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terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Calendário

Estava eu a ver as mensagens recebidas no e-mail da Meia Maratona de S. João das Lampas, quando dou com uma que dizia o seguinte :

“Your run race was now added to website with RUNNING CALENDAR database.

Run name: Meia Maratona de S. Joao das Lampas
Date: 11-09-2010 (Official date)
Distance: 5.5 km / 21.1 km
Address: S.Joao das Lampas, Portugal”


Fui ver que calendário seria este e fiquei tão impressionado que vos convido a fazerem-lhe uma visita.
Muitos de vós já o conhecerão, por isso não liguem a esta informação, mas para aqueles que não o conhecem, aqui vai.
Não faço a menor ideia de quem é que terá adicionado a Meia de S.J.Lampas a tão honrosa lista, mas fico grato a quem o fez.
Mas não deixa de me intrigar como é que, não tendo sido feita divulgação quase nenhuma da prova, esta aparece num calendário todo catita, ao lado de grandes eventos internacionais.
Aposto que vamos ter aí estrangeiros aos magotes a fazer excursões para a Meia Maratona de S. João das Lampas, eheheh. Comme on, comme on !

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Está quase...




Com a “desculpa” de que a organização de uma meia maratona dá muito trabalho, tenho descurado a actualização do “cidadão” e, aquela aura dos tempos da UMA e do TNLO (quase “encavalitadas” nas datas) deu lugar à pasmaceira de quem tem estado pouco virado para as escritas. Não sei se essa é a regra, mas só o facto de ter em mente uma série de parâmetros que não podem deixar de ser cumpridos na 34ª Meia Maratona de S. João das Lampas – e estando eles quase todos por resolver – faz-nos entrar numa agitada melancolia (não estarei a exagerar na expressão?!?) que nos retira a liberdade que precisamos para escrever sobre a Corrida ou sobre um pontapé numa bola ou sobre picadelas das abelhas.
Tenho duas semanas! As férias, que são tão necessárias para fazer renascer a vitalidade para se enfrentar mais um ano, são terríveis para quem precisa de tratar de coisas. Está tudo fechado.
Os primeiros dias de Setembro serão determinantes. Resta-nos o consolo de que tem sido sempre assim e que a amizade dos atletas que nos têm visitado lhes redobra a compreensão para as nossas falhas.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Regresso à UMA...seca




Põe a água, tira a água
Um quer e outro não quer
Só que o voto na matéria
É o Edil que o tem que ter

E ele vai pelo seguro
E põe água na Comporta
Sabe que são todos duros
Mas não quer ver gente morta.

(…e diz o Almeida:)
-Com a mochila bem cheia
Não se chateia ninguém
E a malta chega a Tróia
Matando a sede que tem

(…e diz o Lima:)
-Só que alguns gastam mais tempo
Correm até à noitinha
E quando chegam a meio
Já nem há uma pinguinha.

Põe a água, tira a água
Um quer e outro não quer
Só que o voto na matéria
É o Edil que o tem que ter

E ele vai pelo seguro
E põe água na Comporta
Sabe que são todos duros
Mas não quer ver gente morta.

Estava o Lima a falar bem
E eu até o apreciei
Só que ninguém lhe perdoa
Não saber quem era o “rei”.

Vem o Parro cheio de calma
P´ra pôr água na fervura
Fala-lhe da “majestade”
Para ver se ainda o cura.

Põe a água, tira a água
Um quer e outro não quer
Só que o voto na matéria
É o Edil que o tem que ter

O Edil sabe que o melhor
É ter nele confiança
P’ra irmos fazendo a UMA
Em completa segurança.

E com esta discussão
Que não vai levar a nada
Vi o Lima e o Almeida
Andarem quase à estalada.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Caneca



Seja o que for que eu venha a beber por esta caneca, terá o sabor da luz e das trevas, da maresia e do bosque, dos vales e dos cumes, da corrida e da caminhada. Das pedras da muralha que resistiu ao inimigo de antanho e ao tempo. Terá o sabor amargo e doce de uma grande aventura nocturna em campos desconhecidos: da solidão, do espírito de entre-ajuda, de 42km de grande prazer. Um sabor que, quando acaba, apetece mais.
Serrazina, Miranda, Gonzaga e todo o pessoal do CAOB, ergo esta caneca à vossa Saúde .

