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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

XXII Grande Prémio Fim da Europa

Estive na Prova, não como observador atento a cada pormenor mas, como corredor que, como qualquer outro, gosta de ser bem tratado enquanto faz aquilo que gosta, que é correr. Gostei…e muito!

Acho que estamos perante uma prova muito exigente, com uma logística complexa, que implica uma grande entrega dos responsáveis, mas tudo isso é plenamente justificado pelo cenário lindíssimo que envolve o percurso e que, desta vez, foi ainda mais valorizado nos seus tons, pelas excelentes condições climatéricas. Até no Cabo da Roca, onde habitualmente a rispidez da ventania é uma constante, este ano, o ar esteve sereno, o céu limpo, a temperatura amena.

Notou-se uma grande preocupação por parte da Organização, em colmatar os reparos feitos aos incidentes verificados na última edição : “unidoses” à chegada (perde-se no requinte do serviço prestado, mas essa terá sido a forma de evitar que os "alarves" se instalassem junto às mesas e depois, quando chegassem os últimos, já não teriam direito a nada); um serviço eficaz e seguro, na entrega das mochilas; autocarros para transporte de regresso a Sintra bem coordenados.

Dizia um amigo meu : “- o que é que a Câmara tem andado a fazer para só nos últimos anos ter reparado no enorme potencial que esta Prova tem, sob o ponto de vista desportivo e turístico.?” A resposta parece-me simples : - era preciso que os responsáveis pela edilidade entendessem o significado da Corrida. Se temos, para mostrar, uma Serra já tão conhecida dos postais e da literatura, porque não dá-la a conhecer pelo serpentear da estrada que a percorre, pelos seus aromas, pela sua sombra, pela sua luz, pela água que escorre dos muros altos e atravessa a estrada aqui e ali? Só mesmo através de uma Corrida que, bem divulgada como tem sido, nos últimos anos e pela qualidade proporcionada, tem crescido ano após ano, sendo até necessário limitar as inscrições para que continue sustentável.

Confesso que receei que o patamar atingido, não o fosse por muito tempo e se viesse a desmoronar essa grande conquista. Felizmente, enganei-me e vejo, com grande satisfação que o Grande Prémio Fim da Europa, está seguro, bem cuidado e é altamente recomendado.

De facto, para além do imprescindível aval do Presidente da Edilidade (Prof. Fernando Seara) eminente figura do Desporto nacional, é preciso a sensibilidade de um Vereador de grande dinamismo(Dr.Marco Almeida) atento àquilo que pode ser uma imagem de marca de um município como Sintra ; a visão de um chefe de Divisão de Desporto (Dr.Pedro Alves) que conhece bem o que é estar no meio do pelotão, pois também ele é corredor, assessorado pela “velha raposa” do Atletismo no Concelho (Prof.José Costa) à frente de um grupo de trabalho constituído pelo pessoal da Divisão e por um staff enorme de voluntários mobilizados junto das escolas. Para toda esta gente vão os merecidíssimos Parabéns, pois a Prova mereceu nota máxima.

Se a Serra de Sintra tem sido descrita como local paradisíaco: “A Glorious Éden” no dizer do Lord Byron, o ilustre poeta inglês que por cá andou no início do Sec.XIX, que melhor cenário para se disputar uma Prova que permita a todos conhecer-lhe as entranhas e sentir as suas fragrâncias, confirmando com os seus próprios sentidos o que disse tão ilustre inglês ?

Diga-se, porém, em abono da verdade que aquela estrada perdeu grande parte do encanto de outrora quando, recentemente, lhe abriram enormes clareiras que resultaram do abate de árvores seculares que, segundo dizem, se encontravam “doentes”. Mas muitas delas, dizem outros, não tinham qualquer sinal de moléstia. Foram cortadas “porque sim”.

Feito este parênteses para abanar as consciências dos mandantes – mas mesmo com esse abanão ninguém nos tira mais duzentos anos de espera, para que a natureza reponha o que discutíveis decisões humanas determinaram – voltemos à Corrida.

Se eu tivesse que enumerar alguns dos factores que considero mais significativos na avaliação da Prova, destacaria os seguintes :

• Inscrições fáceis e a preço acessível;
• Entrega atempada de dorsais (não esquecendo a particularidade de permitir o levantamento na hora, àqueles que vinham de longe);
• Colocação de sanitários na zona da meta ;
• Tapete da partida activado (o que permite a determinação do tempo de chip);
• Km marcados e bem visíveis;
• Abastecimentos (água) bem colocados e em quantidade suficiente;
• Trânsito totalmente cortado;
• Bom ambiente à chegada, com entrega da medalha, saco com lanche e chá;
• Serviço de devolução das mochilas eficiente e seguro;
• Serviço da massagem (para quem quis);
• Rápida entrega dos prémios;
• Regresso a Sintra nos autocarros, logo que o espaçamento entre os atletas ainda em prova, o permitiu;
• Disponibilização rápida dos resultados.

Notei apenas a falta de cronómetro gigante na Meta (mas isso foi porque não levei relógio).

Em jeito de conclusão, faço votos para que a Câmara Municipal de Sintra continue a fazer desta Prova, um excelente cartão de visita, chamando à moura Sintra, toda a gente que gosta de correr e que, em caso de dúvida, acabará por render-se aos encantos (que ficam guardados na memória) deste Grande Prémio Fim da Europa. Que venha a 23ª Edição.

5 comentários:

Unknown disse...

Excelente Fernando!
Que pena que nem todos os "edís" sejam da opinião dos que citou (e que bem conhecemos).
Parece que a muitos lhes custa dar o braço a torcer e reconhecer que o atletismo amador está cada vez mais profissional - em termos de organizações - e que é um grande contribuidor para o desenvolvimento das regiões.
Ontem Viana provou-o uma vez mais: hotéis, restaurantes e pastelarias... tudo com um movimento vivo e muitas promessas de "cá voltar".
Um abraço, Fernando!

Unknown disse...

Parabéns Fernando

joaquim adelino disse...

Nada poupadinho em palavras, e que sábias elas são, na 1ª pessoa nada soube, mas justifica-se esse pormenor quando estamos perante uma prova exemplarmente bem organizada e com total segurança para todos os que por ali passaram.
Desta vez tive o meu lanche quando cheguei, nas condições anteriores isso nunca aconteceria, evoluímos à "força" para desgosto de alguns.
Abraço.

JoaoLima disse...

Excelente crónica, amigo Fernando!

Alexandre Duarte disse...

Parabéns Fernando, pela descrição desta tua participação. Gostei de te encontrar em Sintra, a meio do meu 'treino'. Até à próxima.
Abraço