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domingo, 8 de agosto de 2010

2º TNLO

Na partida ao lado do José Xavier que, finalmente tive o prazer de conhecer pessoalmente
A chegada

(Fotos de Amélia e Xavier)

Acho que, desta vez, cumpri a sequência mais doida da minha vida no espaço de uma semana : UMA, no dia 1 e o TNLO no dia 7, qual delas a mais difícil e desgastante !?
Arranquei para Óbidos, logo a seguir ao almoço, para desfrutar durante algum tempo, do ambiente desta vila-museu, que nos transporta para a idade média e nos faz pensar quão importante é a preservação destas relíquias para a compreensão da nossa História e também para estar com a malta amiga.
Estava calor. Estacionei num terreiro não sujeito a taxa de estacionamento, mas sem sombra. Porém, a geleira que tinha levado, manteve as águas e as bebidas energéticas fresquinhas, como convinha.
A partida simbólica foi dada do Jogo da Bola, bem lá no alto do Castelo, onde haveríamos de chegar no fim da Prova. Em passo lento, percorremos a vila de Norte para Sul, num pelotão que ocupava toda a Rua Direita, ante o olhar surpreso de um grande número de turistas que por ali estavam, que incentivavam e fotografavam os atletas. À saída da muralha era, então, dada a partida oficial. Uns iriam fazer 22km, outros 42km.
“Correr ao lusco-fusco” foi o slogan utilizado na promoção desta 2ª Edição do Trail Nocturno Lagoa de Óbidos. Foi uma mudança feliz, esta antecipação do horário da partida que, como é sabido, no ano passado, foi feita às 23h e que levaria a que a prova terminasse madrugada dentro. Assim, terminaria ainda a horas decentes.
Começámos com sol e só liguei o frontal quando estavam decorridos cerca de 14 km, não porque não visse o caminho, mas porque tinha dificuldade em ver as marcações e, as anunciadas marcas reflectoras só funcionariam se, obviamente, levasse a luz acesa. Aos 9km, o 1º abastecimento, só com água. Enchi a garrafinha de meio litro, que levei sempre na mão, para ir bebendo ao longo da prova e reenchendo nos postos de abastecimento. Não levei mochila e acho que fiz bem.
Curiosa a solução para se atravessar o braço da Lagoa logo ali ao lado do 1º abastecimento: uma ponte feita com cordas e paletes(!) engenhosa solução, pois se tivéssemos de atravessar pela água, com o anoitecer, a roupa teria dificuldade em secar, o que nos obrigaria a ficar desconfortáveis durante várias horas (Engº Serrazina, obrigado).
Por volta dos 11km, o pessoal da Prova curta toma outra direcção e, a partir daí, eram grandes os espaços que se formavam entre os corredores, tendo a sensação que corria sozinho.
À chegada à praia, novo abastecimento (cerca de 20km) e aqui começa um troço de areia bastante difícil, se bem que aliviado por uma passadeira de madeira. Aqui encontro o Vitor Veloso (que ia com um companheiro do Milenium) e vi logo que algo se tinha passado com ele, pois ele anda muito mais que eu. Tinha tido uma dor numa perna e teve de abrandar. Subimos a duna e mantivemo-nos juntos até ao abastecimento dos 24,5km. Este abastecimento estava espectacular. Tinha tudo o que era preciso e, não apetecia mesmo sair dali. O carro que ali estava tinha o rádio ligado e estava d dar o relato do Benfica-Porto na final da Super Taça. O Benfica perdia por 2-0. O Vitor ficou logo “estragado”. Juntámo-nos aí uma série de corredores.Lembro-me do Vitor, o tal do Milénium, o Nuno Alexandre, o Tiago Dionísio, o Pedro Amorim e outros que não conhecia. Mas tivemos de prosseguir.
Ganhei algum alento e fui para a frente tendo-me juntado a um companheiro com uma t-shirt laranja, da Meia Maratona do Porto, com quem fiz vários km, tendo todos os outros ficado para trás. Havia por ali umas descidas escorregadias e perigosas. Consegui passar sem cair, mas quando olho para trás, lá vinha o outro a rolar por ali abaixo. Verificados os cotovelos, estava tudo bem e prosseguimos. Aproximamo-nos de outro grupo, mas como havia uma subida íngreme, fui mais lento e acabei por ficar sozinho.
Abastecimento dos 35km. Encho a garrafa e lá vou, procurando manter o ânimo que, por esta altura, é difícil de manter. Agora o piso era plano e de boa qualidade, mas as pernas é que já estavam a pedir descanso. Ia vendo, mentalmente, a distância que já tinha feito: -“Ora…faltavam 7, já devo ter feito 3, passam a faltar 4; agora já devem faltar 2; é só subir esta rampa e depois descê-la e devo estar na base do castelo.” Atrás de mim, não via ninguém e à frente, iam dois corredores a passo e eu, claro, pus-me também a andar. Mas eles andavam muito mais rápido que eu e ganharam vantagem. Vem depois a descida. Uma longa descida com curvas para a direita e para a esquerda e, quando chega ao fim é que aparece a placa dos 40km(!) . Desmoralizei um bocadinho, pois pensava que só faltava subir a muralha (que era o flagelo que me atormentava desde o início, sabendo que tinha de reservar forças para o fazer). Mas tinha de “gramar a pastilha” e correr mais 1,5km antes disso. Vinha um atleta em sentido contrário (que já tinha feito a prova) ao encontro de alguém conhecido e a fazer-me “inveja”, pois como é que era possível ter força para isso?
Entramos em estrada alcatroada. A subir! Passa o Tiago Dionísio com outro companheiro, cheios de genica e eu sem reacção. Pus-me a passo. Subitamente, sinto uma força que me empurrava e eu, aproveitei até ao cimo da rampa. Era o Pedro Amorim, um autêntico tractor que me ajudou a superar este obstáculo. Obrigado Pedro. Estávamos agora próximo da base do Castelo. O Pedro queria esperar por mim para repetirmos a chegada conjunta em Tróia, mas eu disse-lhe para não esperar, pois eu não tinha pernas para o acompanhar. E foi. Lá subi tudo aquilo a passo, mas os últimos 30m esses não podiam ser a passo, pois aí já havia público que, pacientemente ia aguardando a chegada a conta-gotas de toda aquela gente que, umas horas antes, tinha partido em pelotão compacto. Aplausos. A festa da gente amiga. As fotos a registarem o momento. Um momento que enche o peito e se pode, mais tarde, recordar. Obrigado a todos os que ali estiveram.
4.48, mais coisa menos coisa, foi o meu registo. Nada mau.
Depois havia uma mesa recheada com coisas apetecíveis e fiquei por ali à espera que o estômago me permitisse tirar partido da oferta que a organização generosamente nos fazia. A roupa estava molhada e começo a sentir frio. Era hora de descer e ir até ao carro e ficar à espera do TNLO 2011.
Parabéns ao Centro de Atletismo de Óbidos pela excelente organização.