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Meio TNLO




Eu tenho para mim a ideia de que uma Meia Maratona juntamente com uma Maratona, se em termos de quantidade de atletas, pode ser positivo, em termos gerais, já não será tanto.
À semelhança do que acontece nas provas de estrada, a Maratona acaba por perder atletas que se ficam pela Meia. Já tenho ouvido a expressão que a “Meia canibaliza a Maratona”, pois são duas provas competitivas e com grande grau de exigência. Diferente seria – e se o objectivo era juntar muita gente – fazer, em simultâneo, uma prova de cerca de 10 ou 12 Km.
A fazer fé em comentários que li, o percurso da Meia teve várias “versões” com distâncias diferentes e isso acabou por dar confusão. Houve quem se queixasse que as atenções da Organização foram todas para a Maratona e o percurso da Meia acabou por ficar mal assinalado. É pena se isso aconteceu, mas estas coisas acabam por me dar razão : é bom ver aquela partida simbólica em que a principal rua da vila fica repleta de gente em movimento, mas é mau que para isso, tenha que ficar hipotecada a capacidade da organização para controlar eficazmente ambas as provas.
No que tive oportunidade de assistir (e penso que na generalidade dos corredores da Maratona) a Organização merece nota máxima pois não foram notadas falhas. Antes pelo contrário, todos se sentiram tratados “muitos furos” acima da média.
Estou convencido que o pessoal da Meia terá o “fair play” suficiente para compreender o que se passou e não será por isso que vão deixar de considerar esta Prova no seu calendário. As características únicas que ela tem, torná-la-ão um caso sério das Corridas de Trail em Portugal.
Fico a torcer para que o CAOB se mantenha apostado nisso e tenho a certeza que teremos uma das mais emblemáticas provas do País.
A única pergunta que deixo é a seguinte :- Porquê a distância de maratona numa prova como esta? Não seria preferível acrescentar-lhe um quilometrozito –como fazem na UMA e ficaríamos com um UTNLO? Sempre era mais uma “ultra” a registar.

domingo, 8 de agosto de 2010

2º TNLO

Na partida ao lado do José Xavier que, finalmente tive o prazer de conhecer pessoalmente
A chegada

(Fotos de Amélia e Xavier)

