O Homem que não sabia sorrir
Sei pouco de ti, Pedro. Sei que nasceste em Cuba e que, por qualquer razão, há meia dúzia de anos, escolheste Portugal para viver. E que dominavas (e continuas a dominar – e de que maneira!) a especialidade do Triplo Salto, que já tinha, por cá, um Menino de Ouro, o nosso querido Nelson Évora.
Também sei que, em matéria de convivência com o Nelson, as coisas não correram bem e a verdade é que não sei de que lado estaria a razão. O que sei é que um sorria e outro não. E até nesta madrugada, em que também tu chegaste ao Ouro, não te vi sorrir. Estavas seguro e confiante, mas não sorrias. Faltou-te um “danoninho” para atingires os tão desejados 18m! Deixaste o 2º classificado quase a meio metro e não te vi sorrir. Exibiste, vitorioso, a nossa Bandeira e puseste-nos, a todos, orgulhosos porque estávamos contigo e tu connosco. E ganhaste. E não sorriste. Enquanto isso, o teu conterrâneo saiu de cena sem exibir a a bandeira cujo significado te ensinaram nos teus tempos de escola. Não sei se isso te terá dividido os sentimentos e te levou a não sorrir. Isso consigo compreender.
Acabei de te ver na cerimónia protocolar. Conduziste-nos aos deuses lá do Olimpo e puseste-nos os olhos embaciados de emoção. Sorriste levemente.
Oh Pedro, tu não és assim! Como é que tu consegues passar para nós emoções tão grandes e que não expressas?
A verdade é que tu és enorme e tens Portugal a teus pés. E está-te muito grato. Vá lá, sorri, que é tão mais fácil que saltar 18m e assim nós não pensamos que estás chateado connosco.
Um grande abraço Pedro e muito obrigado pela excelência do teu feito.
Sem comentários:
Enviar um comentário