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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Frio



Parece que vem aí frio!
Ora, se tenho estado paradinho desde a Maratona de Lisboa (de má memória para aqueles que contavam com um pratinho de massa com a bênção da organização), agora, com frio, ainda mais difícil se apresenta o recomeço.
Mas as S. Silvestres estão à espreita e quero ver se não me apresento em branco. De qualquer forma não me é importante revelar nelas grande performance, até porque parece que há por aí alguma “crise” nas medições das corridas e pouco importaria apontar para marcas que depois, vai-se a ver e… não contam.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O lápis azul




Pela primeira vez eliminei um comentário, o que achei que nunca viria a fazer, porque considero este espaço do mais livre que existe. Mesmo anonimamente, qualquer um pode participar, comentando os meus posts, mesmo que não concorde com eles, ou qualquer posição que eu tenha tomado, ainda que noutro lugar.
Mas o que não posso permitir é que, anonimamente, se utilize este blogue para ironizar sobre os visitantes (amigos ou não) que muito prezo.
Peço desculpa ao anónimo visado, mas não posso aceitar a brincadeira.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Apresentação das Melíadas



A Mesa (Joaquim Antunes,Ver.Paulo do Carmo, Vice Presid.Aníbal Cardeiro,Eduardo e eu)
Socorro !!
O Joaquim Antunes indo às origens
O Orlando Duarte sendo simpático comigo
"Oh p'ra mim
Armado em Saramago
A assinar o Caim "
(Com a Dina Mota à espera)

Com o Paulo Silva, Eliana e Helder Jorge

Com o Paulo Silva e Tigre

Com o Joaquim Antunes



Com o Orlando Duarte



Atrasei-me, mas não quis deixar de aqui vir trazer algumas palavras sobre o dia 12 de Dezembro, em Grândola. É uma data que não vou esquecer, pois senti-me rodeado de gente amiga que estava ali para confraternizar no IV Encontro do Mundo da Corrida e, ao mesmo tempo, assistir a acto da apresentação do livro “Melíadas” em que apareceram coisas que escrevi, sem fazer ideia de que esses escritos, um dia, viriam a ser reunidos (e aliados a fotos que ilustram na perfeição o que ali é dito) numa publicação que deixou o espaço virtual e se tornou “de carne e osso” ao alcance mesmo de quem está menos familiarizado com as teclas e com o monitor.

Confesso que me senti atrapalhado, ao considerarem-me “autor da obra”! Autor? Obra? Eh lá... isto começa a “piar fino”! Ainda se fosse só para a malta amiga... mas também ali estava o Senhor Vice-Presidente da Câmara o Senhor Vereador do Desporto (que teceram elogios ao trabalho)... e isso fez-me encarar com algum respeito uma coisa que tinha sido feita na brincadeira.

De certezinha que foi visível a minha insegurança a fazer as dedicatórias a quem me pedia que as fizesse! Depois...lá está, o pessoal com pressa e eu a enganar-me nos nomes, ou a passar pela vergonha de rasurar, ou pior ainda: começar a frase e não me lembrar como tinha pensado fazê-la e ficar “pendurado” a meio e ter de “arrematá-la” com metade da força que lhe queria imprimir. Coisas que acontecem a quem se mete numa área que não conhece.

À parte isso que senti ( e isso são coisas só minhas, mas que não resisto a partilhar convosco) a verdade é que também me senti acarinhado por toda a gente e até achei que – se não, lá vêm dizer que estou a ser modesto - tinha contribuído para a divulgação do Melides-Tróia de uma forma especial.

Mas o que o Melíadas pode ter de mais especial é a emoção que ali transparece e que é facilmente captada por quem já fez a Prova, ou por quem a deseja vir a fazer, ou talvez ainda, possa fazer despertar essa vontade a quem sinta que, ao estar protegido pelos deuses ali invocados e ter as ninfas a assistir à sua aventura, não terá mais razões para não conhecer esta enorme e bela faixa de areia, correndo ou caminhando.

Também o prefácio do então Vereador do Desporto (e actual Vice-Presidente da Câmara, Engº Aníbal Cordeiro) me deixou... “embasbacado” por tão elogioso (mesmo que tenha sido piedoso no exagero).

Quero ainda deixar uma palavra de apreço pela forma como a Câmara Municipal de Grândola nos acolheu e apadrinhou este Encontro (Obrigado Sr. Vice-Presidente, Senhor Vereador e Drª Margarida Moreno e restante pessoal que nos deu apoio), bem como pelas brilhantes prelecções efectuadas pelos convidados (Prof.António Aguiar que nos transmitiu o ABC da Orientação; Drª Filipa Vicente, que nos trouxe as bases da Nutrição aplicada ao Desporto; José Martins, com as suas noções de Yoga que nos ajudam a ver a vida de uma forma diferente; Paulo Silva, talvez o maior especialista em calçado desportivo do País; Paulo Veiga, com excelente demonstração de como deve ser feita a massagem desportiva). Registo também – e guardo no coração- as palavras amigas que me foram dirigidas pelo Joaquim Antunes, Eduardo Santos, Orlando Duarte e pelo Zen (que não podendo estar presente, nos enviou uma mensagem escrita).

Foi um prazer ter sido acompanhado por amigos (Carlos Fonseca, Tigre,
Luis Parro, Joaquim Adelino, Amílcar Romão, acompanhados pelas respectivas, Tiago Martins, Helder Jorge e Eliana, Paulo Mota e Dina Mota (foi um prazer conhecer-vos), Ana Paula Quintas (que desde os tempos do Triatlo não via) e, claro, a Margarida, que não só fez uma excelente reportagem fotográfica, como controlou a distribuição dos livros. Também os atletas amigos de Grândola marcaram presença, o que registo com muita satisfação. Não queria esquecer-me de ninguém, mas se isso aconteceu, por favor, não me levem a mal.

Termino este apontamento partilhando este trabalho com todos aqueles que animaram o tópico do Raid Melides-Tróia, com comentários que proporcionaram a continuidade das Melíadas, pedindo desculpa pela descontextualização que acaba por, fatalmente, desfavorecer a sua compreensão a quem não acompanhou o Forum do Mundo da Corrida, mas que, mesmo assim, se espera seja do vosso agrado. Obrigado a todos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mudança

Caros Amigos
Hoje não vos falo de Corrida.
Estou chateado, pois fala-se muito do combate à corrupção, na transparência nos procedimentos, num País de gente séria...mas isso é nas palavras ditas (não as de Corredor)porque quem dá as ordens é o "galo quando canta". Desculpem o desabafo, mas farei chegar, onde puder, o meu grito.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

24ª Maratona de Lisboa - Os comentários

À saída do Estádio (foto do Mário Lima)


Partida e Chegada : - O Estádio 1º de Maio tem condições óptimas, para estes momentos determinantes na maratona, mas aquela volta e meia inicial , com 1300 atletas, era previsível dar a confusão que deu, pois quando os do fim do pelotão se começaram a mexer, já os da frente estavam a “bater neles”. Numa situação destas não há fitas balizadoras, por muito ágeis que sejam as mãos que as seguram, que consiga libertar a pista exterior para os mais rápidos. Depois, não sei como, provavelmente com receio que alguém desse uma volta a menos, muitos foram os que deram uma volta a mais. A compensação desta volta, poderia ser feita no retorno da zona de Alcântara. A chegada pareceu-me correcta, com um corredor para a Meia e outro para a Maratona (cada um com o seu cronómetro).

Percurso : - Gostei do percurso. Vê-se muito mais cidade, apesar do sobe-e-desce, mas Lisboa é assim. Porém, aqueles 5km finais são de uma grande “violência” para quem já vem com a “luz do óleo acesa” (gosto desta metáfora do mecânico, que ultimamente se tem ouvido muito no mundo da maratona). Eu sei que quando a partida e a chegada são no mesmo local, o que se desce vai ter de se subir, mas talvez não precisasse de ser tudo de uma vez...

Abastecimentos: - Na perfeição! Em quantidade e qualidade. Receei experimentar uma bebida energética que não conhecia, mas como já ia nos 30Km, arrisquei, gostei e até a levei comigo para ir bebendo até à última gota (terá sido isso que me inquetou a tripa ?).

Kit do corredor – fraquito! Sabe-se que será tanto mais rico, quanto mais abundantes os recursos, o que parece estar bastante aquém das necessidades. Mas também se sabe que o valor da taxa de inscrição, cada vez mais, tem a ver com esses “mimos” que oferecem aos corredores. Nesta Maratona o que estava equiparado a outras de referência, era apenas a taxa, não o “saquito”.

Meia Maratona – Não sei, mas acho que a Meia Maratona não traz mais valia para a Maratona. Já tem sido dito por muita gente que a Meia acaba por absorver muitos potenciais maratonistas. Subscrevo.

Pasta Party: - Ao ter destinado apenas aos estrangeiros a pasta party, a Organização cometeu uma gaffe muito difícil de explicar. Não me apercebi quando fui levantar o dorsal, pois, ao contrário dos anos anteriores, desta vez não tencionava participar. Mas vim a saber disso, depois. É verdade que os estrangeiros devem ser acarinhados para que, cada vez mais, visitem Lisboa (o que, felizmente, tem vindo a acontecer), mas excluir os portugueses desse convívio !!!??? Para não dizer que estamos perante um caso de “xenofobia invertida” direi antes “lusofobia”. E se os portugueses representaram um terço dos maratonistas presentes, com estas medidas, fica feito o “convite” para que sejam menos, no futuro.

