O mar é lixado. Por vezes encanta-nos com a sua imensidão, permite-nos estender o olhar até ao horizonte,
espairecer as ideias, retemperar os ânimos, criar empatia com a mãe natureza,
fazendo-nos sentir uma pequena partícula do planeta e do universo.
Outras vezes, quando enfurece, torna-se medonho, assenhoreia-se
do espaço, ceifa vidas, transpõe a costa, varre tudo o que encontra.
Quem se sentia encantado por estar perto dele, sente-se
aliviado se estiver longe.
Em pouco tempo, por duas vezes, o mar enfureceu-se e galgou
a costa. E fez das suas, como que a dizer que todos aqueles que têm ganho a
vida à sua custa, também poderão perder o que ganharam quando ele bem entender.
Incerta é a relação que se pode ter com ele.
Vi na televisão, há momentos, que na Praia do Furadouro, em
Ovar, enormes blocos de cimento que delimitavam a praia, foram arrastados a
200m, pelas ondas que inundaram as ruas da povoação. Que força é esta, amigo?
Imagino-me a correr a Meia Maratona de Ovar e, ao passar
pelo Furadouro, ser “contemplado” por uma onda destas, que arrastaria todo o
pelotão sabe-se lá para onde e com que consequências!
Quando lhe salta a tampa, ele, o mar, faz o que lhe dá na
real gana e sem olhar a quem, mostra o seu poder imenso e lembra-nos que somos
pequeninos sempre e não só quando nos sentimos
a tal partícula do universo ao abeirarmo-nos da sua imensidão durante a calmaria, expiando os nossos males e revigorando o nosso espírito.
Um abraço solidário a toda aquela forte gente vareira que
vai ter muito trabalho para repor a situação.
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