Foi uma expressão muito badalada nos tempos que se seguiram ao 25 de Abril :”O direito dos povos à autodeterminação e à independência”!
“Independência” ainda vá que não vá, agora “autodeterminação” era um palavrão que – lembro-me bem - tinha alguma dificuldade em “esmiuçar”, ou não fosse eu um “chavaleco” com 19 anos, que sempre tinha vivido no chamado “obscurantismo” do Estado Novo potenciado pela condição da ruralidade da aldeia onde ainda hoje vivo e gosto de viver.
Onde é que eu quero chegar com esta chamada de atenção? Não tem nada a ver com o que se passa no mundo árabe, em que os dinossauros do poder vão tremendo com a insatisfação popular a que temos vindo a assistir.
Tem a ver – pasmem-se, se quiserem - com a nossa querida Corrida !
Os tempos de crise vão criando dificuldades às organizações das Provas, pois a sensibilidade de quem gere os dinheiros públicos, pode não estar virada para o nosso Desporto. Estará virada para outras coisas que lhes dizem mais. Por isso, não espanta que algumas Provas já com um honroso historial, sejam canceladas, por falta de verbas. Porém, a questão das verbas não passa de uma parte do que é necessário para uma Prova. Apenas uma parte, porque a outra, a que é essencial, é que haja gente disposta a correr, sem querer nada em troca. Gente que preza a Corrida, o são convívio, a visita a este ou àquele lugar interessante. Gente que até paga para que, apenas, lhes possibilitem esses momentos de felicidade.
Temos visto o fenómeno crescente e promissor da adesão de corredores aos treinos nocturnos, na mata, na praia, com ou sem luar, que já chegou à centena de participantes, sem que fosse preciso qualquer organização. Basta um que dê o mote e aparecem todos os que podem e a grande verdade é que todos ficam com uma sensação agradável que nada fica a dever à que as provas nos deixam.
Quero com isto dizer que as organizações não são essenciais, embora o “glamour” que as Corridas possam ter, a elas se deva. Mas são os corredores que têm a última palavra e o poder para decidir a continuidade ou a extinção de uma Prova.
Por exemplo : na Póvoa de Varzim, a 21ª Edição da Meia Maratona do Cego do Maio, agendada para o dia 6 de Março de 2011, foi cancelada. Se os corredores quiserem, mobilizam-se, aparecem e ela faz-se! Por “autodeterminação” dos corredores.
4 comentários:
Absolutamente, amigo Fernando!
Haverá argumentos que possam confrontar os que aqui apresenta?...
O mote foi lançado por si, no "Crónicas" e este pode muito bem ter sido o "empurrão".
Louvor lhe seja dado, amigo!
Fernando,
Nessa eu já estou inscrito e acho que talvez consiga arrastar mais alguns!
abraço
MPaiva
Tem toda razão! Que seja um sucesso essa adesão.
Belo post
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