Enfim, foram apenas algumas das muitas considerações que se poderiam tecer sobre a Prova. Umas seriam fáceis de resolver (volta inicial no estádio, kit do corredor, pasta party) . A dificuldade do percurso é inerente à orografia da cidade e, pessoalmente, retirando os 5 km finais, acho-o melhor que o anterior com 21km de vento a favor e 21km de vento contra. Seja um ou seja outro, o importante é que a Maratona de Lisboa continue a crescer e que aquilo que for “inventado” pela Organização (sim, porque é preciso inovar) seja para a favorecer e não para a descredibilizar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

24 Maratona de Lisboa

No princípio, tudo bem (olha o A.Almeida ali pertinho e eu que não o vi)

A chegada, com o Nuno Kabeça


A Medalhita

Acho que terminei com a “chave de lata” o meu ciclo de maratonas de 2009. Ora vejamos:

1.Fev. – Badajoz – 3,46,09
23.Fev.- Sevilha – 3,46,04
26.Abr. - Madrid – 3,31,33
10.Mai. - C.Lopes- 3,33,21
8.Nov. – Porto - 3,28,50
6.Dez. – Lisboa - 3,46,32

Acrescente-se ainda o Raid Melides-Tróia (43Km)e o TNLÓbidos (39km).

Nesta Maratona de Lisboa, tudo decorria sobre rodas: (o levantamento dos dorsais numa feira muito mais espaçosa e “recheada” que nas anteriores edições, num estádio 1º de Maio que, tanto em termos de condições para um evento destes, como em acessibilidade, bate as pontos a Praça do Comércio), um número record de maratonistas inscritos, bom ambiente.
Fui cedinho e estacionei sem qualquer problema, mesmo junto à porta principal e, rapidamente, comecei a encontrar-me com gente amiga. Segue-se a foto de família com todo o pessoal da minha excelente e numerosa equipa Açoreana C. Banif (que, mais uma vez, foi a que maior número de maratonistas apresentou).
É rendida homenagem ao jornalista Jorge Lopes, grande especialista do Atletismo que ,há uma semana nos deixou e todos se concentram no interior do estádio à espera do sinal da partida.
Gostei daquele início, mas o facto de ter de se dar volta e meia à pista antes de sairmos, controlada apenas por fita balizadora em mãos humanas que deveriam separar os da frente dos da cauda do pelotão… ou tinha de estar muito bem ensaiado ou daria “caldeirada” pela certa. Infelizmente foi o que aconteceu para muitos atletas que, “no calor da pista” deram uma volta a mais, antes de se lançarem nas ruas de Lisboa. Estranhei que amigos meus que partiram mais à frente, só me passassem após uns 6km de prova !...e não me parecia que estivesse a exagerar no meu ritmo, como me disse o Jorge Serra, nosso líder : “ Eh Fernando, isso vai bem!” Mal sabia ele que já tinha feito mais 400m que eu, eheh .
Ora, sabendo eu que não tinha feito qualquer preparação específica (nem específica nem geral, pois desde a Maratona do Porto não voltei a fazer qualquer treino longo, a não ser a Meia da Nazaré) apontar para 3,30 era já querer muito. No entanto, achei que era possível e, por volta dos 12 km, alcanço o marcador de ritmo das 3,30, “escoltado” por um numeroso grupo. Não era tanto pela ânsia da marca, mas porque sabia que, atingida a Meia Maratona, iria encontrar vento forte pela frente e era prudente que me abrigasse atrás de alguém, pois o desgaste de lutar contra o vento, de certeza que iria acelerar a “decadência”. Assim me mantive entre os 12 e os 28,5, (já depois do retorno lá para os lados da antiga FIL).
Ia bem, mas aos 29, quando se começa a arranjar desculpas, “bateu-me nas ventas” um cheiro a transpiração que me pôs nauseado e a ter de encostar. E o grupo do marcador afastou-se. Não estive parado muito tempo (acho que não chegou a um minuto), mas foi o suficiente para perder o ritmo que custou a retomar. Tomei um gel e água e lá me fui recompondo. Por volta dos 35, passa o Tó Jó numa passada impressionante, que me deixou “pregado”(!)… eu que até pensava que me tinha recomposto ! Estávamos a chegar à Rotunda do Cabo Ruivo (que, cá para mim, passa a chamar-se “das Tormentas”). A partir daí, quem ia bem passou a ir mal e quem já ia mal, meus amigos, o único remédio era tornarem-se caminheiros. Lutei contra isso, pois sabia que não voltaria a reencontrar-me se, naquela fase, me pusesse a caminhar. Abrandei o passo de corrida, mas doía-me a anca direita em cada passada que dava e fiquei preocupado com algum distúrbio articular de que estivesse a ser vítima. A somar a isto , a “revolta intestina” que me levou a desviar a rota para trás de uns caniçais, já perto dos 40.
Na última rampa, alguém de bicicleta me dirige um incentivo. Era o A. Bento “Tartaruga” que vinha a dar força ao Nuno Kabeça, com quem fiz os últimos hectómetros. À entrada no Estádio, a claque do Mundo da Corrida dava-nos alento para aquele restinho da Prova (que agora já era “nivelado”) e o cortar da meta com o Nuno, com 3,46,32 fizeram cair o pano sobre a minha última Maratona de 2009.
A apreciação que fiz da prova, farei num próximo apontamento.

domingo, 29 de novembro de 2009

O pregão


Dei comigo a pensar que, se a minha vida dependesse do meu jeito para as vendas, estava bem tramado.
Ontem, enquanto fazia o meu treino possível (com a Maratona de Lisboa no horizonte, daqui a uma semana) pus-me a pensar na forma como deveria “promover” as Melíadas e então, vários foram os slogans que me vieram à cabeça.
O primeiro foi o
“Bem vindos ao mundo encantado dos brinquedos...”
mas isso era ser “macaquinho de imitação” e já tenho “processos que me cheguem”.
Então, optei pelo “pregão” que, ainda que plagiado, já não está sujeito aos direitos registados por marcas poderosas. Tipo
“ Aproveitem a oportunidade! Amanhã já não há!” ou
“ Cá está o homem das Melíadas ! Não é por 50, nem 30 nem 20...mas apenas por 17 euros, não deixe de adquirir um exemplar desta extraordinária obra!” ou ainda:
“Vem aí o Natal! Ofereça um livro que ainda não foi visto em nenhuma livraria do Mundo!”
Depois, caí em mim e senti-me um “sem abrigo” lançado no mundo editorial e então, para condizer com tal “indigência” lembrei-me do apelo ao lado misericordioso das pessoas e outro slogan me surgiu :
“Auxiliai um pobre escriba... tenha a bondade!”

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Melíadas


O título é, talvez, descarado. Obviamente brincadeira. Mas a sua escolha pretende, ao mesmo tempo que fala de quem se "meteu" numa aventura em que se buscava "o incerto e incógnito perigo" que representava uma ultra-maratona ao longo de 43km de praia (em 2005 pensava-se que eram 45km), procura estabelecer um paralelo com algumas passagens da epopeia e levar os leitores a interessar-se por recordar a grandiosidade do "peito lusitano" que, há mais de 400 anos, nos foi genialmente narrada.
Nascidas, de forma avulsa, no forum do Mundo da Corrida (inicialmente no Atletas.net), as Melíadas foram surgindo de comentários que alimentavam o tópico que veio a revelar-se o mais participado do forum, ao longo de 4 anos. As reacções eram estimulantes e iam ditando a sequência.
Porém, nunca pensei que as estrofes pudessem vir a ser reunidas da forma que foram e, associadas a uma excelente selecção de fotos, vieram a constituir um conjunto que acabo por não saber se é um livro com fotografias ou se é um álbum com texto.
Serei suspeito para dizer que se tratou de uma boa simbiose. Já sei que haverá algumas estrofes mais conseguidas que outras, umas piadas que poderão não passar de graçolas de gosto duvidoso. Será o leitor que ajuizará de tudo isto. E eu cá estarei para ouvir as palmas ou os assobios. Eu e o Mundo da Corrida, que achou que era boa ideia fazer-se este trabalho.
No próximo dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Grândola, durante o IV Encontro do Mundo da Corrida, será feita a apresentação das "Melíadas" . O "Edil", que tão "massacrado" foi na "estória" cedeu-nos as instalações e apoiou esta publicação por entender que ela constitui um bom veículo de promoção da Ultra Maratona Atlântica (´tadinho do meu Raid!!!) e daquela extraordinária costa alentejana que vai de Melides a Tróia.
Àqueles que tiverem curiosidade de saber o que vem a ser "isto" ( agora é a abominável parte comercial ...) podem, por 17,00€ (ou 18,50€, se depois de 12 de Dezembro) comunicar o seu interesse neste verdadeiro "bestseller", que até é prefaciado pelo "Edil".
Fico, então, a contar convosco.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

6ª Maratona do Porto /35ª Meia M da Nazaré

ACB na Maratona do Porto

Na 35ª Meia da Nazaré


Quem me conhece sabe que eu me sinto bem é onde possa ouvir e falar (ou escrever) de Corrida. Este blogue tem esse princípio como razão principal da sua existência. No entanto, porque outro tipo de preocupações tem ocupado os meus dias, deixei passar duas grandes Provas sem fazer qualquer apontamento sobre elas:

A 6ª Maratona do Porto e a 35ª Meia Maratona da Nazaré.

