Era o seu dia de anos, quando ela o encontrou na berma da
estrada, assustado e vagueando sem norte, junto à escola. Observou-o por algum
tempo e, vendo-o perdido e correndo o risco de ser atropelado, aproximou-se e fê-lo
entrar no carro e trouxe-o para casa. Era meigo, de pelo negro e comprido… e
sujo.
Aceitou tomar banho e ficou ali, pronto para a fotografia
que haveria de ser exposta nas redondezas, à procura dos donos.
Passaram, porém, os dias e ninguém respondia ao apelo. Nem se
queria já que respondessem, pois a doçura daquele olhar cúmplice era cativante pelo
que a ideia de o perder, começaria a pesar. Foi ficando e ficou. Como sendo um
de lá de casa a quem foi, até, dado o nome de gente : “Raúl”.
De hábitos certinhos, brincalhão, era aquele amigo que vinha
sempre receber à porta, com a cauda a abanar de contentamento.
Foi assim durante oito anos, se bem que nos últimos tempos,
a perda progressiva da visão e da audição, lhe tenham condicionado muito a
qualidade de vida.
Na 6ª Feira passada, após uma debilidade surgida
repentinamente, chegou a sua hora. Um momento triste mas que deixa a alma cheia
de boas recordações de um incondicional amigo.
8 comentários:
É assim Fernando, ligamo-nos aos animais e quando eles partem é doloroso. O meu já vai com 15 anos, e não imaginamos que brevemente ele vai partir....é a vida!! Mas tal como é costume dizer.....quando começamos a conhecer os homens...gostamos muito é dos animais....e eu concordo com isso. Abraços...e força....dos Xavieres
Muito obrigado, Xavier.
O problema é que continuamos a não conseguir ver o nascimento e a morte com a mesma naturalidade. Os seres aparecem no universo, deixam as suas marcas e virá, depois, o dia em que regressarão ao ponto de partida.
Grande abraço.
É tão duro ver partir um amigo de 4 patas... É sempre um pouco de nós que morre... Mas ficam as recordações...
Um grande abraço.
Muito obrigado, Jorge.
Podemos ir preenchendo o vazio, mas as recordações boas dos que mexem com as nossas vidas, continuarão em nós.
Grande abraço.
Os cães são seres fantásticos, que nos amam incondicionalmente.
Felizmente o Raul teve a sorte de quem o encontrasse e o tratasse com carinho e respeito.
Um beijinho.
Muito obrigado, Isa. Ter essa consciência, deixa-nos aliviados.
Beijinho
Custa, é muito duro, mas temos que ter a consciência que na nossa vida normal passarão várias gerações de amigos de 4 patas e o que conta é o termos proporcionado-lhes a melhor vida que esteja ao nosso alcance. E aí, ele partiu feliz.
Um grande abraço, amigo Fernando
Obrigado, João.
Sábias e confortantes palavras.
Grande abraço.
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