Acho que, desta vez, cumpri a sequência mais doida da minha vida no espaço de uma semana : UMA, no dia 1 e o TNLO no dia 7, qual delas a mais difícil e desgastante !?
Arranquei para Óbidos, logo a seguir ao almoço, para desfrutar durante algum tempo, do ambiente desta vila-museu, que nos transporta para a idade média e nos faz pensar quão importante é a preservação destas relíquias para a compreensão da nossa História e também para estar com a malta amiga.
Estava calor. Estacionei num terreiro não sujeito a taxa de estacionamento, mas sem sombra. Porém, a geleira que tinha levado, manteve as águas e as bebidas energéticas fresquinhas, como convinha.
A partida simbólica foi dada do Jogo da Bola, bem lá no alto do Castelo, onde haveríamos de chegar no fim da Prova. Em passo lento, percorremos a vila de Norte para Sul, num pelotão que ocupava toda a Rua Direita, ante o olhar surpreso de um grande número de turistas que por ali estavam, que incentivavam e fotografavam os atletas. À saída da muralha era, então, dada a partida oficial. Uns iriam fazer 22km, outros 42km.
“Correr ao lusco-fusco” foi o slogan utilizado na promoção desta 2ª Edição do Trail Nocturno Lagoa de Óbidos. Foi uma mudança feliz, esta antecipação do horário da partida que, como é sabido, no ano passado, foi feita às 23h e que levaria a que a prova terminasse madrugada dentro. Assim, terminaria ainda a horas decentes.
Começámos com sol e só liguei o frontal quando estavam decorridos cerca de 14 km, não porque não visse o caminho, mas porque tinha dificuldade em ver as marcações e, as anunciadas marcas reflectoras só funcionariam se, obviamente, levasse a luz acesa. Aos 9km, o 1º abastecimento, só com água. Enchi a garrafinha de meio litro, que levei sempre na mão, para ir bebendo ao longo da prova e reenchendo nos postos de abastecimento. Não levei mochila e acho que fiz bem.
Curiosa a solução para se atravessar o braço da Lagoa logo ali ao lado do 1º abastecimento: uma ponte feita com cordas e paletes(!) engenhosa solução, pois se tivéssemos de atravessar pela água, com o anoitecer, a roupa teria dificuldade em secar, o que nos obrigaria a ficar desconfortáveis durante várias horas (Engº Serrazina, obrigado).
Por volta dos 11km, o pessoal da Prova curta toma outra direcção e, a partir daí, eram grandes os espaços que se formavam entre os corredores, tendo a sensação que corria sozinho.
À chegada à praia, novo abastecimento (cerca de 20km) e aqui começa um troço de areia bastante difícil, se bem que aliviado por uma passadeira de madeira. Aqui encontro o Vitor Veloso (que ia com um companheiro do Milenium) e vi logo que algo se tinha passado com ele, pois ele anda muito mais que eu. Tinha tido uma dor numa perna e teve de abrandar. Subimos a duna e mantivemo-nos juntos até ao abastecimento dos 24,5km. Este abastecimento estava espectacular. Tinha tudo o que era preciso e, não apetecia mesmo sair dali. O carro que ali estava tinha o rádio ligado e estava d dar o relato do Benfica-Porto na final da Super Taça. O Benfica perdia por 2-0. O Vitor ficou logo “estragado”. Juntámo-nos aí uma série de corredores.Lembro-me do Vitor, o tal do Milénium, o Nuno Alexandre, o Tiago Dionísio, o Pedro Amorim e outros que não conhecia. Mas tivemos de prosseguir.
Ganhei algum alento e fui para a frente tendo-me juntado a um companheiro com uma t-shirt laranja, da Meia Maratona do Porto, com quem fiz vários km, tendo todos os outros ficado para trás. Havia por ali umas descidas escorregadias e perigosas. Consegui passar sem cair, mas quando olho para trás, lá vinha o outro a rolar por ali abaixo. Verificados os cotovelos, estava tudo bem e prosseguimos. Aproximamo-nos de outro grupo, mas como havia uma subida íngreme, fui mais lento e acabei por ficar sozinho.
Abastecimento dos 35km. Encho a garrafa e lá vou, procurando manter o ânimo que, por esta altura, é difícil de manter. Agora o piso era plano e de boa qualidade, mas as pernas é que já estavam a pedir descanso. Ia vendo, mentalmente, a distância que já tinha feito: -“Ora…faltavam 7, já devo ter feito 3, passam a faltar 4; agora já devem faltar 2; é só subir esta rampa e depois descê-la e devo estar na base do castelo.” Atrás de mim, não via ninguém e à frente, iam dois corredores a passo e eu, claro, pus-me também a andar. Mas eles andavam muito mais rápido que eu e ganharam vantagem. Vem depois a descida. Uma longa descida com curvas para a direita e para a esquerda e, quando chega ao fim é que aparece a placa dos 40km(!) . Desmoralizei um bocadinho, pois pensava que só faltava subir a muralha (que era o flagelo que me atormentava desde o início, sabendo que tinha de reservar forças para o fazer). Mas tinha de “gramar a pastilha” e correr mais 1,5km antes disso. Vinha um atleta em sentido contrário (que já tinha feito a prova) ao encontro de alguém conhecido e a fazer-me “inveja”, pois como é que era possível ter força para isso?
Entramos em estrada alcatroada. A subir! Passa o Tiago Dionísio com outro companheiro, cheios de genica e eu sem reacção. Pus-me a passo. Subitamente, sinto uma força que me empurrava e eu, aproveitei até ao cimo da rampa. Era o Pedro Amorim, um autêntico tractor que me ajudou a superar este obstáculo. Obrigado Pedro. Estávamos agora próximo da base do Castelo. O Pedro queria esperar por mim para repetirmos a chegada conjunta em Tróia, mas eu disse-lhe para não esperar, pois eu não tinha pernas para o acompanhar. E foi. Lá subi tudo aquilo a passo, mas os últimos 30m esses não podiam ser a passo, pois aí já havia público que, pacientemente ia aguardando a chegada a conta-gotas de toda aquela gente que, umas horas antes, tinha partido em pelotão compacto. Aplausos. A festa da gente amiga. As fotos a registarem o momento. Um momento que enche o peito e se pode, mais tarde, recordar. Obrigado a todos os que ali estiveram.
4.48, mais coisa menos coisa, foi o meu registo. Nada mau.
Depois havia uma mesa recheada com coisas apetecíveis e fiquei por ali à espera que o estômago me permitisse tirar partido da oferta que a organização generosamente nos fazia. A roupa estava molhada e começo a sentir frio. Era hora de descer e ir até ao carro e ficar à espera do TNLO 2011.
Parabéns ao Centro de Atletismo de Óbidos pela excelente organização.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UMA...seca ?