Por razões diferentes, são das que maior significado têm para mim.

A Maratona do Porto, porque a acompanho desde a 1ª Edição e tenho sentido uma alegria imensa em constatar que o seu crescimento se alicerça em bases bastante sólidas e que fará dela a maior Maratona Portuguesa nos próximos dois anos, pois o seu percurso, numa paisagem espectacular com o Douro ora à esquerda ora à direita, como cenário de sonho e com uma Organização que tem vindo a dar provas de que sabe estar ao mais alto nível. Corri sem relógio (porque me esqueci) mas reparei que estando atento ao “relógio biológico” sem a pressão do “contador de minutos e segundos” me permitiu fazer uma corrida mais descontraída. Acabei por sentir a quebra na mesma (aos 33km), mas os 2 últimos quilómetros fi-los num ritmo bastante aceitável, tendo terminado abaixo das 3,29 o que não considero muito mau, mas o mais importante de tudo é que adorei participar nesta Maratona de que me honro ser totalista.

A Meia da Nazaré representa, para mim, uma visita ao “santuário” das Provas de Estrada. Muitas atingiram grande “pujança” mas hoje apenas existem na memória de quem as correu. Mas Nazaré mantém-se. Sem dar passos maiores do que a perna, sustentando-se no forte querer da sua gente e na fidelidade de muitas centenas de corredores que vêem esta Meia como eu vejo: lugar de visita anual obrigatória, num “ritual purificador”do entusiasmo pela Corrida. Uma Organização que mantém incutida nesta Prova uma aura que não se consegue bem explicar, mas que nos atrai, está de parabéns e merece o reconhecimento de todos os amantes da Corrida. A Prova que fiz (1,42 ou próximo disso) não é relevante. O que é relevante é que lá estive e retirei dela um enorme prazer, que me faz querer voltar.

Aproxima-se a Maratona de Lisboa (6 de Dezembro) e um Encontro Especial em Grândola (12 de Dezembro), de que falarei no meu próximo apontamento.

domingo, 1 de novembro de 2009

Um Brinde à RUNPORTO






Tudo começa
Quando o marasmo tropeça
Na ideia da corrida
Na ideia da corrida
Com o exercício,
Endorfinas, trazem vício
De correr todos os dias
De correr todos os dias
E o bem estar
Vai começando a alastrar
Em crescente movimento
Em crescente movimento
Nesta cidade
Seja qual for a idade
Há corrida em pensamento
Há corrida em pensamento.

Viva a RunPorto
De gente genial
Faz com o Desporto
Um novo Portugal
E aqui no Porto
Correr ou caminhar
Traz mais conforto
E quem andar torto
Vai-se endireitar

Na primavera
A “Mulher” já está a espera
Mas o “Pai” tem o seu dia
Mas o “Pai” tem o seu dia
Começa o Verão
E nas “Festas de S.João”
A Corrida é que é festeira
A Corrida é que é festeira
Mas quando outona
Vem a “Meia Maratona”
E a “Maratona Inteira”
E a “Maratona Inteira”
A” S.Silvestre”
Termina o ano pedestre
Numa Cidade com vida
Na Cidade da Corrida

Viva a RunPorto
De gente genial
Faz com o Desporto
Um novo Portugal
E aqui no Porto
Correr ou caminhar
Traz mais conforto
E quem andar torto
Vai-se endireitar

Tchim-Tchim !!!
Longa Vida à RunPorto

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

II Corrida das Terras do Grande Lago




Com o Joaquim Adelino, no final




Vim com o Zé Magro até aos 7km (foto C.Fonseca)



O dia começou…ainda era noite (g’anda trocadilho)! Não sabendo bem o caminho, tinha de ir cedo, pois o Joaquim Adelino estava à minha espera em Santa Iria da Azóia, às 5 da manhã.
Depois de chegarmos, demos uma volta pela vila (que ainda dormia) à procura do jardim que era a nossa referência e, quando demos por nós, já estávamos junto ao castelo “guardado” pelo D. Nuno Álvares Pereira montando o seu cavalo.
Precisávamos de comer qualquer coisa, mas o único café que estava aberto (que tivéssemos visto) era o da bomba da gasolina. Reconfortado o estômago, fomos até ao tal jardim, que, entretanto, já tínhamos descoberto.
Começámos aí a ver as primeiras movimentações de companheiros da corrida, já equipadinhos e despachados, que estavam à espera que um outro café abrisse para matarem o jejum.
Levantámos os dorsais e preparámo-nos para apanhar um dos autocarros que nos haveria de levar até ao lado nascente da Barragem,onde iria ser dada a partida.
Não andava bem dos intestinos, o que causava um desconforto enorme.
O tempo estava óptimo, embora prometesse que ia aquecer, quando foi dado o tiro da partida. Fazia-me uma certa pena ver que tão poucos atletas tivessem optado por esta prova. Na minha óptica, perdeu quem não esteve lá!
O Nuno Romão tomou a dianteira e foi ganhando avanço sem ninguém se aproximasse dele. Claro que isso lhe permitiu gerir a vantagem e chegou a Portel com grande avanço.

Gostei desta Prova, apesar do ondulado do percurso, com subidas intermináveis, seguidas de descidas menos “intermináveis”, pois a cota de Portel está mais elevada que a do Alqueva.

Talvez devido às minhas “aflições” não senti a liberdade na Corrida, que costumo sentir, pois o facto de correr numa estrada ladeada por rails e atrás destes, vedações com arame farpado, aumentavam a minha ansiedade ao antecipar a mais que certa “vontade de libertar conteúdos”. Fui procurando controlar o andamento, mas sempre com um olho na cerca, até que aos 12, mais coisa menos coisa, lá encontrei uma passagem secreta para o “alívio”.

Aos 20 paro no abastecimento, por algum tempo, tomando 2 isostar, banana e água. Sabia que podia ser “perigoso” mas tinha que arriscar. Acho que me fez bem, pois nos últimos 2 km, ganhei umas 6 posições, tendo chegado com 2,15,23 .

Quanto à apreciação que faço da Prova, é positiva : Boas condições para o acolhimento dos atletas; transporte para o local da partida; bons abastecimentos; Km marcados; um final com bastante espaço para descontrair; massagistas q.b. (talvez a prova com o maior “rácio” de massagista por atleta); não vi problemas com o trânsito; o almoço-convívio em que não pude estar presente mas que é muito importante, os fotodiplomas disponíveis em 48h.
De menos positivo talvez seja mesmo o percurso ao longo de uma via rápida, não que haja problemas com o trânsito (que é pouco e a estrada é larga) mas porque quando se fala em correr no Alentejo, interiorizamos que correremos na planície, num espaço amplo, com uma árvore aqui e ali e podemos ser surpreendidos por correr numa “pista vedada” que começa numa povoação e acaba noutra. Entre uma e outra, se não fosse o calor humano das e dos colaboradores dos abastecimentos, teríamos percorrido um deserto de asfalto, onde os únicos olhos que nos fitavam eram os dos agentes da GNR que estavam nos cruzamentos.
Por mim, pode a Prova continuar como está, que eu voltarei com todo o gosto, mas considero que aquela zona terá condições para que se tire melhor partido delas… e não deixará de ser Corrida nas Terras do Grande Lago.
Quero, por último, felicitar a Organização pelo excelente trabalho que fez e que bem merecia ter tido uma participação mais a condizer.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Meia Maratona da Ponte Vasco da Gama


A minha grande equipa da ACB, que estreou camisolas novas nesta Prova
... e que vai estar no Porto com 30 Maratonistas
Este post era para ter sido feito há quase 3 semanas! Não o fiz logo e depois ...esqueci-me. Mas por ser o registo de uma prova em que, apesar do tempo de espera que exige, gosto de estar presente, venho tarde mas venho.
Estive na Ponte Vasco da Gama no passado dia 4 de Outubro. Tenho várias testemunhas que o podem confirmar, menos a que daria mais crédito (ou talvez não!) que era aparecer na classificação! É que esqueci-me de colocar o chip! Outra vez ?!?! dirão. Já me tinha acontecido em Mafra e agora voltei a cometer a mesma asneira. Paciência. Corri só com o dorsal mas apenas com o meu próprio controlo. Demorei 1,42 depois de atravessar um período crítico entre os 10 e os 15km . No Porto, no último Domingo, a coisa foi melhor, embora ainda aquém do que eu conto poder fazer, com 1,39,20 (menos 1’ que o tempo oficial). A diferença é que no Porto também corri só com o dorsal e... chegou para ser classificado. Essa é uma das grandes vantagens do Dag System que a RunPorto, em boa hora, adoptou, pondo de lado os "dois componentes" que apelam a uma maior... "concentração" ao equipar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Corrida do Grande Lago



Ainda antes da 6ª Edição da Maratona do Porto tenho a Corrida do Grande Lago para fazer no próximo Domingo. Serão 25 km que se encaixam bem no âmbito da preparação para 8 de Novembro. Acho que existem por ali atractivos naturais irresistíveis. É mais uma das provas para se fazer desfrutando do ar, do percurso, da paisagem. Quem quiser que vá depressa, que eu quero "beber" a Corrida descansado .

terça-feira, 20 de outubro de 2009

3ª Meia Maratona Sportzone e II Meeting Blogger

A Corrida...

