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Prontos |
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Aos 36. Olhem-me aquele mar !!! |
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Não foi uma prova qualquer. Esta foi ÚNICA |
O Estado de Emergência em
consequência da pandemia, reteve-me em casa, por completo. As saídas à rua,
eram apenas para tratar da horta do quintal que, há anos, se tinha transformado
em matagal. Corri apenas duas ou três vezes, quando tudo estava deserto e, mesmo com o desconfinamento, não me sentia
atraído pela Corrida.
Num dos últimos fins de tarde do
mês de Maio recebo a chamada de um amigo: “- Fernando, como sabe, este ano, as
maratonas não vão realizar-se, pelo que pensei em organizar a ÚNICA Maratona de
2020, no dia 20 de Junho, convidando apenas 20 amigos que é o máxima permitido
por lei para ajuntamentos. Tudo dentro das regras. O percurso foi o que
utilizámos na Maratona dos 100 amigos, em 2012, entre a Lagoa Azul e o Restelo.
Ainda tem 20 dias para treinar!” Reacção óbvia: -Ehpah, mas eu tenho estado
parado, como é que em 20 dias posso preparar-me para uma maratona ? “
Mas era uma Maratona, que é
sempre aquela oportunidade que mexe com todo aquele que conhece as sensações
dessa fascinante distância. Ficaria muito mal comigo se tivesse de dizer que
não. Pedi-lhe 3 ou 4 dias para ver como é que reagiria a treinos mais longos do que aquela meia hora
que vinha fazendo uma ou duas vezes por semana.
Reagi bem e confirmei a presença.
Chegado o dia 20, às 7 da manhã,
compareceram 19 dos 20 convidados, a quem foi distribuída uma lindíssima
t-shirt comemorativa, para usarmos durante o percurso e o chip para controlo
electrónico da tempo.
Tudo a postos… Tiro da partida
(tiro mesmo –pum!) e pronto: eles aí
vão: Quinta do Pisão, Pedra Amarela (Ufa,
que esta tinha de ser feita a andar, com excepção dos da frente, mais
aventureiros e mais aptos). Começa, depois a descida para a Malveira da Serra e
ganha-se algum ritmo, mas nada de entusiasmos.
Guincho, já com 13 km feitos. O vento ajudava qualquer coisa. Boca do
Inferno. O calor já nos fazia escolher o lado da sombra. Cascais. Como é bom de ver, 19 corredores, para uma distância
tão grande, obrigava a correr-se em solitário numa grande parte do trajecto,
principalmente, quando faltava a confiança na preparação para nos pormos no
ritmo de um colega para ter companhia. A partir de Cascais, altura em que
passei pelo amigo António Coutinho fiz toda a prova sozinho, utilizando o
paredão onde era possível e resistindo à tentação de ir ao banho num mar azulinho
e calmíssimo, mas não à tentação de me pôr a passo. Andava, corria, andava corria… e foi assim até
aos 39Km,no Dafundo. A partir daí foi só andar até à meta e chegar em condições
óptimas, tendo como queixas apenas um escaldão no pescoço e uma assadura nas
virilhas. O relógio marcava 5 horas e 8 minutos de prova.
De salientar o apoio que sempre
tivemos, quer fixo, nos abastecimentos e controlos de passagem, quer móvel, dando
atenção a eventuais necessidades que tivéssemos.
Quanto à prova , sublinhe-se, foi
um evento particular por convite, que consistiu num treino com a Organização de
uma prova, que dispensava licenciamentos, pois não havia prémios, que
dispensava policiamento, pois não implicava com o trânsito, que respeitou o
ambiente, pois nada foi deitado para o chão, que respeitou as regras sanitárias
definidas para os ajuntamentos.
No final, fiquei com a sensação
de ter descoberto o “segredo” de como preparar uma maratona em 20 dias : “-Se
não consegues correr, caminha. Desfruta da paisagem. Desfruta da distância. Sorve
as sensações de completar a distância. Demores o tempo que demorares. Chega à
meta com o sorriso de quem ganhou uma aposta que fez consigo mesmo”.
Quem sabe se o futuro das provas
não passará por soluções deste tipo ?!
Por último, quero deixar um
agradecimento muito especial ao amigo Luís Sousa por me ter proporcionado esta
experiência ÚNICA e as merecidas felicitações a todos os companheiros de
jornada, que deram corpo a tão feliz iniciativa. Bem Hajam.