Muito se tem falado em “auto-suficiência”, nesta Prova. Embora compreenda onde querem chegar os seus defensores, também compreendo a posição de quem tem opinião contrária e quero deixar claro que, para mim, tanto de uma maneira como de outra, continuarei a estar presente.
Se a Organização entendeu colocar um abastecimento aos 28,5km, estou certo que o fez tendo em conta a saúde dos participantes, pois poderia dar-se o caso de haver quem já tivesse gasto a água que levava e, então, só teria duas opções : ou arriscava correndo mais 15km sem água, ou teria de se abastecer clandestinamente para chegar a Tróia. –“Pelo regulamento, não podia!” – dirão. Mas existirá regulamento que prevaleça sobre o instinto de sobrevivência?
Por outro lado, se a Organização disser que “a Prova tem que ser feita em auto-suficiência”, tem também que garantir uma vigilância que assegure a igualdade de participação a todos os atletas. E não me parece que a Organização disponha de meios humanos suficientes para, ao longo de 43km de areal, estar atenta a quem aceita uma garrafinha de água de um banhista ou de um pescador, para o desclassificar. Considero, pois, sensato que a Organização não imponha regras cujo cumprimento não consegue garantir.
Já basta que se diga que “ninguém pode abastecer-se fora do único posto de abastecimento, aos 28,5km!” Eu comi umas uvas aos 29km ! Se a organização viu, fingiu que não viu. Se não viu, eu não deixei de praticar uma transgressão. Quanto a mim, até este ponto deveria ser retirado do regulamento, pela mesma razão.
Assim, ninguém é obrigado a levar ou deixar de levar água, mas a Organização – que não me passou qualquer procuração – sente que desta forma demonstra preocupar-se com a saúde dos atletas, não querendo que corram perigo. Trata-se de uma medida de segurança, que ninguém é obrigado a aceitar, mas que está lá.
Quanto ao aliviar da carga, isso poderia ser feito em qualquer local. Para o evitar, a Organização recolhe e depois devolve. Também isto será desvirtuar o espírito da Prova?
Acho que não devemos ser “fundamentalistas”. Reparem que impor-se restrições é abrir caminho ao chico-espertismo de quem sabe que serão mínimas as hipóteses de ser “apanhado a pisar na bola”.
Numa prova no deserto, na montanha, onde não se passa por ninguém ao longo do percurso, é correcto que a organização diga que a prova é em auto-suficiência, mas mais no sentido de prevenir o atleta que não é possível garantir-lhe abastecimento, do que no sentido de o proibir de beber água num qualquer chafariz que encontre.
Acho eu…

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

UMA minha...

