Cheguei. Obrigado pela foto, Bernardete Morita |
A primeira é que foi !!! |
Com o amigo Francisco Vaz (foto do Ricardo Leitão) |
Na
minha vida de corredor (ou turista das corridas, se quiserem), que já tem uns
aninhos, mal de mim seria se não tivesse estabelecido um calendário das
clássicas onde, fielmente, sempre que posso, participo. Nesse rol estarão,
talvez uma vintena de provas.
Porém,
outras vão surgindo, que também se apresentam como desafiantes.
É o
caso do Montepio STE –Sintra Trail Extreme. Não estava nos planos, pois o
próprio nome “Extreme” assusta, mas um inesperado convite de um amigo a quem
não consigo dizer que não, levou-me a inscrever, embora convicto de que, a
meio, talvez tivesse de abandonar a Prova, pois era grande a carga para a minha
condição física : 31Km com 1600m de desnível acumulado! Mas a curiosidade em
saber como é que a Organização, a cargo dos meus amigos do Monsanto Running
Team ( a quem estarei sempre grato pelo carinho que dedicaram ao Trilho das
Lampas desde a primeira hora) iria controlar os acontecimentos. Prova de 31 Km
do Campeonato Nacional, Prova de 31Km aberta, Prova de 22Km do Campeonato
Junior, Caminhada de 12Km, totalizando mais de mil inscritos. Era Obra!
Por
mail, recebo o Guia da Prova, que dizia, tintim por tintim, tudo o que
interessava saber. Fui de véspera levantar o dorsal, nos Bombeiros de S. Pedro
de Sintra. Rápido e eficiente. No dia D, fui cedo para escolher um lugar para
estacionar perto da chegada, o que foi muito fácil.
Saio
do carro, para ir dar uma volta e ver como paravam as modas e atento-me nos
equipamentos dos atletas. 90% tinham daqueles coletes” Salomon” com um boião de
água de cada lado. Muito prático e eu…a começar a sentir-me deslocado, pois não
tinha nada daquilo. Ora, da leitura que fiz do tal guia, vi que havia material
obrigatório: um litro de água, telemóvel, manta térmica, apito e geis/barras energéticas,
com o número do dorsal escrito. E o dorsal, obviamente. Tudo muito certo. A
dúvida era como é que hei-de levar 1 litro de água (?), eu que tinha prometido
a mim mesmo, há uma meia dúzia de anos, não voltar a levar mochila que usei na
UMA, pois aquecia-me as costas e tornava-se muito incómoda. Substitui-a por uma
bolsa de cintura com um boião de cada lado. Mas isso não dava para um litro. É
que, como participo em poucas provas de trail, descuido-me um bocado com o
equipamento necessário (ou acessório). A minha mochila era do Lidl e tive que lhe
adaptar um depósito de água que pertencia a uma velha que tinha em casa.
Levei-a a contragosto e pus lá tudo o
que era exigido e que foi verificado na entrada para a zona de partida.
Às 8h
saem os prós. Às 8,30 saem os que não são do campeonato mas que vão fazer os
mesmos 31 Km com menos pressão.
Partida.
O perfil do percurso vinha bem escarrapachado no dorsal, para o podermos
consultar em qualquer momento: um “serrote” com dentes enormes e assustadores.
A
táctica era fácil, lembrava-me o meu amigo Vilela: “é pôr um pé à frente do
outro”. Sai o pelotão, atravessa a estrada numa passagem inferior e começa a
subida, feita com calma, a passo, como em todas as subidas que foram
aparecendo. Corria, nas descidas ou no plano. O 1º abastecimento não cheguei a
usar, mesmo sabendo que o seguinte só surgiria 12 km depois. Tinha muita água
na mochila. Gostei da sinalética existente: na base de cada subida, havia uma
placa indicando a distância e o desnível que ela tinha (ficávamos a saber o que
nos esperava) e no topo, uma placa com uma mão fechada de polegar levantado, ao
jeito de um like, como quem diz, “estás a portar-te bem. Agora é a descer”.
Os
postos de abastecimento estavam guarnecidos com produtos para todos os gostos:
água, fruta diversa, isotónico, salgados e - muito importante – uma inexcedível
simpatia.
Numa
das primeiras grandes subidas, agarro num pau, que me ajudou a progredir
enquanto subia e depois, a equilibrar enquanto descia. Dei-me bem com ele, pois
se travarmos um desequilíbrio logo na origem, não haverá consequências. Não o
larguei. Diziam por graça: “ desviem-se que vem aí o homem do pau! Trouxe-o até
à meta e não exagero se vos disser que o considero um troféu. Por norma, os
troféus recordam-me que acabei uma prova. Este recorda-me como a fiz, o
durante. E quando se diz que o importante é o caminho, talvez este pau me
recorde o importante.
À chegada,
havia tendas só com coisas boas que, se o estômago me deixasse, iria emborcando
até à saciedade.
Terminei
em 326º ( em 378) com o tempo de 5,17 e fui o 6º do escalão (em 6, eheh, que o
pessoal da minha idade, ou é mesmo bom, ou não se mete nestas coisas). Resultado.
E
quando chego a casa, fico a saber que já tinham saído 4 dos miúdos da gruta da
Tailândia e hoje, 3ª Feira, já cá estão todos fora, numa admirável operação de
socorro de que não se conhecem precedentes. Boas notícias. Uma enorme vénia
para os mergulhadores envolvidos.
Por
fim, a avaliação que faço deste Montepio- Sintra Trail Extreme, face ao pouco
que conheço, é de nota máxima. Vi como se faz uma prova Extreme. Não posso
dizer que aprendi, porque isso implica sabedoria para reproduzir os mesmos
conceitos, mas posso dizer que fiquei maravilhado por ver como a Organização
deu conta do recado, neste evento que rotulo como um estrondoso sucesso. Parabéns,
amigos do Monsanto Running Team. Em 2019, espero poder voltar, se possível,
mais apto.
3 comentários:
Muito bom! Gostei de ler e de o saber a safar-se muito bem nessas aventuras e à falta de bastões que adivilho muitos tenham levado, desenrascar-se com o pau :)
Beijinho Fernando e boa recuperação
Muitos parabéns pela aventura :)
Um abraço
Muito bom! Parabéns, Fernando. Realmente, conhecendo a Malta da organização só podia vir coisa boa dali. Ainda por cima aquilo é o quintal deles.
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