Parti lá de trás, juntamente com a maioria do pessoal dos “Cyber Runners”. Demorei apenas um minuto a passar pela linha do tempo e cedo apanhei o ritmo (até mais do que devia) até que por volta dos 5km, me passa o Paiva e me chama a atenção, pois ele ia para 1,35 e para mim, 1,40 era bem bom (representava menos 2’ que o tempo feito na Ponte Vasco da Gama, 15 dias antes!). Era mesmo de abrandar.
Todo aquele belo cenário fazia-me pensar que estava a correr a Maratona do Porto, afinal, com excepção da “ponta” do retorno na Afurada, todo ele vai ser percorrido no próximo dia 8, integrando metade da prova raínha .
Terminei com 1,39,40 (tempo líquido).
Gostei muito da Prova, o que não é de admirar, pois o padrão de qualidade das Provas da RunPorto já tem “pouca margem de progressão” naquilo que é humanamente possível. Questões de pormenor haverá sempre, mas não foram da responsabilidade da Organização e que nem me atrevo a referi-las.
Nota máxima para esta 3ª Meia Maratona Sportzone, que consegue juntar os “monstros” do atletismo mundial, com os modestíssimos corredores de pelotão, de forma a que ambos saiam da Prova com a sensação de que foram muito bem tratados.
Quanto aos resultados, já toda a gente sabe, mas vale a pena revê-los .

...e a Patuscada

Depois da banhoca (num ginásio "altamente") , não deu para apanhar o barco para a Afurada (parece que havia uma avaria ), pelo que fomos de carro até ao Patilhão, o restaurante designado. Sentados os comensais, o Miguel Paiva, fez a apresentação dos bloggers presentes, pois havia alguns que eu ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer pessoalmente. E foi com grande satisfação que alarguei o meu leque de conhecimentos. É espantoso como a net nos proporciona caminhos na comunicação impensáveis há uns anos atrás.
Oportuna foi a apresentação do livro do Vitor Dias “Correr por Prazer”, que estará disponível na Expo Maratona. Uma leitura que, obviamente, se recomenda, ou não fosse ele um estudioso dos muitos temas que compõem o nosso universo da Corrida.
Muito provavelmente, o III Meeting irá realizar-se na zona de Lisboa. Já se perfilam alguns candidatos, mas aceitam-se sugestões para que o nosso “comité” se pronuncie.
Finalmente, é da maior justiça, que deixe aqui um agradecimento especial aos nossos anfitriões, João Meixedo e Miguel Paiva, pelo trabalhão que tiveram para nos proporcionar este espectacular encontro na margem esquerda do Douro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

3ª Meia Maratona Sportzone


Das grandes Organizações da RunPorto, já conhecia a Maratona, a Corrida de S. Silvestre, a Corrida do Dia do Pai, a Corrida das Festas da Cidade. Faltava-me a Meia Maratona Sportzone e este ano, aproveitando a excelente ideia de se associar à Prova o II Meeting Blogger, achei que era de aproveitar. “Sacrifiquei” Ovar ( com muita pena minha, mas as finanças “controlam” muito as deslocações) e lá me “alistei” no “exército dos cyber runners” para me estrear na Prova.
Claro que estou feliz pela opção que tomei. É que o Porto, para mim, graças à simpatia e hospitalidade da sua gente e ao número de amigos que ali fui criando (sempre em torno das coisas da Corrida) é uma cidade que cada vez mais admiro e onde muito gosto de estar.
Na véspera, fui até à Expo, para recolher o dorsal e conversar um bocadinho. Lá estava o João Meixedo no controlo das operações relativas à participação da “cyber equipa” assessorado pelo bem disposto e simpático Francisco, o melhor guarda-redes que o dragão vai ter dentro de uma dúzia de anos e o Miguel Paiva (os mentores do Meeting). Encontrei também o Hugo Loureiro, grande criador da imagem das iniciativas RunPorto, o António Almeida e as suas meninas, o Tiago Teixeira, o Soares Pinto.
Depois de um agradável passeio pela beira do Douro, nesta fantástica tarde de Sábado, foi o regresso ao Hotel e aguardar pelo dia seguinte.
Logo pela manhã, o grande Haile (chamemos-lhe só assim, pois “enrolo” a lingua toda quando quero dizer “Gabrselassie”), estava na recepção vendo e divertindo-se com imagens do Youtube que mostravam um militar etíope, falando com grande veemência para uma multidão, sentada no chão. Sem que eu percebesse patavina do que estaria a ser dito, o Haile desmanchava-se a rir com as afirmações e possível “destempero” no linguajar do “general” .
Esperei que terminasse e abordei-o :
-Haile, may y take a photo with you? – perguntei-lhe eu no meu inglês de trazer por casa (e que, mesmo assim, teve de ser “ensaiado” enquanto ele ria do filme!). E... pelo sim, pelo não, mostrei-lhe a máquina que, de imediato passei ao Elísio Rios, a quem já tinha “encomendado” o serviço.
-Shure! – respondeu ele, sorrindo e pondo-se a jeito.
Naquele momento, senti-me noutra galáxia, ao ver que o maior maratonista de todos os tempos estava ali comigo, permitindo que registasse esse momento. E, depois ainda me agradeceu ! Aquilo que me tinham dito dele, confirmou-se : extremamente simpático, que sabe sorrir para as pessoas, como se conhecesse toda a gente. Bravo.

3ª Meia Maratona Sportzone e II Meeting Blogger


Depois de um “jejum” (não intencional) de 30 dias, nada melhor do que um dia de Festa para regressar ao contacto com aquele(a)s que são a razão da existência deste blogue. A Festa foi na Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto e constava de duas componentes que estavam intimamente ligadas : a 3ª Edição da Meia Maratona Sportzone a que se seguiria o II Meeting Blogger .

O dia começou e ficou logo ganho. O simpatiquíssimo “voador” posou ao lado de um dos corredores da grande equipa dos “Cyber Runners”. Podia eu passar sem exibir aqui o testemunho do momento mais alto da minha “carreira”?!! Claro que não:

Um é dos Cyber Runners. E o outro, quem é ?

Depois, foi a viagem até ao local da partida, um abraço ao grande amigo e Director da Prova, Jorge Teixeira, o encontro com os outros elementos de negro vestidos, (preciosa colaboração da RunPorto que nos ofereceu as t-shirts) .

A foto de família (com os que estavam), a prova, o duche, o convívio na Afurada…

"De manhã, tá-se bem é na caminha" ...

E aí estão os ingredientes para uma estória a exibir brevemente, num… monitor perto de si.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fotodiplomas

Os fotodiplomas da 33ª Meia Maratona de S. João das Lampas estão disponíveis .
Aquele(a)s que cá estiveram, já podem fazer o download. Gratuito.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

33ª Meia Maratona de S.J.Lampas




Eu e a vencedora, Helena Sampaio

Caros amigos,

Mais uma vez quero agradecer-vos os comentários que aqui foram feitos à 33ª Meia Maratona de S. João das Lampas. É agradável de ler o que foi escrito. Envaidece-nos o ego, mas não nos deslumbra, pois sabemos que não podemos “adormecer” à sombra da “alegada” qualidade que conquistámos.
Em cada ano, corrigem-se uns erros, mas há outros que surgem. Não virá grande mal se os novos erros forem menos graves que os anteriores, mas são sempre de evitar.
O grande número de atletas que nos vieram felicitar pelo nosso trabalho, revela que continuamos a ter uma prova agradável e, muitos dos que vieram pela primeira vez, expressaram a sua vontade de voltar, desmistificando a “tenebrosa” imagem que alguém lhes transmitiu, de que se tratava de uma Meia Maratona assustadora. Ninguém nega as suas dificuldades, mas uma boa gestão do esforço resolve-as bem.
É verdade que gostaríamos de ter muitos mais atletas. O dobro… quiçá os mil, mas isso não é nem deve ser uma obsessão. Se vierem, serão recebidos da mesma forma que as actuais três centenas. Se não vierem continuaremos animados com o mesmo espírito que até agora.
A realização de uma prova de 10Km no dia seguinte, a escassos quilómetros de S. João das Lampas, tem sido factor de afastamento de muitos potenciais atletas. Optar-se entre 10km fáceis e 21km difíceis para uma grande parte dos corredores, não é escolha complicada.
Que cada um faça a sua escolha. Nós escolhemos continuar a trabalhar para que na 34ª Meia Maratona de S. João das Lampas, em Setembro de 2010, possamos tê-los a todos de volta, trazendo novos amigos e que, no final, se sintam felizes por terem vindo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

33ª Meia Maratona de S.João das Lampas


Helena Sampaio(Maratona C.Portugal) e a sua 3ª vitória na Prova

José Gaspar (Os 3 Santos Populares) estreante mas ganhador
E vão 33!
“Entretidos” com a contagem das edições da Meia Maratona de S. João das Lampas e - vaidosos por isso - até nos esquecemos que igual número de anos, vai sendo retirado ao nosso “saldo temporal”, ao nosso “piflô”, como diz um sujeito castiço que conheço. Pois que seja assim, que nos mantenhamos iludidos com uma espécie de “elixir da eterna juventude”(que cada vez está mais fraquito). Alegra-nos, contudo, que outra gente vá surgindo, para irmos passando o testemunho que garanta a continuidade de uma prova que é corrida por poucos mas que é querida por muitos.

