“É o País que temos!” Esta expressão, usada depressiativamente e tantas vezes ouvida, sempre me causou uma certa arrelia, por entender, na minha ingenuidade, que o País somos nós que o fazemos. Se é bom ou mau, temos a nossa quota-parte de responsabilidade nisso.
Pensava eu que o ser-se condecorado pelo mais alto magistrado da Nação era um sinal de mérito, de respeitabilidade, de reconhecimento de um País a quem, pelos seus feitos ou empreendimentos, se destaca da vulgaridade.
Se em muitos casos isto continua a ser verdade, neste enganei-me!
Digo isto, entristecido por ver que, um desses “condecorados”, que devia dar o exemplo de respeito pelas instituições e pelas leis deste País que o agraciou, da forma mais prepotente e arrogante que é possível imaginar, se coloca acima do poder das autoridades, achando que tudo pode. E a verdade é que aquilo a que assistimos, com as obras de ampliação da Galucho, em S. João das Lampas, só confirma esta “apagada e vil tristeza” que reina nesta terra onde nasci e sempre vivi
As instituições, que deveriam assegurar o princípio de igualdade de todos os cidadãos perante a Lei, vergam-se e humilham-se perante o “todo-poderoso”.
Em Fevereiro, disse que, se nada se fizesse perante a afronta urbanística que se estava a levar por diante, estava a admitir que um “intocável fora-da-lei” tinha mais poderes que a Câmara Municipal de Sintra.
Foi considerado que usei “termos desprimorosos”. A desobediência ao embargo era “correctíssima” e eu é que passei a ser o “malcriadão”!
Gostava de continuar a acreditar no meu País, apesar de ver que quem prevarica é “comendador” e quem vai “comendo a dor” somos nós, aqueles que têm os direitos consagrados no papel e que, tantas vezes, são invocados solenemente, em ocasiões especiais, por quem deve zelar por eles.
Mas na prática, temos de admitir que são as más práticas de alguns e a subserviência de outros, que “têm do confuso mundo o regimento”.
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