Apenas naquela semana ele experimentou dar umas voltinhas para desentorpecer as pernas, depois de mais de um mês sem as “mexer”. Por isso não fazia parte dos seus planos inscrever-se (ou pedir para que o inscrevessem) na grande Festa da Corrida, se bem que nunca se tivesse conformado com uma ausência que lhe ficaria a “martelar” na cabeça sabe-se lá por quanto tempo, pois de todas as edições realizadas, apenas tinha faltado a duas ou três.
Às sete da manhã, acordou com a algazarra que os vizinhos faziam, ao estarem de partida para a Mini. Deu mais duas voltas na cama a ver se o sono voltava, mas não. Era o dia da celebração da Corrida, afinal, uma espécie de clímax colectivo em que um País inteiro se punha a mexer atraído pelo deslumbramento de uma vista da Capital, só possível a partir da Ponte 25 de Abril. Era ponto de honra. Não. Não podia faltar, ou não fosse ele um adepto e admirador dos grandes eventos promotores da sua modalidade preferida.
Vestiu uma T-shirt e fato de treino, calçou uns ténis e, no bolso, levava escondidos uns calções, pois tinha dito lá em casa que não iria correr, ou se corresse, apenas o faria em algumas partes do percurso.
Às 8,30h estaria a partir da Torre de Belém o autocarro do pessoal da equipa, que ele pretendia surpreender. Podia ser que houvesse ali um dorsal para a mini…! Mas a essa hora andava ele, às voltas pelas imediações do Estádio do Restelo, à procura de uma nesga onde pudesse estacionar. Conseguiu, mas, certamente, teria de se conformar com a condição de espectador, pois dorsal…
Perto dos Jerónimos, estavam a sair autocarros, apinhados de corredores. Ele chegou-se e ficou por ali, até que uma avalanche de gente entrou no autocarro e ele, propositadamente, deixou-se “arrastar”. Sabia para onde ia, mas não por onde ia!
Campolide. Três autocarros articulados, “descarregavam”, às centenas, pessoas de todas as idades, que caminhavam na direcção da estação dos comboios. Lá vinha um! Já estava repleto, mas uma pressão de fora para dentro, “compactou o conteúdo” de tal forma que ninguém precisava segurar-se. Aliás, virar-se ou simplesmente mudar a posição dos pés, já era tarefa impossível. Consolava-o saber que a viagem seria curta e que, apesar de “prensados”, havia boa disposição entre os viajantes.
Pragal. Uma multidão deixava o comboio e caminhava para o “garrafão” da Ponte.
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