"Habemos Mota"
A requerimento da Associação de Atletismo de Lisboa, foram suspensos os trabalhos por um período de 30 minutos, a fim das Associações Distritais e Regionais e Associados Extraordinários (AAAC, ANAV, ANJA e APOPA) submeterem à mesa, uma proposta conjunta, que veio a ser aprovada por unanimidade e aclamação e que reza o seguinte:
PROPOSTA
1. O Prof. Fernando Mota, na sequência de um erro cometido, aquando da inscrição de atletas para os recentes Campeonatos Europeus de Pista Coberta, entendeu renunciar ao cargo para que foi eleito em 25 de Abril de 2009.
2. Não pretendemos questionar a decisão do Presidente, decorrente do seu foro íntimo, nem valorá-la em função da gravidade do erro, o que, em duas décadas, jamais ocorrera.
3. A nossa função é organizar, promover, dirigir e estimular a prática do atletismo, em articulação com a FPA.
4. Nesse sentido, estamos todos cientes do trabalho desenvolvido pela FPA desde que o Prof. Fernando Mota é Presidente, trabalho que coloca a nossa Federação, dizemo-lo com orgulho, no topo das que mais têm prestigiado o País.
5. Trata-se de um trabalho duro e apaixonante, incompreendido por vezes, para o qual todos os agentes –Atletas, Técnicos, Clubes, Associações e Federação têm contribuído, adentro de uma relação de coordenação que nos apraz registar.
6. Considerando que :
a) Estamos a cerca de 15 meses dos Jogos Olímpicos de Londres, para os quais se estabeleceu um programa quadrienal de preparação;
b) Uma orientação, eventualmente diferente, poderá por em causa todo o trabalho em curso e que tem sido relevante;
c) Levam tempo a adaptação e ajustamentos a outros métodos de trabalho;
d) O património de conhecimentos que o Prof. Fernando Mota adquiriu ao longo de duas décadas, junto do Governo, Autarquias e outras Instituições Públicas e o prestígio então granjeado, têm aberto portas em momentos delicados e difíceis;
e) Sopesando as vantagens e desvantagens de uma alteração brusca no comando da FPA, particularmente nesta conjuntura de crise que atravessamos, pode não ser recomendável para uma situação de estabilidade que vem fluindo normalmente já que todos sabemos “quem é quem”.
Assim, as Associações Distritais e Regionais, bem como os Associados Extraordinários AAAC, ANAV, ANJA e APOPA, abaixo assinados, por intermédio dos seus legítimos representantes, propõem que o Prof. Fernando Mota, independentemente dos efeitos que o acto de renúncia suscita, nos termos estatutários, CONTINUE como Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, cumprindo, assim os termos de mandato para que foi eleito.
(seguem as assinaturas)
_________
Recomeçados os trabalhos, foi ouvido o Prof Fernando Mota, que justificou a sua atitude, reafirmando as suas declarações públicas. Sublinhou no entanto, que a tomada de posição da Associação de Atletas de Alta Competição na passada quarta Feira em Conferência de Imprensa, em que também esteve presente Sara Moreira, em que lhe foi solicitado para continuar no comando da FPA, o fez repensar o seu acto, não por apego ao lugar, mas porque poderia criar uma situação pouco conveniente. Mostrou-se, igualmente, sensibilizado pela solidariedade demonstrada na proposta das Associações, acabada de aprovar por unanimidade e aclamação, pelo não via forma de recusar o apelo que era feito, pelo que, a convite do Presidente da Mesa, Dr. Vítor Manjerão, declarou de viva voz e a que se seguiu um forte aplauso :
- “ RENUNCIO À RENÚNCIA”.
5 comentários:
As coisas quando são tratadas assim com o respeito e o melindre da questão em apreço merece um aplauso por se concluir este processo. O meu aplauso também à Sara Moreira pela compreensão demonstrada, abrindo o caminho apesar dos seus prejuizos, para a resolução com um final feliz.
Estamos perante um caso concluído e brilhantemente resolvido.
O prejuízo eventual da Sara foi menor, porventura, do que seria a saída definitiva do professor.
Pessoalmente apreciei a forma como tudo foi tratado, desde o assumir o erro que alguém cometeu, até à tomada de decisão, em Assembleia Geral!
Agora, olhe-se para a frente!
Vão desculpar mas não percebo nada da FPA.
Deve ser uma falha grave da minha parte mas nunca liguei muito a essas coisas talvez porque “eles” também nunca ligaram muito aos “coxos”!
Só gostava era de saber porque é que um jovem de 16 anos na Alemanha pode correr uma meia maratona e aqui apenas 5 quilómetros (ver editorial do último número da Spiridon).
Devemos estar mais avançados que os médicos, os fisiologistas e os treinadores Alemães!
Vão perguntar-me o que isto tem a ver com o tema aqui tratado. Talvez não tenha nada a ver ou tenha tudo!
No dia 7 de Março eu escrevi o seguinte comentário a propósito da demissão:
"A razão próxima para a demissão tendo alguma lógica parece-me algo "forçada". À distância de quem não sabe rigorosamente nada dos meandros do poder na FPA, a sensação que fica é a de que Fernando Mota terá aproveitado esta oportunidade para sair."
Afinal o Presidente não aproveitou esta oportunidade para sair, mas sim para reforçar o seu peso interno, o que não é muito diferente.
Ao contrário do que alguns disseram, acho que este é um caso que termina de uma forma pouco dignificante para o atletismo e que nada de positivo trouxe à modalidade.
Quem vê de fora, como é o meu caso, fica com a ideia de que o actual presidente é uma espécie de "homem providencial" relativamente a quem não é possível encontrar substitutos. Ora, eu que não acredito em homens providenciais (muito menos de homens eternos) e não costumo gostar dos que se arrogam a tal, não apreciei o processo.
abraço
MPaiva
Ora muito bem.
À satisfação partilhada pelo Joaquim Adelino e pelo Carlos Castro, quanto ao desfecho do caso, segue-se a dúvida do Jorge Branco e a discordância do Paiva.
Pareceu-me que o Jorge Branco ficou com algumas reservas, dado que a FPA não permite a participação de jovens em distâncias acima de 5 Km. Este é um velho assunto em que eu próprio já tive acesos debates com o Prof. que me parece mal aconselhado na matéria. Mas isso está a ser revisto no novo regulamento da CNEC.
Caro Miguel, compreendo que possas pensar de forma diferente, mas a verdade é que a unanimidade das associações na decisão da sua continuidade, não pode passar em claro. É óbvio que ele não seria insubstituível, mas a um ano e meio dos JO seria arriscado qualquer mudança. O facto de ter colocado o seu lugar à disposição em consequência de um erro grave, foi uma atitude digna e séria e não encenada como poderia pensar-se. Mas se foi a própria Sara Moreira, a vítima do erro, que lhe pediu para continuar, ficou, de certa forma, esvaziado o motivo que o levou à demissão. Se esta demissão se tivesse concretizado, entraríamos num período de apresentação de listas e apresentação de nocas políticas, que em nada contribuiriam para os trabalhos em curso visando os JO.
Mas acho salutar que se perfilem novas figuras que possam constituir alternativa ao actual Presidente. Aliás, é por falta disso que ele lá está há tanto tempo.
Abraço a todos.
Enviar um comentário