Fizemos o que nos foi possível para merecer os elogios que simpaticamente nos têm sido feitos. Sabemos também que isso pode criar expectativas em pessoas que, ao visitar-nos, acabam por esperar mais de nós que não podemos dar mais do que aquilo que temos. Mas sentimos uma responsabilidade maior.

Estamos cá e… esperamos pelos atletas! É este o segredo. Não damos cachés; não fazemos grande “campanha” (nem flyers distribuímos); não emitimos comunicados para a comunicação social (porque também nos cansámos de o fazer, sem sucesso). O nosso veículo de comunicação tem sido o “passa-a-palavra”, de amigos para amigos. Tem resultado! e faz jus à expressão “ palavra de saloio vale mais que escritura” . Os amigos têm aparecido e “trazem outros amigos também”.

Gostamos de os ter cá e sentimo-nos honrados com isso. Obrigado a todos.

Quanto à prova, entendemos que foram cumpridos os objectivos. O problema do trânsito melhorou (mas isso está sempre dependente da sensibilidade dos agentes da BT que se encarregam do serviço, pois há os que são mais pelos automobilistas e os que são mais pelos atletas); O programa de animação juntou bastante público em S. João das Lampas; os funis (da meia e da mini) funcionaram bastante melhor que no ano passado; a partida da mini em separado, também me pareceu ser melhor para todos; As classificações foram imediatas; os prémios foram entregues rapidamente. A entrega dos dorsais… precisa de uma reflexão, pois embora melhor que no ano passado, ainda deixou algo a desejar.

No cômputo geral, achamos que cumprimos, mas o que nós achamos conta pouco, pois são os atletas, patrocinadores e público, que terão legitimidade para dizer isso.

Vamos começar a pensar na 34ª.

Veja a reportagem na Saloia TV e na AMMA e agende o 2º Sábado de 2010 para nos fazer uma visitinha.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

33ª Meia Maratona S.João das Lampas




Não sei se faço bem, se faço mal. Talvez o efeito surpresa fosse mais interessante, mas não resisto a revelar-vos as nossas ofertas, naquilo a que, modernamente, se chama " O kit do corredor" que, no nosso caso é dado no fim da prova. Ora vejam:






A medalha :



a t-shirt Sportzone




o chapéu "Junta de Freguesia de S.J.Lampas"





e a mochila para "carregar" isto e muito mais, com a particularidade de ser impressa em tinta reflectora, o que permite aos atletas virem a meditar e regressarem a "reflectir"(eheheh) se terá ou não valido a pena.
















sábado, 5 de setembro de 2009

O Último Quilómetro

O nosso amigo Jorge Branco tem um blogue de que me tornei seguidor assim que soube dele. Chamou-lhe "O Último Km", não com o pensamento de quem se está a despedir da Corrida, mas com o intuito de celebrar a conquista de um Km que parecia muito distante quando deu o 1º passo.
Encontrei neste Blogue referências simpáticas à Meia Maratona de S. João das Lampas, entre as quais destaco uma lateral que diz:

33ª Meia Maratona S.João das Lampas 12-09-09
Uma prova em que todos são tratados como amigos!
Não há prova em Portugal que mime mais os participantes!

Sem me deixar embebedar pelo exagero (ainda por cima de alguém que aiinda não tive o prazer de conhecer pessoalmente), não deixa de ser gratificante esta mensagem. Obrigado Jorge. (Só é pena é que os posts do blogue não aceitem comentários! Tudo seria mais fácil).

Mas, como diria o repórter Sabino Rui, do Curral de Moinas, não foi isto que me trouxe aqui, a invocar o "Último Km".

Estava lá o seguinte texto :
(ilustrado com a foto do Ántónio Almeida e a sua Vitória, a cortarem a meta)

33ª Meia Maratona S.João das Lampas

33.ª Meia Maratona de São João das Lampas é já dia 12

Uma das mais emblemáticas provas de estrada do concelho de Sintra, e até do país, está aí à porta. É já no dia 12 deste mês que centenas de atletas vão participar na 33.ª Meia Maratona de São João das Lampas, percorrendo a zona saloia numa extensão de cerca de 21 quilómetros. A prova terá início às 17 horas em São João das Lampas e inclui passagem por A-do-Longo, Areias, M. Cabeça, Alvarinhos, Odrinhas, Amoreira, Monte Arroio, Bolelas, Sacário, Pernigem, Fachada, Chilreira, Codiceira e Alfaquiques.Para além dos troféus, produtos alimentares e brindes de presença, há prémios monetários até ao 10.º classificado.

Ora aqui é que "a porca torce o rabo". Sendo moradora na freguesia e jornalista de profissão (embora não a exerça actualmente), tive curiosidade em espreitar o site da prova www.lampas.org. Gostaria de saber porque é que há uma diferença abismal entre os prémios para homens e os prémios para mulheres? Reparem que o primeiro classificado na categoria de masculinos receberá 1200 euros, enquanto na de femininos apenas 700. Note-se que é quase metade do valor... É porque as mulheres levam mais tempo a chegar à meta? A sua condição física é inferior à dos homens? É pura discriminação? Ou haverá outra explicação plausível?Ao longo dos meus cinco anos de carreira como jornalista fiz algumas reportagens sobre atletismo, incluindo a Meia Maratona de São João das Lampas, a S. Silvestre dos Olivais e a Dupla Légua de Campolide. Embora seja uma leiga no assunto, sempre levei o barco a bom porto, acompanhando os preparativos das provas, com a distribuição dos dorsais, os comentários sobre os percursos, a chegada à meta, as declarações dos atletas, a opinião do público... mas confesso que nunca tinha reparado nesta diferença monetária.Agora, o desafio fica lançado: deixe a sua opinião (através do email teixeirajb@gmail.com) e juntos tentaremos perceber a razão pela qual as mulheres auferem metade do valor do que os homens.
Ana Rita Gomes

Resposta por:
Rui Lacerda

Olá Ana Rita,
Penso que a razão principal da diferença do valor do prémio está na previsão da participação feminina nesta prova! Segundo julgo saber, e porque só participo em provas há três anos e meio, sempre foi assim! A razão para a fraca participação feminina está ainda no machismo das obrigações familiares, toda a gente sabe que uma atleta feminina tem muito mais dificuldade a impor-se no seio familiar: Ela trata dos filhos, do marido, da casa e das obrigações profissionais, em suma, fica com pouco tempo para treinar e participar nestes eventos! Logo o que interessa às marcas publicitárias, excluo as organizações e clubes, é os atletas de gabarito. Sem grandes nomes (homens) não há "graveto", sem graveto não atletas, um ciclo vicioso! Não há apoios, não há dinheiro para Todos. Penso que Não há discriminação da parte da organização, ajustaram os valores à participação das atletas, Poderia ser outro valor, concordo! Mas existem menos escalões femininos, menos competitividade! Não quer dizer que as atletas sejam menos competitivas, tem menos adversárias porque as outras atletas (as nossas apoiantes incondicionais; mulheres e namoradas ou irmãs) têm outras opções!

Abraços e bons treinos,
Rui Lacerda
_____________
Não há dúvida que este texto está bem onde está, mas porque entendo que tenho algo a dizer sobre ele e o "Último Km" não aceita comentários, entendi "arrastá-lo" para aqui, pedindo desculpa pelo abuso.


Aí vai :

Em visita a este "Último Km", excelente blogue do amigo Jorge Branco, dou com este texto que considero muito interessante e oportuno, sobre a Meia Maratona de S. João das Lampas, prova em que tenho fortes responsabilidades. E a grelha de prémios é uma delas, que assumo e que, ao longo de 32 anos de existência, sempre foi assunto de reflexão séria.
Penso que o amigo Rui Lacerda, sem que ninguém lhe tenha pedido para nos defender (obrigado,Rui), deu um esclarecimento que "acerta em cheio" nas razões que levaram à elaboração de uma grelha de prémios como a que foi apresentada.
Tem, de facto, a ver com os índices de participação. Ser-se o 1º entre 300 obedece a uma competitividade diferente da de ser-se 1ª entre 15 ou 20. No nosso entendimento, consideramos justa a proporcionalidade no prémio. E, mesmo assim, repare-se que as mulheres saem largamente beneficiadas, pois faça-se o seguinte exercício :
~Calculemos um índice entre o valor do prémio e o número de participantes. No caso dos homens, temos 1200€ para 300 atletas (o que dá 4€/atleta). Nas mulheres, temos 700€ para 20 (o que dá 35€/atleta.Se houvesse "discriminação" seria em sentido contrário.
Diferente seria a tabela de prémios, se a prova admitisse apenas 20 homens e 20 mulheres. Aí, os prémios em disputa deveriam ser exactamente iguais.

É este o entendimento que fazemos de uma realidade que nos entristece, mas que esperamos venha a ser alterada num futuro breve.

