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terça-feira, 4 de agosto de 2015

VII UTNLO - 2ª parte


 

Não me canso de dizer que Óbidos tem muito de especial para mim. Já tinha por esta Vila um enorme afecto e, logo que aqui surgiu a primeira prova de atletismo de que tive conhecimento, não hesitei. Estávamos em 2009. Era uma prova de Trail, coisa que eu nunca tinha feito e, ainda por cima, à noite.  Tranquilo. Bora lá.
Estive em todas as que se seguiram, registei as experiências de cada uma das edições, mas o que interessa agora, é falar sobre este VII UTNLO. 

No texto anterior já  me referi à minha prestação. Neste, pretendo referir-me à apreciação que fiz da prova, nos parâmetros que tive oportunidade de avaliar. Mas, atenção, que tudo o que disser é de quem está por fora e que tem de reconhecer que, “quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro”. Mesmo assim, e sabendo que a Organização não me vai levar a mal, aí vai:
Entrega dos Dorsais : Nota máxima. Decorreu lá num recanto, sossegado, com tendas de exposição de material que é familiar à modalidade. A entrega foi expedita e proporcionou o encontro com muita gente amiga. Bom ambiente.
Partidas : O Jogo da Bola, lá no alto, embora seja o local de eleição, não tem capacidade para receber em simultâneo,  os participantes nas 3 provas. Sabíamos que aquela partida era apenas simbólica, que apenas pretendia fazer desfilar o pelotão pela principal artéria da vila, até à saída do Castelo. Porém, o elevado número de turistas ali presentes, estreita ainda mais a já estreita Rua Direita. O percurso, ao ser feito a passo e não a trote como chegou a ser, perde bastante a sua espectacularidade.  Cá fora, a existência de dois pórticos, definia com clareza os locais onde cada um deveria posicionar-se. No entanto, não me pareceu estar devidamente acautelada a proibição de estacionamento nos primeiros 300m (o que se compreende dada a enorme pressão com tantos turistas presentes na Feira Medieval).
Data da Prova – A Feira Medieval, só por si, é suficiente para congestionar a Vila. Juntarmos a isto o UTNLO, TNLO e Caminhada, com mais de um milhar de participantes, torna tudo muito mais complicado. Sem dúvida que sabe bem aos acompanhantes (e aos próprios atletas) terem a possibilidade de visitar a Feira, mas será um factor a ponderar.
Distância -55Km? – Não percebo porque não foi assumida a distância real de 58 Km ! Tentando colmatar a diferença, a organização optou por colocar placas de 2 em 2 km, informando o que faltava e não o que tinha sido percorrido. Claro que os primeiros Kms foram enormes, para compensar.
Abastecimentos – Impecáveis. Nota máxima também. Nos sítios anunciados, muito bem compostos com alimentos e líquidos que apeteciam.
Marcações – Aqui, principalmente depois do último abastecimento, as coisas poderiam ter sido melhores. Bem sei, que a distracção é sempre um factor a ter em conta nos casos em que nos perdemos. Mas há que ver o seguinte: há rotas comuns e há rotas improváveis. Os avisos estavam reforçados é certo, mas depois de 50 km feitos, o discernimento não é o mesmo e também as marcações reflectoras deixam de ser visíveis com a luz do amanhecer. Enquanto à noite, mesmo com o frontal a incidir de lado nas marcas, nos chama a atenção, de dia, isso já não acontece e somos levados para fora da rota.
Segurança – Quem quer aventura, tem que ter consciência da sua forma física e já sabe que não pode contar com grandes medidas de segurança. Porém não nos podemos esquecer que foram introduzidos num circuito idealizado pela Organização, centenas de atletas. Ora, a não ser nos abastecimentos, não vi elementos da organização ao longo do percurso, principalmente nas partes mais perigosas, nomeadamente junto ao mar, onde nas dunas consolidadas e muito inclinadas, se escorregava com facilidade e o perigo de queda era grande. Sentir a presença de alguém disposto a apoiar, numa altura em que era grande a probabilidade de se estar sozinho, seria de grande importância.
Tempo limite – O barramento dos atletas com mais de 7 horas no abastecimento dos 39 Km pareceu-me uma medida, talvez, desnecessária e, até violenta. Vim a saber que houve casos em que foram impedidos de prosseguir ou então que o fizessem por sua conta e risco. Mas quem chega aos 39 e está em boas condições para prosseguir e se sente determinado a fazê-lo, não vislumbro a mais valia desta medida. Recomendação sim. Proibição não. É verdade que as pessoas têm mais que fazer e não podem estar à espera de quem for mais lento. Mas, quando foi aumentada a distância, por certo a Organização teria em mente que a Prova demoraria mais tempo a ser concluída por todos. Quanto a mim, não foi uma medida feliz.
Os últimos 4 Km – Sinceramente, também não vejo qualquer mais valia em fazer-nos subir e descer repetidamente aquelas encostas ingremes, antes da subida final para o Castelo. Mas quem sou eu para opinar face ao saber e experiência dos grandes mestres do trail que compõem a Organização!? Se trail é assim, vamos a ele assim como é.
Sei que os meus amigos do CAOB não me levam a mal estas considerações e entendem bem que as faço com o sentido construtivo de quem sente a prova como sua, pois enquanto puder contar com as pernas que o Criador me deu, farei questão de estar em Óbidos a correr. Seja de noite, seja de dia, seja fácil ou seja difícil.


E agora o que é que eu me atreveria a modificar (mesmo que me acusem de querer ensinar a missa ao vigário)? Isso fica para outro apontamento. 

2 comentários:

Isa disse...

Fernando, muitos parabéns por mais uma no currículo! E é de facto um currículo impressionante!
Concordo com todos os pontos que refere. Os bons e os menos bons.
As maiores falhas na minha opinião são a sinalização que achei deficiente nalguns locais e principalmente de dia as marcações mal se viam. É um ponto a rever.
E a segurança, a segurança dos atletas numa prova de trilhos é algo que não pode falhar e durante a prova toda nunca se viu ninguém excepto nos abastecimentos. Na zona das arribas, na minha opinião, era imperativo que lá estivesse alguém.

Quanto ao limite, já disse tudo no meu blogue, e agradeço pela solidariedade demonstrada.

Um grande beijinho e mais uma vez parabéns.

Fernando Andrade. disse...

Obrigado pela visita e pelas palavras, Isa.
Há, de facto, muito a melhorar nesta prova, que tem tudo para ser especial. Apesar de tudo, para mim, continua a ser mesmo muito especial. Em meu entender, tudo o que correu mal, será fácil de corrigir e tenho absoluta certeza de que a Organização terá em conta os reparos feitos. Ainda voltarei ao tema noutro texto.
Grande beijinho, Isa.