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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

20ª Meia Maratona Cidade de Ovar


Ao Km 8 (foto de J. Margarido)... só aí soube que ia com camisola ao contrário

Se há provas que me merecem um carinho muito especial, a Meia Maratona de Ovar está entre as primeiras.

Mas desta vez tudo se parecia conjugar para que não pudesse lá estar, tanto que nem tinha feito a inscrição. Porém, no sábado à noite, ligo para o meu amigo Carlos Neto para lhe perguntar se o desafio que ele me tinha feito há uns dias atrás e que eu tinha recusado, se mantinha de pé. Disse-me que sim ...

...e deixo-vos com isto:

Andava lixado
Com os nervos ao rubro
Por não ter feriado
No cinco de Outubro.

P’ra mais ajudar
E fazer mesmo “bingo”
A Meia de Ovar
Era neste Domingo.

Deixou de se ouvir,
Deixou de falar
Por não poder ir
À Meia de Ovar.

A noite caía
E antes de deitar
A ideia batia:
-“Eu quero ir a Ovar!”

Quando se lembrou
Que há dias, um amigo
Até o convidou
P’ra lá ir consigo.

Pega o té-lé-lé
Contacta com ele
Pergunta.-“como é,
Meu caro Bekele?”

-Achas que vai dar
P’r’amanhã, cedinho
Irmos p’ra Ovar
Mas... no teu carrinho?

-Oh meu companheiro
A quem chamo “inimigo”,
Deixa ver primeiro,
Depois já te digo!

Toca o té-lé-lé
Vem a confirmação:
-Tudo está de pé
Sá falta a inscrição!

-Isso, estou convencido
(Que embora em falta)
Eu ligo ao Margarido
E há dorsais p’rà malta.

Te-lé-lé e ligo
E do lado de lá:
-“Meu querido amigo
Que bom virem cá!”

-Em compensação
(Há sempre um porém)
P’ra desilusão,
A Maria não vem!”

- Que pena – disse eu –
Sei que ela gostava;
Pelo que escreveu
Até se pintava.

Obrigado Amigo,
Amanhã, então,
É p'raí que sigo
desde S. João.

Ficou a cismar
E dali não saía
Pois se ele ia a Ovar
Porque não a Maria?

E foi-lhe ligar
Dizendo que ia
E, havendo lugar ,
Se ela não queria !?

Assim, de repente
Renasce-lhe a esperança
E fica contente
Com aquela lembrança.

E não querendo abusar
Da gentil partilha
Falou de lugar
P’ro pai e pra filha.

Disse o nosso amigo
Rápido e expedito
-Pró pai e prá filha
E p'ró piriquito.

Acerta-se a hora
E onde passar...
Pouco após à aurora
Chegava-se a Ovar.

E mesmo no centro
Juntinho à partida
O estacionamento
Facilita a vida.

No café da esquina
Não falta lugar
Oito da matina
Está deserto Ovar.

Depois do café
Um curto passeio
Circulando a pé
No jardim do meio.

_________
Apelo a qualquer musa minha amiga
Que me livre da segue-a-regra rude
Pois eu já não sei mais o que vos diga
Que em versos tão pequenos algo ajude
Mas para que o relato aqui prossiga
Obrigo-me a mudar minha atitude
Pois sempre há qualquer coisa p’ra contar
Quando se corre a Meia em Ovar.
_________


Continuando, pois:

O encontro com amigos que ainda não tinha tido o prazer de ter cumprimentado pessoalmente: Luis Mota (e sua família de "tomaracorrida") e José Capela (das "pernasparaquetequero"); o feliz reencontro com o "Vareiro-Mor" Margarido, com o Jorge Teixeira e o Pinto, o Orlando Duarte, a Leonor, o Severino e a esposa,etc.

Apesar de estar no local duas horas antes, acabo por pôr o dorsal à pressa e vou posicionar-me no fim da fila um ou dois minutos antes do tiro da partida.

Tudo o que disser sobre a corrida, soará a repetido, quer por mim (em relatos anteriores) quer por comentadores que me antecederam.

Ovar tem uma ambiência propícia a que se goste de lá estar e, para quem está a fazer aquilo que gosta – correr – sente um duplo prazer em participar nesta Meia Maratona. Achamos que correu bem, quando fazemos 1,40; achamos que correu bem, quando fazemos 2 horas. Corre bem porque somos nós que corremos bem. Quilómetro, após quilómetro, vamos “medindo” o nosso desempenho e o nosso equilíbrio e vamos “bebendo” aquele enorme prazer ao longo dos 21 km.
É, sem sombra de dúvida, uma das melhores Meias Maratonas do País, estatuto conseguido graças a uma Organização cuidada que, se efectuou um trabalho imaculado no terreno, revelou algumas fragilidades nos aspectos técnicos. E custa-me dizê-lo, mas gostaria que tomassem a minha franqueza como um forte sinal de amizade. Devo referir que, para as minhas “exigências pessoais” não haveria lugar a qualquer reparo, mas como a avaliação deverá ser feita a outro nível, as “exigências” serão outras.

