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sábado, 7 de dezembro de 2013

"As Árvores Morrem de Pé"





Distante e perdida na serra, juntamente com meia dúzia de irmãs, fomos encontrá-la assim, ao caír de um dia soalheiro de Dezembro. Estava velha e seca.  Mas continuava ali, no sítio que sempre foi o dela, à espera que alguém se acercasse. Acercámo-nos, guiados por um amigo que a conhecia bem, e contemplámo-la e ouvimos o que ela nos disse, sem serem precisos sons, sem serem precisos outros sinais para além daquela aura que nos transporta no tempo.  Falava das mágoas de quem foi abandonada, depois de ter sido, anos a fio, fonte de rendimento e símbolo de vitalidade e de respeito.  
Fazia muitos anos que as mãos que cuidavam dela deixaram de o poder fazer e a diáspora da prole, em busca de uma vida mais próspera (?), ditou o abandono  daquele hectare de barranco. Mas não o seu esquecimento.

Sem folhas, sem cortiça… sem vida, a sua silhueta, embora triste, continua a romper o céu da Serra do Caldeirão. De pé. A velha árvore permanece de pé.

Isto, no dia em que Mandela nos deixou.

4 comentários:

Jorge Branco disse...

Não tenho palavras para comentar...Quando o textos me tocam tanto fico assim... Um abraço MESTRE Fernando Andrade.

Anónimo disse...

As grandes árvores morrem sempre de pé!..

E aquela “árvore” morreu fisicamente, mas poderá permanecer entre nós se soubermos e não nos esquecermos dos frutos que ela(e) nos deixou…

Orlando Duarte

Horticasa disse...

Assim as árvores nos deixam ficando sempre connosco.
beijinho

JH disse...

Fernando,

Grande texto e este em particular toca-me bastante.

Abraço
Joao