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Com o Nuno Sabino (Foto do Duarte Nuno) |
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Com o Carlos Fonseca (Foto da Paula Fonseca) |
Descendo para o abastecimento do Km 34 (Foto do Duarte Nuno)
Óbidos, é para mim, uma vila
especial. E logo que surgiu esta iniciativa de um trilho nocturno, na altura
com 37 Km, não hesitei em alinhar. Era
uma experiência nova, nunca na vida tinha usado um frontal e tinha sempre
presente que a possibilidade de me perder aconselhava a nunca me deixar ficar
sozinho. Ia sempre com isso em mente. Mas
isso foi naquela 1ª Edição, tanto para a Organização, como para mim. A verdade é que lhe tomei o gosto e nunca
deixei de lá ir, mesmo com o bom senso a aconselhar que não fosse, por mor da
UMA (outro dos meus “fraquinhos”) se disputar na semana imediatamente anterior.
Desta vez, a inscrição foi
difícil, pois a procura fez com que rapidamente esgotassem e, só depois de
rateio, consegui inscrever-me juntamente com a minha equipa, ACB, que apenas
apresentou 3 na linha de partida : Eu, o
Nuno Sabino e o Carlos Fonseca.
Mais uma vez (depois da UMA) contei com a disponibilidade do meu filho,
Duarte, para me acompanhar e ter a paciência de esperar por mim ao longo de
tantas horas e fazer umas fotos. Antes das 5 da tarde já estávamos em Óbidos. E
foi bom chegar cedo, pois permitiu-nos levantar o dorsal sem enchente e ir
depois, apreciar melhor o ambiente de uma vila histórica durante o Mercado Medieval que estava a decorrer, com
inúmeras pessoas trajadas à época a circularem e também o desfile de várias
personagens que nos levavam aos Séc. XII –XIII.
Feitos os preparativos,
encaminhámo-nos para o sítio do costume: o Jogo da Bola. Era aí que seria dada
a partida simbólica e, não sei quantas horas depois, a chegada por aquela porta
triunfal. Algumas fotos, umas palavras de aviso sobre as marcações, sempre
importantes, principalmente quando se trata de uma prova nocturna.
Ainda havia alguma luz, quando
saímos, percorrendo a vila em todo o comprimento, ao longo da Rua Direita até à
porta principal do Castelo onde seria dada a partida oficial. Desta vez foi
diferente, tomámos a direcção contrária àquela que era habitual . Com calma,
sem pressas, porque a jornada iria ser longa e as “pilhas” ainda não tinham
carregado bem, depois da UMA.
Embrenhados pelo bosque, atentos
às marcações, enfrentando todo o tipo de piso, descendo, subindo, trepando,
saltando, “trambolhando” ( duas vezes fui ao chão, mas sem me magoar em
qualquer delas - felizmente). Retive uma frase de um companheiro que dizia para
outro: -“O meu amigo aqui , nunca se perde; só tem que se lembrar que está no
Planeta Terra! “ Boa.
A passagem pelos abastecimentos
eram momentos de paragem obrigatória e, principalmente nos 3 últimos, eram
autênticos banquetes, donde não havia qualquer vontade de sair. Ele era
melancia, melão, tomate, laranja, ele era biscoitos, bolachinhas baunilha que
eu adoro, frutos secos, batatas fritas, água, isotónica, coca-cola, eu sei lá,
pois de certeza me escapou alguma coisa. Eu fixava-me na melancia e nas minhas
bolachinhas preferidas. Bebia isotónico, reabastecia uma das duas garrafas do cinto (a outra nunca fez falta). Contra a
vontade, mas tinha que ser, era preciso continuar.
Fui bem até aos 46 Km, mais ou
menos, mas depois, as novas dificuldades que os últimos quilómetros apresentaram, deixaram-me de
rastos. Pensava que fosse só subir o castelo, mas antes disso, vieram umas
surpresas demolidoras para quem já estava com a luz do óleo acesa.
Ouço um colega que ia à frente a
gritar : CASTELO À VISTA!!! Isso deu-me
algum alento, mas quando também eu o avistei ele ainda estava tão loooonge…!
Km 50! Está quase, praticamente
só falta subir o Castelo. Eu a pensar que já estava na base, aparece uma placa
a dizer que faltava 1KM! Mau! Passagem de nível. Agora sim, começava a escalada
que nos haveria de levar à escadaria de madeira e ao corredor que nos levava à “Porta
da Traição” (aqui para nós, “traição” foram os últimos 3K! esta porta deveria ser
a da glória ou do triunfo) e àquele desejado momento da consagração de mais um
título. 8,04,30 !
Ali estava um excelente ambiente
à nossa espera e uma mesa farta, sopa quentinha. Aquilo que me ouviam dizer era
que” os últimos 3 Km foram arrasadores”. Virava-me para outro amigo: “livra,
estes últimos 3 km foram arrasadores” e mais outro: “Eh pá…estes últimos 3 km
foram demolidores”!!! E como achei que já não era capaz de dizer mais nada e o
frio começava a apertar, despedi-me à francesa e disse ao meu filho, que
pacientemente esperou por mim ( e foi ver a passagem nalguns pontos do
percurso), para virmos andando até ao carro, para trocar de roupa. Eram quase
5,30h da matina, tempo de regressar a casa.
E vão SEIS.