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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2ª S. Silvestre-Pirata

Li, há uns tempos, mas confesso que não sei onde, que numa tribo índia, se praticavam jogos no final dos quais ninguém saía vencedor nem ninguém saía vencido. Todos ficavam contentes com o resultado. Confesso que me intriguei com esta informação, pois, nos meus conceitos de jogos, havia sempre o objectivo de ganhar.


Porém, a pouco e pouco, com a prática da Corrida, comecei a ver que esta modalidade poderia ser praticada apenas pelo prazer de correr, sem que a vertente competitiva predominasse no espírito dos praticantes, cada vez em maior número. Em cada prova haveria sempre os que lutavam pelos lugares cimeiros, mas a esmagadora maioria estava ali unicamente pelo gosto de participar.

Surgem, recentemente, os treinos - convívio, que já conseguem reunir duas centenas de corredores (!) em que não há organização, não há prémios, não há competição, não se sabe ao certo quantos são. O que se sabe é que todos ficam contentes com os resultados. Como os índios.

Aquilo que nós descobrimos há meia dúzia de anos, já eles tinham descoberto há séculos. E nós é que somos o “berço da civilização”!



Monsanto: 2ª S. Silvestre-Pirata (28.Dez.2011)


Na última 4ª Feira do ano, e a acreditar na listagem de” inscrições”, foram 180 os convivas que se juntaram no Parque de Campismo de Monsanto, para uma nocturna de 16Km, numa agradável “pirataria” no “escurinho” da mata que é o pulmão da capital.

A utilização do Parque de Campismo, para estacionamento seguro, banho e convívio final, foi uma” bênção” só possível graças às diligências do nosso amigo Orlando Duarte. Para ele e para Administração do Parque que aderiu à ideia, um grande Bem Hajam.

Após um pequeno brieffing que determinou os percursos e ritmos a seguir, fez-se a foto de família e, à hora marcada (21) iniciámos a Corrida.

Tinha-me esquecido do frontal. Não achei grave pois seria iluminado pelo do João Hébil com quem iria fazer o percurso. Porém, a ele aconteceu-lhe o mesmo, e também não achou grave porque contaria com o meu. Mesmo assim, sem luz, não nos preocupámos muito: bastaria mantermo-nos junto de um grupo e tudo estaria resolvido.

Gostei muito da ideia do “reagrupamento”. Passados uns quantos kms, o grupo da frente foi dando voltas a uma praça enquanto esperava pelos mais lentos e ia “engrossando” novamente durante alguns minutos. Retomava o trajecto e, lá mais para a frente, voltava a fazer o mesmo. Não nos sentimos sozinhos em nenhum momento e julgamos ter feito a totalidade do percurso. Chegámos ao fim com 1,39h num treino de grandes subidas, a maior parte delas feitas em estradão onde, aqui e ali, se sentia o cheiro intenso e agradável dos eucaliptos que não víamos.

No final, os que quiseram (talvez menos de metade) juntaram-se na sala de convívio, onde havia caldo verde e canjinha para confortar os estômagos e onde pudemos estar ali, calmamente, a conversar e a ver o tempo passar muito mais rapidamente do que enquanto corríamos. Estava cumprida a 2ª S. Silvestre Pirata, que considero mais um enorme sucesso e que mostra bem o “caminho” que se abre para as Corridas.

5 comentários:

Jorge Branco disse...

Quando o ano passado lancei uma tímida sugestão sobre uma São Silvestre Pirata em Monsanto, no Fórum do Mundo da Corrida, nunca esperaria um resultado destes!
Está aberta a porta para novas iniciativas no género.

Unknown disse...

Isto é sintomático...
Se há provas a serem canceladas, há muitas outras que surgem. Não tenho estatística, mas parece-me que o balanço favorece as que surgem.
Vemos organizações (muitas) a verem os recordes de participação nas suas provas a serem pulverizados...
E, achando provavelmente que a oferta ainda é escassa, "organizam-se" agora as "piratas", com tendência a tornarem-se um novo fenómeno no atletismo de massas.
Que digam agora que o atletismo não é o desporto mais popular!

Um bom ano amigo Fernando!

joaquim adelino disse...

O inconformismo é diabólico e a impressionante capacidade de ir "jogando por dentro, por fora e agora também ao lado faz com que alguns ilustres companheiros da corrida não adormeçam e estejam permanentemente activos procurando soluções e caminhos para que esta bonita modalidade progrida, deixando para trás o marasmo e a rotina que outros teimam em asfixiar sem soluções, a não ser o lucro, aquilo já foi um desporto de massas para todos. É este o panorama com que hoje nos deparamos, vamos tendo de Norte a Sul novas mentes com novas visôes sobre a forma como se deverá encarar no futuro a modalidade e expurgar tanto quanto possível a dependência comercial que os atletas se vêm na quase totalidade obrigados em "colaborar" por falta de outras soluções que preencham o vasio até aqui existente. Estes horizontes estão a romper, muito por uma feliz ideia de juntar atletas e amigos para um simples treino de convívio que aqui e ali têm surgido, sendo os números de adesão actuais impresionantes: a Meia Maratona Noturna de S.João das Lampas, noturna do Parque da Paz, os treinos lunares da Costa da Caparica, a S.Silvestre Pirata da Serra de Monsanto, para só falar de algumas da Região de Lisboa, são alguns exemplos disso e onde se podem tirar alguns ensinamentos para prosseguimento deste movimento. Toda esta acção não pode ser desligado dos seus principais promotores e têm nome: Fernando Andrade, Luís Parro, Luís Miguel, Orlando Duarte, Peregrino, Eduardo Santos, João Mota, João Lima, Jorge Branco,etç. Não ligar o êxito desta 2ª S.Silvestre Noturna a este conjunto de amigos bem conhecedores da relidade da corrida actual e passada, da necessidade de encontrar novos caminhoa para prosseguir é não entender como é possível organizar uma coisa fabulosa a que tivemos oportunidade de participar e colaborar. A sua credebilidade e o modo como estão no Atletismo despidos de interesses económicos a ele adjacentes permitem gerar este e futuros movimentos que ameaçam seriamente a corrida convencional para onde foram arrastados outrora a pureza do espírito da corrida tendo-se transformado num labirinto lamacento onde se constrói já a própria escravatura humana.
O que se passou amigo Fernando nesta magnífica noite é algo para se refletir e onde se devem sentir extremamente orgulhosos, o seu contexto e significado é muito superior áquele que serviu de base para o encontro, é por isso que penso que estamos no limiar de um caminho que é necesário percorrer e merecedor da melhor atenção.
Desculpa ter utilizado este espaço para um desabafo tão alargado, mas tinha de ser.
Abraço.

alemdorio disse...

Só poço dizer que, ADOOOREI!
beijinho e feliz ano novo.
eugénia

JH disse...

Xi patrao ...

O Adelino já esgotou todo o espaço disponível ... menos mal que concordo com ele.
Fernando nao te preocupes que já nao me volto a esquecer do frontal. Desta vez nao cai por milagre... Somos piratas mas desta vez abusamos, deviamos ter sido multados he he he.
Abraço
Joao