A Prova que fiz, foi tudo menos regular. Eu bem queria que fosse, mas…
Ao apreciar a tabela dos tempos parciais, confirmo a ideia que eu tinha da minha prestação : Em quebra até ao Carvalhal e recuperação de posições até ao final. Foi assim:

Aberta Nova – 5,5km -99º - 39,52;
Galé -10,5km – 102º - 1,02,59;
Pinheiro da Cruz – 14,5 km - 123º - 1,52,00;
Pego -18,5km – 126º -2.24,03;
Carvalhal – 20Km – 129º -2,37,00;
Comporta – 28,5 Km -109º -4,00,39;
Soltróia – 37,5km – 101º - 5,19,47;
META – 43Km – 92º -5,51,09

Podia ter sido melhor, mas fiquei contente com o meu HEXA.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

UMA 2010 - sempre a aprender

Com o Alexander e o Pedro Amorim

Dito o que me ocorreu quando me pus a escrever sobre a UMA 2010, ficou por dizer ainda muito.
Fico feliz quando vejo que, cada vez mais gente se rende à mística desta Prova e quer fazer parte dela. Tenho pena que sejam ainda tão poucos os que, neste País, se aventurem numa jornada que marca qualquer um, independentemente dos objectivos que tracem. Sinto um certo orgulho em saber que os meus relatos influenciaram alguns amigos participantes que vieram a ficar “apanhados” por esta Prova diferente de todas as outras. Diferente até de si mesmo. Surpreendente. Só quem a faz e tem presente a emoção que ela transmite, perceberá onde quero chegar.
Estamos sempre a aprender e o que pretendo fazer agora é registar os erros (para não voltar a cometê-los) ou princípios que tenho que ter sempre presentes, em seis pontos :

1- A semana que antecedeu a Prova, foi bastante agitada (envolvi-me num outro evento realizado na véspera -Um Concurso Hípico, imaginem(!)- e acabei por não ter tido tempo de seleccionar o material que me faria falta). Como tal, à pressa, e com medo de que me viesse a faltar alguma coisa, fui pondo tralha e mais tralha, esquecendo-me que o carro ficaria em Setúbal . 1ª LIÇÃO – Não deixar para a última hora a selecção do material a transportar.
2- O tempo estava completamente encoberto em Melides e não lembrava a ninguém que o protector solar fizesse grande falta. Porém, era provável que o sol abrisse ao longo da manhã e causasse grandes danos na pele dos corredores, como veio a acontecer. Usei um bom protector (factor 50) que apliquei em todas as zonas expostas. Não tive qualquer problema de queimadura, como tive, por exemplo, em 2006. 2ª LIÇÃO - Nunca esquecer o protector solar, mesmo que esteja a chover.
3- A mochila de hidratação (que também dá para pôr outras coisas) se bem que nos dê alguma segurança, constitui um peso acrescido que nos penaliza. Juntar esse peso, às condições da areia, obriga-nos a um grande esforço que pode levar a dores lombares. 3ª LIÇÃO – Hidratar sim, mas sem a mochila. É preferível usar cinto ou simplesmente levar uma garrafa de 0,5L em cada mão (que chega até aos 28,5km, altura em que a Organização nos abastece com mais 1L.); uma bolsinha à cintura, com uns pacotinhos de gel ou outros alimentos de absorção rápida, será suficiente.
4- Já tinha experimentado correr descalço, numa edição anterior, quando me tive de descalçar diversas vezes para tirar a areia dos pés. Desta vez, tirei apenas os ténis após cerca de 10km de prova, mas fiquei com as peúgas calçadas. Dei-me bem com a experiência e acho que não vou querer outra coisa. 4ª LIÇÃO : Correr, logo de início, com peúgas (nada de preocupação com impermeabilização), que tenham uma certa espessura na sola para amaciar o impacto com a areia.
5- Escusado será dizer que é preciso gerir bem o esforço ao longo dos 43km de areal. No entanto, há que ter presente que, por norma o 1º terço é mau, o 2º pode ser bom ou pode ser mau e o 3º, também por norma, é bom. Logo, o que de mais frustrante nos pode acontecer é chegar à parte boa e já não termos pernas para correr, como me aconteceu em anos anteriores. 5ª LIÇÃO – Não travar grande luta contra a areia mole para não nos desgastarmos antecipadamente. É verdade que temos que a ultrapassar, mas procurando fazê-lo com “margem” para depois podermos correr quando o piso melhorar.
6- A distância mais curta entre dois pontos é um segmento de recta. Vi vários atletas que iam na zona de rebentação a fazerem um trajecto em zigue-zague para fugir à água. Para além das mudanças de ritmo (arranques) que essa fuga à rebentação provocava e o consequente desgaste, obrigava a percorrer uma distância muito maior (lembrem-se do teorema de Pitágoras). Portanto, 6ª LIÇÃO – Pés molhados, mas correr sempre a direito.