Não sei se terei conseguido "justificar" o procedimento mas a verdade é que procurámos ser o mais justos possível, embora saibamos que há sempre lugar à crítica. E a crítica foi sempre coisa com que lidámos bem, aceitando-a quando ela pode contribuir para melhorar a Prova e "rebatendo-a" quando as razões que nos assistem, nos parecem as mais adequadas.
Por último, gostaria de dizer que tenho pena que este assunto, não nos tenha sido comunicado directamente, questão que está ultrapassada, pois tive a sorte de encontrar este texto oportuno da Ana Rita Gomes, a quem agradeço a crítica e que, sendo jornalista e minha "vizinha" seria uma honra tê-la a assistir (ou correr mesmo) na 33ª Meia Maratona de S. João das Lampas.
Ao Jorge Branco, agradeço a oportunidade da resposta.

Grande Abraço.
FA

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

33ª Meia Maratona de S.J.Lampas - Apresentação




Olá Amigo(a)s

Tenho andado “fugido” mas a verdade é que não tenho andado com disposição para a escrita, se bem que continue a dar uma olhadela pelos blogues amigos e pelos comentários que aqui têm feito, que muito agradeço.

O aproximar de mais uma edição da Meia Maratona de S. João das Lampas, tem-me arredado destas lides.

Hoje mesmo realizou-se a apresentação da Prova à comunicação social. É claro que dos vários convites endereçados, como era de esperar, poucos foram os que responderam “presente”. Pois que sejam poucos, mas bons!

Nós só temos que fazer o nosso trabalho, que é realizar o evento a que nos propusemos. Outros, se o entenderem, que falem dele. Aos que o fizerem, obviamente que nos sentimos muito gratos.

Sábado, dia 12, esperamos por vós.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Diz a IAAF: " Corres bem... mas tens de mostrar a ... !"



Talvez ela estivesse no fim da fila, quando o Criador distribuiu pelas mulheres, os milagrosos “pós” de estrogéneo, que lhe haveriam de dar aquele ar doce, meigo, esbelto e sedutor, com que elas nos arrebatam. Ainda por cima, negra! Mas o que é que a jovem Semenya podia fazer, a não ser contentar-se com o que sobrou para ela? Desenvolver outros atributos, pois claro!
Especializou-se em correr! 800m! Aos 18 anos, em Berlim, deixou “pregadas” as adversárias, ganhando a corrida com uma vantagem impressionante! “Arrasou” a concorrência! Mas, como não tinha um sorriso bonito para oferecer a quem lhe haveria de reconhecer a superioridade, foi lançada a pública suspeita: seria, de facto, uma mulher, ou um homem infiltrado?
Imaginem agora o que se passa na cabeça de uma miúda de 18 anos que, certamente, gostaria muito de ser bonitinha, ainda por cima, levar com esta!!!
Havendo suspeita, a IAAF deveria ter sido mais cautelosa a tratar do problema, fazendo-o em privado. Suspeitas públicas, só se houvesse já certezas! Porque raio terá a rapariga de mostrar a sua “documentação anatómica” a todos os que a olharem de lado?
Não está certo!
Até parece que ressurgiram as vontades que fizeram a vida negra a Jess Owens, há 63 anos atrás. Querem agora uma versão feminina!? E Berlim volta a ser o palco.
A IAAF, enfim, lá tem os seus “doutos varões, com as suas razões subidas” a fazerem coisas destas. Até podem ter razão, mas poderiam ter tido uma forma mais airosa de lidar com a situação.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Peregrinação" a S.J.Lampas

Está a fazer 3 anos, quando li no forum O Mundo da Corrida, um dos mais espectaculares textos que alguma vez li, a propósito da Meia Maratona de S. João das Lampas, escrito pela pena do nosso grande amigo Joaquim Margarido, que nos tinha visitado pela 1ª vez.
É sempre tempo de recordar o que há de bom. Muito obrigado Margarido.
Convido-vos a (re)ler esta preciosidade:



Joaquim Margarido a terminar a 30ª Meia Maratona de S.João das Lampas, ladeado pela Margarida, sua filha e pelo amigo Orlando Duarte

(Do que vi e ouvi em S. João das Lampas, aonde fui por mando d’el-Rei, aqui vos dou conta para que saibais em quão esforçados trabalhos se metem aqueles que afrontam as temíveis rampas, ali postas pelos desígnios do Bendito e para desgraça dos infelizes.)
Aos nove dias do mês de Setembro do ano de 2006, desembarquei em S. João das Lampas, que dista uma légua do Porto do Magoito, onde as mulheres se mostram em parte ou no seu todo, que logo fiquei com a cabeça mui baralhada e com a alma em grande desassossego. E sendo chegado, de pronto me acerquei da fortaleza de que é senhor D. Fernando de Andrade, capitão da terra, o qual, tanto que soube que era chegado, me veio buscar em pessoa, e abrindo-me os braços, me estreitou com sincera amizade, e me mandou entrar para uma espécie de igreja e com cerimónias de cortesia de seu uso me mostrou o vasto espólio de três décadas de sua festa.

E depois de haver já muito tempo que aqui estava, me fui despedir dele e muito lhe aprove que trouxesse um dorsal e me fosse ao terreiro onde, para grande espanto meu e no meio duma grande grita, do céu desciam já homens agarrados como que a uns boletos e o povo em grande animação saudava aqueles homens, e eu, assaz suspenso e pasmado, dei muitas graças a Deus Nosso Senhor que por sua misericórdia os quis salvar tão milagrosamente que se fosse eu me morreria da queda ou ainda antes, que do medo me mijaria a bexiga.

E mui animado com o que vi, logo percebi que já todos se preparavam para a festa que mais não era que correr quatro léguas e um quarto por sítios onde Deus Nosso Senhor nunca andou, nem se atreveria a andar, tão grande a empresa e tão forte o penar, que antes morrer no madeiro que subir e descer caminhos de tão grande desaventurança.

E o Sol caminhava já para o seu ocaso quando um nobre de terras mais a norte, de nome D. Carlos de Lopes, senhor de grandes feitos e de muitas conquistas de ouro, prata e bronze, empunhando um pequeno arcabuz, deu uma salva que logo desataram todos a correr para a frente que mais pareciam gente de briga a fugir do Coja Acém. E em menos de um credo se desapareceram para logo voltarem a aparecer e a desaparecer de novo.

E enquanto aguardava que viessem novamente, por ali me fiquei, e pude ver como esta gente de S. João das Lampas tem por conta estimável o Santo Nome do Altíssimo, que lhe erigiram não pequena igreja e logo em frente uma não menos pequena estátua aonde se representam as gentes em seu devido trabalho. E estando eu preso em meus pensamentos logo se me deu em cismar numa trova que em altos gritos saia dumas caixas negras e que de estranhas falas e não menos estranhas intenções, falava em pôr o carro numa apertada arrecadação de senhora da vizinhança. Que, como é bem sabido, se guardam carros em arrecadações, mas largas, que el-Rei não usa para seus proventos estreito porto e sempre prefere a Doca de Leixões ou mesmo a Barra do Tejo para fazer arribar sua não pequena nau.

Como as minhas indagações de procurar resposta para tão estranho cometimento se mostrassem de todo infrutíferas, regressei ao terreiro da festa onde se anunciava já a chegada dos primeiros com o estrondo dos tambores, bacias e sinos e com as gritas e brados de uns e dos outros, acompanhados do que parecia ser muitos pelouros de artilharia, e de arcabuzaria, e na terra o retumbar dos ecos pelas concavidades dos vales e outeiros, que faziam as carnes tremer de medo.

E logo na frente, um santo cristão, com o nome do Bendito, em cujas pernas parecia haver a força de catorze elefantes, que por Nossa Senhora do Outeiro de Malaca se conseguiu afastar de dois cafres que vinham mais atrás e que arremetendo contra ele, muito ateimavam em pôr-lhe a mão. Destes três e de mais uns quantos, porventura bem poucos, quis Deus Nosso Senhor que chegassem em bom sossego, trazidos por ventos mansos que parecia que nem tinham passado trabalhos tão esforçados. Mas a grossa fileira que os sucedia mais parecia vir da peleja, tão triste e miserável era o estado em que todos vinham, e tão disformes nas figuras dos rostos que metiam medo, e tão fracos que nem a fala podiam bem lançar pela boca. E depois de serem recolhidos e agasalhados o melhor que então foi possível, todos se passeavam por ali como que suspensos e alguns vinham tão arvoados de suas cabeças, que caíam no chão com uns estremecimentos de maneira que por uma grande hora não tornavam em si.

E procurei indagar de tanta desdita ao que um nobre, de seu nome D. Orlando de Duarte, me afirmou que, a ter de penar de novo as penas das malditas rampas, preferia regressar à cidade de Moca aonde havera estado cativo do Soleimão Dragut e ser de novo levado por toda a cidade em modo de triunfo, com grandes gritas e tangeres, onde até as mulheres encerradas, e os moços e meninos lhe lançavam das janelas muitas panelas de ourina, por vitupério e desprezo do nome cristão. E também D. Eduardo de Santos, Administrador de Portal e homem habituado a peregrinações de quase três dúzias de léguas, ali andava às voltas com o olhar parado, não se cansando de repetir: “Sabe Deus quão arrependido eu estou disto!”. Conquanto uma pobre mulher de nome D. Ana de Pereira, chorando com grandes urros implorava que não lhe fizessem mais mal, que era cristã como qualquer de nós, misturando nestas palavras outras bem pouco sensatas e de difícil entendimento sobre uma vaca que jazia morta à beira da estrada.