9 comentários:

Luis Parro disse...

Caro Fernando, mais um Grande Objectivo conseguido.
Faz-me lembrar o Karnazes....!!!!
Eu não fui , tenho estado a recuperar de UMA esfrega que levei, já nem me lembro onde!
A minha próxima é São João das Rampas e já temos marcado o jantar no frango assado logo aí á saída das Lampas.
Até lá

E disse...

parabéns por mais esta conquista, fernando!

vocês aí em portugal têm umas provas bem osso duro de roer, hein?! ;)
pois então, uma maratona à noite, e ainda mais por terreno misto... e depois de mais UMA ;)
mas o melhor desses grandes desafios, é o sabor da conquista que nos deixam!

parabéns!

Jorge Branco disse...

O tractor das Areias de Melides ataca novamente e desta vez em terreno bem diferente! Estamos na presença de um verdadeiro 4X4
Só estranhei não ter havido a já habitual descarga orgânica sólida (nunca se sabe se haveria por ali algumas vespas dotadas de visão nocturna)!
PARABÉNS.

Vitor disse...

Amigo Fernando,
Sempre um prazer estar perto de si, gratificante.
Só "doidos" que se aventuram em uma semana participar netas duas duras provas, o Fernando esta de parabéns.
E verdade ai aos 18,5km as mazelas deixadas pela ultra estavam a manifestar-se, depois foi um dosear de esforço para chegar ate Óbidos, obrigado pelo elogio deixado.
Boa recuperação
Forte abraço

Ricardo Baptista disse...

Amigo Fernando,
Não digo que seja para doidos, mas é garantidamente para duros...
UMA semana depois TNLO. É duro.
Boas corridas.

ana paula pinto disse...

Um "Cidadão de Corrida" à maneira:-))

beijinhos e até à próxima.

MPaiva disse...

Fernando,

Muitos parabéns por mais uma prova de elevado grau de dificuldade superada!

abraço
MPaiva

Fernando Andrade. disse...

Olá, Luis.
A esfrega da UMA foi idêntica à minha, mas com calma, lá se fez o TNLO, que é um desafio aliciante, de características completamente diferentes, mas que apelam por nós.
Estou certo que iria gostar.

É verdade, Elis
o "osso foi duro de roer", mas quanto mais difícil o desafio mais saboroso é terminá-lo.

Qual tractor, Jorge? Por acaso houve um "tractor" que me rebocou literalmente no "último Km" (lá está )que foi o Pedro Amorim. E estou contente por não ter tido de me expôr aos "apetites" das abelhas,eheheh.

Grande Vitor
é verdade que, sem querer, acabei por ganhar alguma vantagem do grupo em que seguíamos aos 25km. O da frente disse-me para passar e, como era a descer, embalei. Depois apanhei o rapaz da sportzone e fui com ele alguns km e alcançámos o grupo da frente. Vêm depois aqueles descidas malucas e era só malta a rolar e escorregar por ali abaixo. Escapei, vá lá...
Mas os últimos 4 ou 5 km foram em perda. Acabei apenas uns segundos antes de ti.
Mas foi muito bom. Como no anúncio:"-manda vir mais!".

Caro Ricardo, esta é uma prova que, para ti era canja. O que é isto para quem se atreve e completa com êxito os 100Km?!

Olá Paula
Este é uma prova que deixa marcas. Sei que gostou e para o ano, lá nos encontraremos.

Grande Miguel
No fundo, no fundo, tratou-se de uma maratona em piso diversificado em que a únjica coisa que eu tinha a recear era o curto intervalo que a separou da UMA. Mas, sem grandes entusiasmos, lá consegui atingir os objectivos.

A todos agradeço a visita e as palavras amáveis e aqui vai um grande abraço.
FA

tutta disse...

Como sempre, um belo relato de uma belíssima participação.
Parabéns grande amigo.
Que venham outras.
Abraço..


tutta
www.correndocorridas.blogspot.com