...Há mais.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

UMA 2010

Talvez pudesse pensar-se que quem vai, pelo sexto ano consecutivo ao Melides-Tróia, apenas encare essa participação com naturalidade, em que nada de novo possa descobrir. Mas não é assim. Pelo menos comigo. É certo que não senti o “ nervoso miudinho” de estreante, mas o respeitinho pela jornada estava presente e tinha a certeza de que cada edição nos proporciona uma Prova diferente em que o factor surpresa, é uma constante. Seja boa ou seja má.
Cumprida a rotina habitual do transporte, chegámos a Melides cerca de uma hora antes da partida.
O tempo estava encoberto, conforme se desejava, mas a Praia de Melides, após as obras de requalificação, apresentava-se cheia de “glamour”, com modernas passadeiras em madeira entre a área de estacionamento e o pórtico da partida, no areal .
Para que tudo se processasse com calma, levantámos o dorsal e havia que começar a equipar : colocar protector solar principalmente nas zonas mais expostas (pois embora o céu estivesse encoberto, a qualquer altura o sol poderia “aparecer” e apanhar-nos desprevenidos), preparar o conteúdo da mochila (agora é que é certo : NUNCA MAIS LEVO MOCHILA!),ir à casa de banho (agora já não há necessidade de ir atrás das dunas); tomar um cafezinho, tirar umas fotos com a malta da minha equipa, a ACB, que se apresentava com seis (!) atletas à partida, e outras com malta dos blogues , ouvir as recomendações da Organização (infelizmente ainda há quem não cumpra e continue a deitar fora, as garrafas de água e as embalagens de gel ) e pronto…só faltava encaminharmo-nos para o local da partida, desta vez decorada condignamente com um pórtico insuflável e baias laterais.
Carlos Lopes, mais uma vez, o padrinho da Prova (ladeado pelo Sr. Presidente da Câmara, Vice-Presidente e Vereador do Desporto da Câmara de Grândola) deu o tiro da partida.
Os 214 atletas inscritos (novo record de participantes) iniciam a prova, em diferentes direcções, como sempre acontece: uns preferem a areia seca por ser plana, outros preferem a molhada por ser mais compacta, outros ainda (eu, por exemplo), vão correndo sem se decidirem por qual hão-de optar.
Dizia-me o João Hébil : - “Afinal não estou a perceber a tua estratégia! Vamos por cima ou vamos por baixo?”
Ainda eu estava a “apalpar” o terreno, mas decidi-me a ir por baixo. “- Por aí é muito arriscado!” –dizia-me ele.
Claro que o risco era apenas o de ficar com os pés molhados logo no início da prova. Não convenci o João a vir comigo e, claro, rapidamente fui “atingido” por uma onda que se espalhava pela areia sem se “incomodar” com quem se atravessava no seu caminho.
Havia quem fizesse uma trajectória em zigue-zague , mas eu optei por fazê-lo o mais rectilíneo possível. Mesmo junto à água a areia afundava-se, pois o mar não tinha vazado o suficiente, mas achei que, apesar disso, seria menos desgastante correr ali que na areia seca.
Bandeirinha dos 5,5Km : 39,30 ! Bem bom, pois a parte teoricamente mais difícil, estava quase feita.
O João começou a afastar-se e eu a ver-me obrigado a refrear o ritmo.