E até D. Jorge de Teixeira, um nobre senhor dono de muitas festas em seus redutos e conhecido por a si mesmo se designar por “um homem do Norte” e por ter tanto desprezo pela moirama que enxota filhos de Mafamede dos seus palanquins como quem enxota moscas, ali estava posto em grande consternação à vista daquela pobre gente. E tocado também ele pelo dom de misericórdia do Bendito, se apiedou de todos eles e a todos pôs à disposição transporte para que viessem a sua festa aos quinze dias do mês de Outubro, que muito lhe gostaria vê-los e dar-lhes tratos dignos, cobrindo-os com belas roupagens estampadas e coroas de loiros. E todos olhavam para ele com muita desconfiança pois, como é sabido, nos redutos de que é capitão e senhor, o mais que se dá são as fedentinas vísceras dos animais aboiadas num caldo de feijão ao qual chamam de “prato regional”.

Mas ao final, ajuntando-se muito a um lado da igreja, todos louvaram o Santo nome do Bendito que, do meio de todos estes perigos e trabalhos, os tirou sempre em salvo, todos achando que não tinham tanta razão de se queixar por todos os males passados, quanta de lhe dar graças por este só bem presente, pois os quis conservar em vida. E também D. Fernando de Andrade, dando muitas graças a Deus, lhes distribuía não pouco avultados bens que, no seu todo, somavam oito mil taéis de prata, e cinco boiões grandes de almíscar, e muita seda, retrós, cetins, damascos e barças de porcelanas finas. E com isto se despediram uns dos outros, e se recolheu cada um à sua estância, por serem já quase as nove horas da noite, em que o quarto da prima se acabara de render, e os capitães da guarda vigiavam já para que tudo se quedasse conforme ao anterior estado do terreiro da festa. E me recolhi eu também, não sem antes pernoitar nas praias da Ericeira, a cujos banhos el-Rei se rende não poucas vezes em cada Verão.

Por ser isto verdade, vos deixo com este relato e vos exorto a que não desanimeis com os trabalhos da vida, para deixardes de fazer o que deveis, porque não há nenhuns trabalhos, por grandes que sejam, com que não possa a natureza humana ajudada dos favores do divino. E por outra me ajudem a dar graças ao Senhor omnipotente, por usar também comigo da sua infinita misericórdia, apesar de todos os meus pecados, porque eu entendo e confesso que por eles nasceram todos os males que também a mim me atormentam, e dela as forças, e o ânimo para os poder passar, e escapar deles com vida.






Joaquim de Margarido

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

TNLO -Trail Nocturno Lagoa de Óbidos -Texto

Falava-se que um tal “Trail” havia montado o cerco ao Castelo. Quase oito léguas era o seu tamanho (!) e poucos aqueles que se dispunham a fazer-lhe frente. Era temível a sua fama, mas o “alcaide”, homem habituado a pelejar em outras paragens contra inimigos semelhantes, tinha lançado o apelo à sua gente. Foram muitos os que responderam, pelo que, naquela noite e à hora marcada, centena e meia de "guerreiros" concentraram-se na praça para ouvir as últimas instruções do "capitão" e se lançarem para fora da muralha, destemidamente determinados a afugentar o "inimigo".
Houve até quem reforçasse a sua coragem com uma “ginjinha”, grande especialidade da Vila, e ouvisse palavras de estímulo por parte das simpáticas vendedoras que, atrás de pequenos quiosques de madeira que ladeavam a Rua Direita, apregoavam o melhor nectar e o davam a provar a quem passava.
Ao sinal, (que mesmo sendo um simples estalido, tinha o efeito sonoro e bélico de um toque de clarim) toda aquela massa humana, saía em bloco pela porta sul do Castelo, para se lançar naquela aventura na noite, em busca... não se sabia bem de quê. Era grande o espanto de quem via passar aquela formação em que cada um levava o seu “archote” na fronte, qual unicórnio luminoso, que tornaria visível os trilhos e não trilhos, por onde se deveria passar, para cumprir as instruções da "chefia".

Bom.... feito este “retrato” (já sabia que não me aguentava muito tempo neste “registo”) passemos ao relato deste TNLO.

Cerca das 20,30h, junto à entrada principal de Óbidos, nas “Portas da Vila”, até parecia que tinhamos marcado encontro, pois ali afluiram muitas caras conhecidas, que hoje assumiam a condição de “trailers da noite”. Foi aí que jantámos, após o que nos encaminhámos para o interior daquela relíquia urbana da idade média, onde, na praça principal estava montada uma tenda que era o Secretariado da Prova. Levantam-se os dorsais, esclarecem-se dúvidas, é feito um “brieffing” e é dada uma partida simbólica, para que, todos corrêssemos agrupados até ao exterior da muralha . O Jorge Serrazina e o António Miranda “punham travões” na coluna pois a partida efectiva só iria ser dada lá fora, o que aconteceu logo que parámos.

Frontais a iluminar o caminho, o pelotão rapidamente se desfez em pequenos grupos, que se colocavam em fila indiana sempre que se estreitavam os trilhos. Fui tentado a olhar para trás várias vezes para ver o efeito de tanto “pirilampo” na escuridão, mas a prudência aconselhava-me a dar mais atenção ao solo que pisava. Os que iam à minha frente – a maioria – destacavam-se não pelos frontais (que projectavam a luz para a frente) mas pelos reflectores que tinham nos sapatos ou no equipamento. Havia-os de vários tipos e o efeito era engraçado. Tentei não me atrasar em relação a um grupo de 6 atletas, para ver se não ficava sozinho na altura em que iamos entrar na floresta, onde os caminhos não estavam desenhados e qualquer desatenção poderia fazer-me sair da rota que estava assinalada por fitas vermelhas (mas que não eram reflectoras) e por setas (essas sim)., Embora soubesse que os companheiros do grupo (de que conhecia o Duarte e o Luis Oliveira) têm um andamento muito superior ao meu, achei que conseguia acoompanhá-los. No 1º abastecimento (10km) enchi a garrafinha de água que levava na mão (e que foi comigo até ao fim) e prosseguimos, agora a descer até às margens da Lagoa. Uma 1ª dúvida sobre o caminho a tomar, mas lá atinámos. O facto de o grupo ter crescido –já éramos mais de 12- ajuda muito nas situações duvidosas.
Os quilómetros iam passando (e sempre assinalados de 5 em 5). Entre os 10 e os 20Km fiquei novamente sozinho, pois receava ir com quem me parecia demasiado rápido, mas também não queria ir demasiado lento, pois também sei que o tempo de corrida só por si, tambem causa “estragos”. E lá fui passando por alguns que não se aperceberam a tempo que andavam em “más companhias” e já começavam a pagar o esforço (Estás bom, Jorge Pereira ?)
Na praia, o abastecimento dos 20Km. Aqui, passei eu pela grande Glória Serrazina, verdadeira referência em provas desta natureza e pensei que até não ia muito mal, pois ainda me sentia seguro. Seguia-se um troço de corrida pela areia solta e depois... a subida da duna ! Aqui, por cada passada de 50cm que déssemos apenas progredíamos 20 ! E nunca mais chegava lá acima. Talvez uns 30m à minha frente (neste caso, acima de mim) ia um grupo de 4 ou 5 atletas e eu pretendia chegar-me a eles. Quando finalmente chego ao cimo da duna, não vi ninguém! E agora? Havia ali um pequeno largo com várias saídas e eu sem saber qual é que devia seguir, pois não encontrava fitas nem setas! Vou esperar por quem vem lá para trás, ou meto-me por onde me parece mais provável ? Estupidamente, fui pela 2ª opção e, à medida que fui avançando, estranhava não me aparecerem sinais onde deveriam aparecer. Cheguei a uma estrada de alcatrão, talvez a uns 300m! Vi que o melhor era mesmo retornar ao cimo da duna, onde vinha aquele primeiro grupo em que eu me tinha integrado (do Duarte e do Luis Oliveira). Sem ver o sinal que deveria ter visto quando lá passei a 1ª vez, limitei-me a seguir o grupo e entrar, de novo, na corrida.
Seguia-se a parte mais perigosa do percurso: piso ondulante, de areia, com pequenos arbustos e raizes a atravessarem-se entre as passadas e à direita, ali a pouco mais de um metro, o precepício para o mar que “rosnava” lá em baixo, metendo respeito! (Oh Sr. Serrazina, Oh Sr. Miranda : não sendo aquela passagem nenhum trilho definido, não poderia ela ter ficado um bocadinho mais afastada de tão perigosa linha?Merecem nota máxima em tudo, menos nisto ).
Os sapatos estavam cheios de areia, mas não ia parar, porque não queria ficar sozinho pois já tinha tido uma má experiência.
No abastecimento dos 24km, aí foi para relaxar um bocado: tirei a areia dos sapatos, bebi água, enchi a garrafa para o caminho e comi melancia que nem um desalmado. Tão bem que me soube! Uns demoraram-se pouco e arrancaram; eu esperei por alguém que, afinal, parecia que vinha, mas não vinha! Conclusão: “alone again, naturaly”. Os da frente tinham “desaparecido” todos e de trás há uma luzinha que se vem aproximando de mim e que me diz qualquer coisa sobre S.João das “Rampas”! Vi logo que era alguém que me conhecia. Era o Manuel Azevedo e, em corrida ou a passo quando o declive era acentuado, lá fizemos alguns quilómetros juntos. Juntaram-se a nós outros atletas, mas quando chegámos ao alcatrão, o Azevedo avançou com outro companheiro e perdi-lhe o rasto. Os outros acabaram por ficar para trás de mim.
30Km. As pernas começavam a “acusar” um bocadinho e obrigavam-me a uma determinação mais forte. O piso agora era bom: caminho de terra batida, completamente plano. Passo por alguns atletas que iam a andar e que não se preocuparam nada que eu os ultrapassasse.
Último abastecimento : perguntei quantos km faltavam: 5 ou 6 - diz-me a miúda !
Estávamos na fase de aproximação ao Castelo! Uma aproximação lenta, é certo, mas era aproximação. Sentir isso punha-me confiante. Curiosamente, vou ganhando posições a alguns que tinham sido mais “atrevidos” que eu. Chegado à passagem de nível, o último grande desafio: subir toda aquela rampa em escadaria, para finalmente “conquistar” o Castelo. A passo, claro está, pois se me contassem que naquella fase alguém ousaria subir aquilo a correr, eu não acreditaria (mas parece que houve!). Já junto à muralha, uma outra escadaria, esta com corrimão de corda, que muito ajudou a transpô-la. A cota mais alta estava atingida. Só faltava contornar a muralha por alguns metros e entrar triunfalmente naquela portinha em ogiva, que parece um nicho de santo, que serviu de excelente enquadramento às imagens que o Orlando Duarte captou.
Agora só era preciso respirar um bocado, estabilizar o “equilíbrio” gástrico esperando que passassem as náuseas fugazes (minhas companheiras inseparáveis nestas corridas mais esforçadas) e dirigir-me para a mesa grande cheia de coisas apetitosas. Perguntei a alguém o que é que era “aquilo” que estava num tabuleiro !? Quando me respondem que era melancia, é que eu tomei consciência que qualquer coisa não estaria a funcionar bem, pois não tinha reconhecido aquilo que mais me apetecia. “Abanquei “ ali como que em “penitência” por tamanha ingratidão e só não comi mais por “medo” de ter que a “devolver” à mãe-natureza por via diferente da esperada.

