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Com o Paulo Pires , +/- aos 6Km |
Foto de Ventura Saraiva
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Foto do Mário Lima |
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Com o Nelson, numa foto da Catarina Alegre |
Com o entusiasmo de
andar a ler o que cada um tem escrito sobre a Rock ‘n’ Roll Maratona de Lisboa,
reparei agora que eu próprio ainda não disse nada sobre o assunto.
Fiz a Maratona, sim. Dizer
que foi “mais uma” não é a melhor forma de começar, pois cada maratona tem as
suas dificuldades, as suas condições. Cada uma é diferente da outra. Aquilo que
faz parte do conhecimento comum a todas elas é a necessidade de um treino
adequado, boa alimentação, bom descanso e, no dia D, prudência e ponderar bem o
ritmo a seguir em função da marca que cada um acha que a sua preparação lhe
pode garantir. São “verdades de La Palisse”, mas que nem sempre são tidas em
conta, mesmo por quem já é “batido” na coisa.
Cascais. Comigo iam
dois estreantes na distância, o Nelson Alegre e o Paulo Neves. O 1º bem preparado, o 2º nem
tanto. Mas a vontade de correr a maratona era muita e nenhum deles gosta de
virar a cara aos desafios. Vamos em
frente, então.
Posicionámo-nos lá
para trás, no meio do grande pelotão e, à hora prevista é dado o tiro da
partida (10,05h!!! – ponto a rever, pois esta hora não mereceu a simpatia de
nenhum dos atletas que ouvi) . 1,30 minutos passámos a linha de partida, frente
à Câmara Municipal de Cascais. O mar não se mexia e o Paulo a pensar lá para
com ele “ este mar assim e eu em vez de ir mergulhar e apanhar uns polvos,
venho para aqui sofrer!”. Mas agora era tarde e não havia volta a dar, a não
ser correr, correr, correr até ao Parque das Nações.
Nos primeiros 2 km não
dava para escolhermos andamentos, pois estávamos condicionados pelo pelotão
ainda compacto mas depois, lá para a zona do Casino do Estoril, quem tivesse
pernas, que fosse mais depressa, mas exigia-se contenção do entusiasmo. Mesmo assim, lá ultrapassámos o marcador do
ritmo das 4h, que era o nosso amigo Carlos Lopes do Blogue “A minha Corrida”. O Paulo prudentemente, tinha ficado para trás
e eu e o Nelson lá fomos num ritmo que nos permitiria chegar antes das 4h.
Junto a nós surge o
nosso amigo Albísio Magalhães, que andava a treinar e com quem tive o prazer de
conversar um bocadinho sobre “projectos futuros para a excelsa colheita de 54”.
Lá vinha o Paulo Pires, ainda a cheirar a Monte Branco, mas com um andamento de
fazer inveja (com um “pedal balente” na expressão que um amigo nosso gosta de
utilizar), que ia registando na sua máquina a “mímica” dos amigos que ousam
meter-se nestas alhadas. Olha…o Manuel António também vai aqui – e fica no “boneco”
também, ele que a maior parte das vezes fotografa, desta vez era fotografado
pelo Paulo Pires.
Um ou dois kms mais à frente sou alcançado pelo Luis Gonzaga Nunes, um dos "estrategas" do UTNLO, este sim, "tresandava" a Monte Branco (pois voltei a passar por ele lá para os 30).
Entretanto começámos a
ver o marcador das 3,45h seguido por um pelotão que não o queria largar.
Estávamos por volta dos 10Km. – Calma, digo eu para o Nelson, - não precisamos
forçar o andamento para lá chegarmos, pois se tiver que ser, isso acontece
naturalmente. Porém, num abastecimento ou numa qualquer distracção, o Nelson
avançou pensando que eu ia com ele. Achei que não o devia travar, porque sei
que ele está muito melhor preparado que eu e um andamento difícil para mim,
poderia ser fácil para ele. E como sabia que na UMA ele conseguiu segurar um
andamento regular, não o chamei. Alcançou a bandeirinha das 3,45, andou por ali
algum tempo e até foi para a frente dela ;e eu já estava a mais de 150m cá para
trás. À passagem por Paço D’Arcos vejo o Nelson já atrás do grupo das 3,45 e
pensei que ele optou por esperar por mim talvez sentindo-se inseguro. Na
passagem pelo passadiço da Praia que antecede o túnel da Cruz Quebrada, passo
pelo Nelson e vejo que ele estava em quebra! Só podia ser psicológica.
Manteve-se próximo até à Meia Maratona, mas depois a saturação –o grande
inimigo – foi-se apoderando dele. Havia um trabalho importante a ser feito
neste domínio, que não o foi : o trabalho psicológico para manter a motivação
em alta quando começa a notar-se a quebra física.
Para as bandas da 24
de Julho, vejo um atleta a correr calmamente de marcha atrás, como que à procura
de alguém conhecido. Era o nosso amigo Pedro Amorim, que estava precisamente e
recordar que naquele mesmo sítio, no ano passado, tinha caído quando tentava
tirar uma fotografia. Um abraço e tive o privilégio de ser apresentado ao
grande João Oliveira, brilhante vencedor da Spartatlon (245Km)entre Atenas e
Esparta. Foi um momento alto desta maratona.
Passagem ao Cais do
Sodré : o amigo Mário Lima estava “à coca” e apanhou-me numa excelente foto, com
a Praça da Ribeira em fundo.
Continuando, lá se
foram passando kms com bons abastecimentos, mas com troços do percurso um
bocadinho monótonos (mas isso pode ser por já tê-los feito muitas vezes),
excepção feita na ida aos Restauradores e retorno à Praça do Comércio (32Km)-lá
estava o Jorge Branco a dar ânimo à malta- , mas a partir dali, voltou a ser
difícil. Não só pelo acumulado de Kms mas porque a paisagem era pobre. Vejo o
Jorge Serra e o Francisco Pereira, meus amigos e companheiros da ACB, a passo e
eu cheio de vontade de lhes seguir o rasto. Aos 35km passo pelo Tigre, que ia a
caminhar e eu nem o tinha visto . Viemos juntos um bocadinho, pouco, porque eu
não me aguentei. Fez-lhe bem ter andado um bocadinho, que lhe recuperou as
pilhas, enquanto eu lutava para não ter de me pôr a passo. Muitas foram as
pessoas que optaram por caminhar a partir dos 32 km e, surpreendentemente,
atletas de “outros campeonatos”.
Km finais, onde havia,
finalmente, gente a aplaudir. Amigos e conhecidos que tinham feito a Meia Maratona e estavam ali, na importante missão de nos dar força e a fazer-nos sentir que o objectivo estava prestes a concretizar-se. A dupla viragem à direita e já se avista o
pórtico. O almejado pórtico. Uffffffa. Nem reparei bem quanto é que o
cronómetro marcava, mas vim a saber que era 3,53,50.
Dão-nos água, uma
linda medalha, um saco com coisas dentro e um gelado.
Agora era respirar um
bocadinho, sossegado e… esperar pelos amigos.
A apreciação da prova
tem que ficar para depois, porque já estou a esticar-me muito e depois, não
haverá quem tenha pachorra para ler até ao fim.