Depois vem o desconforto intestinal a obrigar-me a subir e sair da trajectória dos atletas, para aliviar. O “esconderijo” era bastante amplo e permitia-me ver as cabeças dos atletas que iam passando junto à água. Retomo o andamento. Lá vinha o meu amigo e colega da ACB, Francisco Pereira. –“ Vamos embora, Francisco!” – procuro incentivá-lo, mas eu também começava a não estar muito bem. O peso da mochila começava a incomodar-me. Pensei que, se não me libertasse da carga, dali a pouco poderia vir a ter problemas de dores nas sacro-ilíacas (nas “cruzes”! para não estarmos cá com “paneleirices”) . “-O melhor é mesmo começar a beber água , nem que seja só para bochechar e sempre seria menos um kilo e meio. Vai um cubinho de marmelada para acompanhar. Gostei e ganhei algum ânimo. Mas a areia… essa continuava a não querer colaborar e já estavam decorridos mais de 15km.
Entretanto, também já tinha os sapatos cheios de areia e pensei em fazer uma paragem para dar algum conforto aos pés. Tiro os ténis e passo-os por água. Fiquei só com as peúgas. Lembrei-me que no ano passado, vinha equipado com um plástico que estenderia na areia, para fazer essa operação, mas este ano, facilitei e não o trouxe. Com os ténis um em cada mão, pus-me a correr e achei que os pés estavam melhor sem eles. Mas não dava jeito correr com as mãos assim ocupadas. Vejo o Nuno Espírito Santo, também ACB, junto a uma moto-quatro, “em conversações” com a Organização. Mau- pensei! Ainda lhe disse qualquer coisa, mas ele – vim a saber- estava decidido a parar mas não podia abandonar ali e teve de ir até ao próximo posto de controlo. Uma baixa importante nas “aspirações” da equipa.
O que eu queria mesmo era chegar aos 28,5km e alijar a mochila e os ténis, que a organização me devolveria no final. Por volta dos 27, com o Carvalhal à vista, mas “lá looonge!!!” tenho uma enorme quebra e tive de me pôr a passo. Registo, com agrado os incentivos que recebi no percurso( não me lembro é onde), dos meus colegas de equipa, André Quarenta e Lúcia Oliveira) .
Passo o controlo dos 28,5! Finalmente. Tiro um gel da mochila, recebo as duas garrafinhas de água e peço para deixar a “carga” que tinha a mais. Ali mesmo, não resisti ao apelo das águas límpidas e calmas da Praia do Carvalhal e…vai um mergulhinho. Vestido e tudo! Tão bem que soube!
Uma garrafa de água em cada mão e um gel. Agora era só o que tinha. Sentia-me leve e, a pouco e pouco, vou ganhando um andamento que até a mim me surpreendia. Ganhei umas uvas fresquinhas que o Eduardo me deu (isto não se pode dizer porque é proibido!) mas que vieram mesmo a calhar.
Finalmente (por volta dos 34 km) a areia começou a ficar melhor, facilitando a corrida, e continuo a ganhar andamento. Alguém vinha em sentido contrário, correndo. Era o meu amigo Virgílio Madeira, da ACB, que vinha ao encontro da malta para incentivar nos últimos km. Fez-me companhia quase até Soltróia. Disse-me que ia num andamento forte (!) e isso estimulou-me, pois o piso agora estava bom e só faltavam 6km. Eis que aparece mais um ACB, o grande ultra Carlos Fonseca. Como eu ia bem, o Virgílio e o Carlos foram ao encontro do Francisco.
Vou ganhando posições e resolvo tomar o gel que trazia, para ver se não perdia ritmo. Aguentei-me bem. Passo pelo meu colega ACB, Carlos Souto e nem dei por isso (só no final é que ele me disse) alcanço o Pedro Amorim , o grande Ultra da Comrades e da Freita que, “influenciado” pelas Melíadas veio do Porto participar na UMA e terminámos juntos, esta Edição de 2010.
5.51.09.

Como não quero chatear muito, volto depois para contar mais coisas.