Assim foi a “guerra” em que, afinal, o tal “trail” não apareceu. Nesta noite, o “inimigo” permaneceu “escondido” aos olhos de centena e meia de homens e mulheres que o procuraram durante horas a fio. “Inimigo? “Que inimigo?” – Podi-ó chamá-lo!!!???

TNLO -Trail Nocturno Lagoa de Óbidos


Por agora, apenas algumas fotos da Leonor e Orlando Duarte. Depois virá o texto.
Adianto apenas que demorei 4,29,54 e fiquei na 77ª posição (como se isso fosse muito importante...).
Os resultados completos estão aqui.
Mas que foi uma experiência a repetir, ninguém tenha dúvidas.


(foto de Susana Adelino, no fim do "calvário" da última escadaria)








terça-feira, 4 de agosto de 2009

TNLO -Trail Nocturno Lagoa de Óbidos


Esta vai ser a nova experiência do próximo fim de semana.
Diga-se que só ontem é que "enfiei" isto na cabeça e me inscrevi.
Sempre são 37 km sem ver bem onde é que vou pôr os pés.
É verdade que está lua cheia! Mas se o céu estiver nublado ? O frontal será suficiente ?


Nas terras do Miranda e Serrazina
Circundando a idílica lagoa
E em fundo a muralha fernandina,
Há um TNLO que se apregoa
E há-de ficar gravado na retina.
(Espera-se que o luar tenha luz boa
Pois se em vez de luar estiver de breu
Não há frontal que valha, digo eu…)

De prémio bastará um abraço amigo,
Jamais “certificados” ou “diplomas”
Pois com tais documentos eu me intrigo
Ainda que fiquem escritos entre comas;
Na noite o incerto e incógnito perigo
Ajuda a uns trambolhões e … hematomas
Mas esp’ramos p’la alegria da chegada
Sem a “Certidão de Óbidos” passada.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

U.M.A. Corrida "Infinitamente" longa, linda e irresistível





Uma brisa suave e fresquinha vinda da frente, temperava os efeitos escaldantes do sol que dava nas costas.
A um ritmo crescente, demos por nós a fazer 6,05/Km, o que excedia largamente as previsões e nos fazia recear vir a “pagar a factura” lá mais para a frente. Abrandámos e fomos “segurando a coisa” nos 6,30-6,45/km . É que o piso era bom e a tentação de responder ao facilitismo era grande. Passa a Rute com o Luís Parro quando estavam percorridos cerca de 10 Km . Vinham bastante bem e rapidamente “desapareceram”.
Fui ver o que se passava com a mochila. Não descobri a anomalia, mas a água que tinha já era pouca. Numa das Praias lá estava o Zen a incentivar a malta… e que bem sabe uma palavrinha de apoio. Também o meu colega de equipa, André Quarenta, me foi dar uma “forcinha” ( e até nos tirou uma foto).
Perto dos 28km, o João começou a ficar para trás. No abastecimento (28,50Km) apenas aceitei uma garrafa de água, pois na outra mão levava uma de Isostar. Seria suficiente. Vou ao tubo para um golinho de água e… só bolhas. Tou feito! E eu que só trouxe uma garrafa! Estava condenado a poupá-la.
Noto que nos vamos aproximando do Luís Parro, que, entretanto já vinha sozinho, e passámo-lo durante uma “paragem para libertação de líquidos”.
À medida que a distância ia sendo percorrida, notava-se a necessidade de apelar cada vez mais à concentração. Olhos em frente, a pala do chapéu, fazia-me pensar que me aproximava de qualquer coisa por onde passaria por baixo. Levantava a cabeça e era apenas o céu que me tapava. Do lado esquerdo, o mar, calmo e suave, convidava a uma banhoca. Não podia ser. Diz o Jorge : - Olha, já estamos a andar a mais de 7,30! Eu bem te dizia que, há bocado íamos muito depressa!
Fizemos umas continhas: se mantivéssemos assim, chegaríamos dentro das 5h, o que não era nada mau. O importante era ir resistindo à tentação de nos pormos a passo, dizia eu.
Só o facto de estar a pôr essa hipótese, já era indicador de que poderia claudicar. Na altura, o Adelino tinha-se juntado a mim e ao Jorge e eu fiquei impressionado com a sua prestação, pois as várias vezes que ele se tinha aproximado e deixado ficar para trás, fazia-me pensar que estaria a desgastar-se em demasia. Mas não! Grande Adelino, ele aí estava para as curvas, quando já passava dos 35km.
De repente, “trau”! um impulso qualquer descontrolado, pôs-me a passo! Ui… doía-me tudo: as ancas, os joelhos, os tornozelos… Não conseguia andar. E, nestas coisas, andar a passo pode compensar, desde que se consiga andar rápido. Como era possível? Se a correr, embora lento, ia bem, sem qualquer tipo de dor, como é que a marcha me era tão desagradável? Arrependi-me de me ter posto a passo, mas não encontrava ânimo para recomeçar a correr. Vêm depois umas náuseas. Atentos, aparecem logo elementos da organização, em moto-4, perguntando-me se era preciso alguma coisa, se estava tudo bem. -Não, obrigado. Já passa! –disse eu! –Então dê cá o lixo, escusa de ir carregado! – Nem tinha reparado que andava com duas garrafas vazias nas mãos.
Vou à mochila buscar uma peça de fruta e depois outra e vou andando e comendo. Vários são os atletas que passam por mim: José Martins, Luís Parro e outros. Passa também o António Almeida : -“Vamos embora, Fernando !Neste passinho assim …curto, acha que não consegue!? “-Ainda não, António! Siga,siga, que eu, já recomeço!”
Não sabia quantas eram as curvas que faltavam para avistar a Meta, mas sabia que faltariam, talvez, 3Km. Deixa cá experimentar a correr novamente: Em cerca de 50 metros, encontrei o ritmo e parecia-me que ia bem. Pensei logo que devia ter recomeçado há mais tempo, mas pronto. Recupero algumas posições entretanto perdidas, volto a passar pelo António e, lá longe, avisto o pórtico amarelo da Meta. O objectivo estava à vista! Agora nada me faria parar. O ânimo regressa e acho, até que aumentei o andamento, chegando ao final com 5,24!
O prémio, os Parabéns, a descompressão naquela tenda “abençoada” onde tabuleiros com melão, melancia, uva, faziam as delícias daquela gente que “tão mal tinha tratado o corpo” naquelas últimas horas. Misteriosamente, a glória de chegar, mesmo que ainda doridos pelo esforço, sublima-nos para uma dimensão diferente. Quanto mais difícil o caminho, mais saborosa é a vitória.
Cá por mim, já vão cinco! E só quando não puder mesmo é que não estarei lá.