Então aí vai:
Em termos de Regulamento, de facto, é muito discutível a legitimidade da cláusula que só permite a participação de estrangeiros, por convite. Percebe-se o desejo de protecção dos atletas portugueses, mas não me parece que esta seja a melhor forma. Seria preferível uma grelha de prémios para os melhores portugueses, equiparados aos da classificação geral. E se se perguntar quantos foram os atletas estrangeiros convidados ficar-se-á com a confirmação de que os “convites” foram apenas uma espécie eufemismo para a exclusão de quem não tinha sangue luso.

Outro aspecto que vai merecendo reparo é a não utilização do chip para o processamento das classificações. Poderá esta questão prender-se com aspectos económicos, mas uma prova com mais de 1700 atletas à chegada teria outro “conforto” se os utilizasse, pois não precisaria de recolher os dorsais e não correria o risco de trocar os espetos onde eles iam sendo colocados, fazendo por isso alterar a correspondência entre a fita dos tempos e a ordem de chegada.

Tirando estes dois aspectos, que aponto, como disse, por amizade sincera, tudo o resto mereceu nota máxima.

Quem haveria de dizer que eu, (que sou do tempo em que deixava a máquina de escrever junto à meta, preparadinha com uma folha de stencil para o duplicador e, só quando chegava, depois de correr a Meia Maratona é que me ia pôr a fazer as classificações e ia ainda fazer a entrega dos prémios...) vinha pôr-me para aqui a dar palpites a uma Organização cheia de mérito e competência como a de Ovar!?!?

Esta Festa de Ovar foi concluída com um excelente almoço no Bosque, rodeado de amigos e de estórias que, não fosse a longa viagem de regresso, se prolongaria pela tarde e noite fora.

Não posso terminar sem deixar aqui o meu abraço de Parabéns ao AFIS pelo êxito desta 20ª Edição e para o seu excelente trabalho na mobilização de um número crescente de pessoas que vai aderindo ao “movimento”.

6 comentários:

António Almeida disse...

Carissímo

um excelente post, como sempre.
Nunca corri a "meia" de Ovar mas já está decidido que para ao ano lá estarei (com o feriado à segunda-feira conjugam-se as coisas e temos um fim-de-semana à maneira).
Continuação de bons treinos e até ao Porto.
Abraço,
António Almeida

luis mota disse...

Olá Fernando!
Estiveram reunidas em Ovar todas as condições para um bom dia de corrida (apesar de todos serem bons dias!). O tempo, a paisagem, as pessoas, os amigos, a família a motivar...
Foi um belo domingo este em Ovar. Certamente lá estarei no próximo ano. Agora segue-se a Meia da Moita, Tejo e depois o Porto.

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Camisola ao contrário... pois, eu bem me pareceu que o Fernando estava com um equipamento um bocado "esquisito", muito justinho e chegado ao pescoço, mas ainda pensei que fosse alguma peça especial do Triatlo ou coisa assim...

Ana Pereira

MPaiva disse...

Confesso que fiquei "surpreendido" pela forma como foi feito o controlo de tempos. Apesar do sistema aparentemente menos rigoroso, a verdade é que o tempo que me atribuiram foi exactamente aquele que o meu cronómetro assinalou!

Que política em Campolide disse...

Para estares às 8h00 em Ovar, certamente saíste de São João antes da 5h00. Ainda estavas a dormir quando envergaste a camisola.

Quanto ao regulamento, não posso deixar de, também, lamentar tal Artigo. Resta-me repetir a minha opinião emitida em 2006 aquando da minha primeira participação:

“Por uma questão de princípio sou contra a discriminação; Racial, religiosa, política ou xenófoba.

Não nos podemos esquecer que, há não muitos anos atrás, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Rosa Mota, Aurora Cunha, eram potenciais vencedores das provas e dos muitos prémios monetários e até carros que estavam em disputa nessas provas por esse mundo fora e, que me conste, nunca foram proibidos de participar em nenhuma prova.

Porquê só a convite da organização? Será para proteger os atletas nacionais? Então faça-se uma grelha de prémios à parte! Porque obstando a participação aos atletas estrangeiros de qualidade, estão, simultaneamente, a obstar a qualidade e os excelentes tempos alcançados por esses atletas. É minha opinião, que um atleta que faz: 1.01h ou 1.02h à meia maratona deve ser compensado pelo brilho que dispensou ao evento desportivo, seja ele português, espanhol, etíope ou queniano!

Um grande Abraço.

Orlando Duarte

Fernando Andrade. disse...

Obrigado a todos: António Almeida, Luis Mota, Maria, Paiva e Orlando.
Ainda bem que estamos de acordo:
OVAR TEM UMA EXCELENTE ORGANIZAÇÃO e não precisava nada de recorrer a atitudes que, por muito que nos custe, temos de considerar xenófobas e amesquinhadas, para um favorecimento discutível dos atletas nacionais. Como diz o Orlando, uma boa marca prestigia o atletismo, ainda que os atletas nacionais não tenham "pernas" para a conseguir. Estar a limitar a participação é criar "tectos" à sua própria existência. Mesmo que não concordemos com a globalização ela está aí. Cada vez mais, todos somos "cidadãos do mundo" independentemente do lugar onde estejamos. Eu não gostava de -por hipótese- chegar a Nairoby e me dissessem :"-~se não és queniano e não foste convidado, não podes correr!"
Deixo aqui o apelo à boa gente vareira : - Não acham que o "orgulhosamente sós" é coisa de um passado de que não nos orgulhamos!?
Grande abraço.
Fernando Andrade