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sábado, 16 de agosto de 2014

O Bronze de Jéssica





“Não posso. Assim é muito. Elas que vão!”                
Foi assim que pensou ainda cedinho
Deixando que o pequenino pelotão
Seguisse desalmado  o seu caminho.
Mas era firme a sua convicção
E  levaria a água ao seu moinho   
Pois  de  todas as sete lá da frente
Claudicariam umas, certamente.           

Prosseguindo em tranquila ligeireza
A pouco e pouco foi-se revelando
Aquilo que ela tinha por certeza.
E uma a uma foi ultrapassando
Sem nela se notar qualquer fraqueza.
Só lhe escaparam duas, que voando
Lhe ficaram com o ouro e com a prata

Mas bronze deste… é de ouro que se trata.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

VI UTNLO

Com o Nuno Sabino (Foto do Duarte Nuno)

Com o Carlos Fonseca (Foto da Paula Fonseca)

Descendo para o abastecimento do Km 34 (Foto do Duarte Nuno)





Óbidos, é para mim, uma vila especial. E logo que surgiu esta iniciativa de um trilho nocturno, na altura com 37 Km, não hesitei em alinhar.  Era uma experiência nova, nunca na vida tinha usado um frontal e tinha sempre presente que a possibilidade de me perder aconselhava a nunca me deixar ficar sozinho.  Ia sempre com isso em mente. Mas isso foi naquela 1ª Edição, tanto para a Organização, como para mim.  A verdade é que lhe tomei o gosto e nunca deixei de lá ir, mesmo com o bom senso a aconselhar que não fosse, por mor da UMA (outro dos meus “fraquinhos”) se disputar na  semana imediatamente anterior.
Desta vez, a inscrição foi difícil, pois a procura fez com que rapidamente esgotassem e, só depois de rateio, consegui inscrever-me juntamente com a minha equipa, ACB, que apenas apresentou 3  na linha de partida : Eu, o Nuno Sabino e o Carlos Fonseca.
Mais uma vez (depois da UMA)  contei com a disponibilidade do meu filho, Duarte, para me acompanhar e ter a paciência de esperar por mim ao longo de tantas horas e fazer umas fotos. Antes das 5 da tarde já estávamos em Óbidos. E foi bom chegar cedo, pois permitiu-nos levantar o dorsal sem enchente e ir depois, apreciar melhor o ambiente de uma vila histórica durante  o Mercado Medieval que estava a decorrer, com inúmeras pessoas trajadas à época a circularem e também o desfile de várias personagens que nos levavam aos Séc. XII –XIII.
Feitos os preparativos, encaminhámo-nos para o sítio do costume: o Jogo da Bola. Era aí que seria dada a partida simbólica e, não sei quantas horas depois, a chegada por aquela porta triunfal. Algumas fotos, umas palavras de aviso sobre as marcações, sempre importantes, principalmente quando se trata de uma prova nocturna.
Ainda havia alguma luz, quando saímos, percorrendo a vila em todo o comprimento, ao longo da Rua Direita até à porta principal do Castelo onde seria dada a partida oficial. Desta vez foi diferente, tomámos a direcção contrária àquela que era habitual . Com calma, sem pressas, porque a jornada iria ser longa e as “pilhas” ainda não tinham carregado bem, depois da UMA.
Embrenhados pelo bosque, atentos às marcações, enfrentando todo o tipo de piso, descendo, subindo, trepando, saltando, “trambolhando” ( duas vezes fui ao chão, mas sem me magoar em qualquer delas - felizmente). Retive uma frase de um companheiro que dizia para outro: -“O meu amigo aqui , nunca se perde; só tem que se lembrar que está no Planeta Terra! “ Boa.
A passagem pelos abastecimentos eram momentos de paragem obrigatória e, principalmente nos 3 últimos, eram autênticos banquetes, donde não havia qualquer vontade de sair. Ele era melancia, melão, tomate, laranja, ele era biscoitos, bolachinhas baunilha que eu adoro, frutos secos, batatas fritas, água, isotónica, coca-cola, eu sei lá, pois de certeza me escapou alguma coisa. Eu fixava-me na melancia e nas minhas bolachinhas preferidas. Bebia isotónico, reabastecia  uma das duas garrafas do  cinto (a outra nunca fez falta). Contra a vontade, mas tinha que ser, era preciso continuar.
Fui bem até aos 46 Km, mais ou menos, mas depois, as novas dificuldades que os últimos  quilómetros apresentaram, deixaram-me de rastos. Pensava que fosse só subir o castelo, mas antes disso, vieram umas surpresas demolidoras para quem já estava com a luz do óleo acesa.
Ouço um colega que ia à frente a gritar : CASTELO À VISTA!!!  Isso deu-me algum alento, mas quando também eu o avistei ele ainda estava tão loooonge…!
Km 50! Está quase, praticamente só falta subir o Castelo. Eu a pensar que já estava na base, aparece uma placa a dizer que faltava 1KM! Mau! Passagem de nível. Agora sim, começava a escalada que nos haveria de levar à escadaria de madeira e ao corredor que nos levava à “Porta da Traição” (aqui para nós, “traição” foram os últimos 3K! esta porta deveria ser a da glória ou do triunfo) e àquele desejado momento da consagração de mais um título. 8,04,30 !
Ali estava um excelente ambiente à nossa espera e uma mesa farta, sopa quentinha. Aquilo que me ouviam dizer era que” os últimos 3 Km foram arrasadores”. Virava-me para outro amigo: “livra, estes últimos 3 km foram arrasadores” e mais outro: “Eh pá…estes últimos 3 km foram demolidores”!!! E como achei que já não era capaz de dizer mais nada e o frio começava a apertar, despedi-me à francesa e disse ao meu filho, que pacientemente esperou por mim ( e foi ver a passagem nalguns pontos do percurso), para virmos andando até ao carro, para trocar de roupa. Eram quase 5,30h da matina, tempo de regressar a casa. 
E vão SEIS.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Óbidos





“Já lhe obedece toda a Estremadura”…
Diz naquele padrão que a Vila ostenta,
Obedece-se ao perigo, à aventura,
Ao transpor das barreiras que se enfrenta.
E em noite chuvosa, noite escura,          
Afere-se o limite que se aguenta
Se ao rei, a “Estremadura lhe obedece”
Ao Trilho desta Vila se agradece.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

UTNLO -Cheira bem, cheira a Lagoa


P’ra passar um braço da Lagoa
Toma lá, toma a palete
P’ra passar onde só passa quem voa
Toma lá, toma a palete

Noite escura, frontal na cabeça
Por riachos e canaviais
Só se espera que nada aconteça
Se não, Serrazina, não volto cá mais.

À volta da muralha pedregosa
À roda da lagoa de águas mansas
No Arelho com areia tão teimosa
Que mesmo que tu queiras não descansas

Corremos, caminhamos tantas horas
Por estradões, falésias e outros perigos
Tudo porque estas terras sedutoras
Dão vontade de sofrer tais castigos.

P’ra passar um braço da lagoa
Toma lá, toma a palete
P’ra passar onde só passa quem voa
Toma lá, toma a palete

Noite escura, frontal na cabeça
Por riachos e canaviais
Só se espera que nada aconteça

Se não, Serrazina, não volto cá mais.