Foto de Leonor Duarte |
O fim de uma longa tradição, deixa sempre alguma mágoa. Quero referir-me ao simpático pratinho de louça com que a Organização brindava os atletas que terminavam a Meia da Nazaré. Em sua substituição, deram-nos uma medalha, um símbolo respeitável, mas que, quebrando uma continuidade de muitos anos, deixou-nos algo insatisfeitos.
Tenho-os guardados, religiosamente, junto das medalhas. E já são muitos.
Há uns anos, brincando com um conhecido soneto do poeta brasileiro, Antônio Roberto Fernandes (que estraguei) dizia eu:
Os pratos do Vovô
Eu vou guardando, com muita alegria
Muitos pratos, lindíssimos de louça
Que ganhei como prémio pela “coça”
Que levei sempre que a “Mãe” por lá me via.
É que era a minha idade, ainda moça
Quando a “Mãe” me chamou, num belo dia
Para saber se a Meia aguentaria
Ou se eu iria fazer asneira grossa.
Corri. E desde então, pela Corrida
Faço a visita anual bem merecida
A quem lançou a ideia... ainda pirata.
Trinta anos passaram! Uma vida
Contada em tantos pratos, colorida,
E que à Corrida há-de estar sempre grata.
E já agora, gostava de referir que a carga simbólica que envolve a Meia Maratona da Nazaré é um dos principais factores que tem contribuído para a preservar no tempo. Todos a chamam, carinhosamente, "Mãe" e associam essa condição aos pequenos objectos que lhe estão ligados. Se a Organização entende retirar importância às pequenas coisas, não me parece escolher o melhor caminho. Então, é ou não verdade que aquela broa de mel que nos adoça o boca após a prova, aquela "doce tradição" , é como que uma bênção que nos cai do céu? E os pratinhos, Nazaré? Que lhe fizeste?
5 comentários:
Já estou bastante afastado da "MÃE" há uns anos. Sim foi lá que tudo começou mas para mim a prova perdeu a mística que tinha! Pronto isto é uma opinião muito pessoal mas é o que sinto! Lá pelo simbolismo que a Meia da Nazaré teve não quer dizer que fique agarrado a ela para toda a vida, as coisas mudam senão não havia divórcios!
Há amores para toda a vida mas para mim a Meia da Nazaré não é o caso!
Se continua-se a sentir a mesma mística pela Nazaré talvez até passa-se sem os pratos embora eles sejam um símbolo da prova, mas como já não sinto isso torna-se complicado alinhar numa prova pela qual já não sinto afecto.
Mas desejo que todos se sintam muito felizes na Meia da Nazaré e que a prova continuo por longos anos por mim teria ido aos Trilhos de Casainhos (se não estivesse lesionado) um prova feita ao estilo dos velhos tempos em que tudo isto começou.
Para mim a verdadeira herdeira do espírito da gloriosa Meia maratona da Nazaré é a Meia maratona de São João das Lampas a segunda mais antiga Meia Maratona Portuguesa uma prova feita com amor e por amor!
Ó Fernando não são 30, são 39, é que eu sou mãe de menino com a mesma idade e nunca me esqueço de quantos anos são
Há dias dizia-me ele:
- Mãe mas eu vou fazer 40 anos antes de tu fazeres 60??
Pois é, como o tempo passa...
Acabaram com os pratos de porcelana?? que pena, tenho pratos que quase dá para por a mesa para toda a família...
Pode ser que para o ano voltem eles e eu.
beijinho
Muito obrigado pelas palavras, amigo Jorge, mas sinto uma certa tristeza por ver que se perdeu ali qualquer coisa. Amgos meus que lá foram pela primeira vez, disseram-me que não sentiram nada de especial, embora eu tentasse convencê-los do contrário. Mas isso sou eu, que não passo de um cota sentimentalão, que tem pela Nazaré, uma certa lealdade. Foi na Nazaré que tive o meu primeiro deslumbramento em matéria de Corrida. Nazaré era única. E se deixou de o ser, por tanta oferta, deverá ter em conta que precisa impor-se se deseja a fidelidade dos seus "devotos". Sei que mudou a direcção da Associação, mas não me pareceu que tivesse sido para melhor. Abraço.
Olá, Eugénia.Eu sei que são 39 mas aquilo foi feito há uns anos. Foi só para ilustrar o "fim da colecção".
Beijinho. ...e veja se regressa às corridas.
Sempre atento amigo Fernando.
Realmente, o pratinho da Nazaré...é o pratinho da Nazaré.
Como o sininho está para Mafra ou as Rampas para São João :-).
Forte abraço
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