amigo Nelson Barreiros, que até captou esse momento. Obrigado Nelson.
Aos 30 resolvo parar no abastecimento e emborcar powerade à bruta. Claro que 500m depois estava nauseado e tive de me pôr a passo. Acho que foi aí que comecei a sentir o objectivo em perigo. Ando uns metros e recomeço, mas num passo muito mais fraquinho que até então. E fui vendo a malta passar, sem grande hipótese (ou, pelo menos, vontade) de reagir.
Cais do Sodré, 40Km. Está quase. O que eu gostava de chegar ali leve e desempenado! Mas tive de me contentar em atravessar aquela zona, como se cada sapatilha pesasse 50 kg. Bem queria agradecer o incentivo que o público ia dando, mas o que conseguia fazer não passava de um esgar de mal-agradecido que escondia com um leve aceno de braços.
Entro na Praça do Comércio e contorno-a pelo lado ocidental, Rua da Conceição (comum ao pessoal da Meia Maratona) e, finalmente a Rua Augusta com o seu arco imponente a anteceder o pórtico da chegada, onde o relógio registava 4;15 (ou coisa parecida). Mas o tempo líquido foi de 4,13,50. Nada mau. O “sacana” do Nuno tirou-me 10 minutos. Mas estas contas vão-se ajustar, digo eu. 
Estava feita mais uma Maratona de que sou totalista e que foi um bom teste para a que vem aí a 4 de Novembro : a 15ª Maratona do Porto. Venha ela.  

9 comentários:

Nuno Sentieiro Marques disse...

Meu amigo...fantástico relato
Não foram 10 minutos, foram 8...e seguramente que na próxima já ajustas as contas :-)

Isa disse...

Fantástico Fernando!
Muitos parabéns! 81!!! Incrível!
Beijinhos e força para o Porto :)

Nuno Cabeça disse...

Boa Fernando!
Mais uma para o cinto!
Gostei muito do relato / crónica ;)

Manuel Romano disse...

Belo texto Fernando.
O Porto é que vai pagar as favas!

Nelson Barreiros disse...

Parabwna. Quando for grande também quero correr assim. ABC

N. disse...

Parabéns Fernando! Um excelente tempo, sobretudo se tivermos em mente todos esses pequenos percalços que numa prova longa como uma Maratona fazem sempre muito mais mossa no resultado final.

Até ao Porto! Abraço!

JoaoLima disse...

Com esses percalços e mesmo assim uma marca dessas. Muitos parabéns!!!
E o que dizer do número 81?!?
Um grande abraço e força para o Porto

Anónimo disse...

Parabéns Mestre, 81, um quadrado perfeito, bom caminho atéao seguinte.
Abraço,
António

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

ah ah ah... O Fernando Andrade, uma Maratona, a tripa e uma moita, dão sempre um resultado explosivo! Fartei-de rir!

Depois...bem...depois ponho-me de pé, tiro o chapéu, faço uma vénia e bato palmas! 81?!

Grande Frenando! E siga para o Porto!

Beijinho e boa recuperação
Ana Pereira