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sexta-feira, 7 de março de 2008

Dorsais Galucho , "jamé"... ou um patrocínio que "dançou"

O "internacional" Carlos Neto, ao Km 5 da 31ª Meia Maratona de S. João das Lampas


Numa retaliação "primária" ao exercício da cidadania em interesses não coincidentes com a administração da Galucho, foi-nos solicitada a entrega de todo o material promocional da empresa que, ao longo de décadas temos exibido na Meia Maratona de S. João das Lampas.

Tudo estaria bem, se isso não fosse interpretado como um "corte" numa colaboração entre a maior empresa da Freguesia ( e talvez do Concelho de Sintra ) e um dos mais conhecidos eventos desportivos da região.

Cumprimos com o que nos foi solicitado, mas achámos que deviamos enviar uma carta, que agora fica aberta, e que reza o seguinte :


Sr.Comendador


Muito provavelmente não pretenderá despender o seu precioso tempo com uma carta desta natureza e também não é minha intenção justificar a atitude que tomei (pois já o fiz no público texto da “discórdia”). Ambos temos mais que fazer. Ficou V. Exª surpreendido pelo meu descontentamento face à ampliação da fábrica, como se eu não tivesse o direito a falar, por maior que fosse o respeito e consideração que me merecesse?!

Pretendo apenas dizer-lhe o seguinte:
A Meia Maratona de S. João das Lampas tem 31 anos de existência e, mais pelo respeito a uma marca da terra de que nos orgulhamos, do que pelo apoio financeiro obtido (nem sempre recebido), tivemos sempre associado o nome da Galucho na nossa imagem. Com muito orgulho e honra, sou um dos elementos de uma organização que alcançou uma posição de referência no panorama do desporto português. Mas sou apenas um elemento de um grupo homens e mulheres, empenhado e voluntarioso que nada tem a ver com a questão levantada e que, sem pretenderem qualquer protagonismo (e talvez, por isso, não conhecidos de V. Exª) têm desenvolvido um trabalho tão ou mais importante que o meu na organização.
Foi, há dias, solicitado o material publicitário da Galucho à Meia Maratona de S. João das Lampas, em sinal de “rotura”. Ele aqui vai juntamente e desejo, sinceramente, que outros lhe dêem o relevo que nós lhe demos.
Mas com esta atitude, está a transportar-se para o plano da comunidade, uma questão do plano estritamente pessoal. Não era a mim (embora me fosse dito que eu “estava a elevar-me com o dinheiro dos outros”) que a Galucho apoiava, mas sim a um evento que fez tradição e que promove o nome de S. João das Lampas, pelo que me abstenho de comentar esta atitude da Galucho, agora sim, na pessoa do seu Presidente do Conselho de Administração…!
Sr. Comendador
Nas suas palavras, não tenho “dimensão” para me dirigir a si e sei que não sou ninguém, mas atrevo-me a lembrar-lhe que, na vida e nas relações humanas há valores que são bem mais importantes que o do dinheiro e há quem teime em afastar-se deles.
Respeitosamente.


4 comentários:

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Deixe lá Fernando... fecham-se umas portas, abrem-se outras.

E infelizmente o que há (de)mais é o campo pessoal ultrapassar a fronteira e afectar campos e áreas (e outras pessoas) que nada têm a ver com o assunto.

Força!

Meia Maratona de S.João das Lampas SEMPRE!!!

Paulo Silva disse...

A mim sempre me fez muita confusão a mistura de assuntos pessoais com profissionais.

Muita força para a Meia Maratona de S. João das Lampas.

Um abraço

Fernando Andrade. disse...

Obrigado, Ana ;
Obrigado Paulo

Pela vossa manifestação solidária, que constituem fortes incentivos para a continuidade da Meia Maratona de S. João das Lampas.
Havemos de sobreviver. Como foi dito pela Ana, se se fecham umas portas, outras hão-de abrir-se.
A necessidade de patrocínios não deve implicar que tenhamos de nos subjugar a caprichos de quem entende ter o poder nas mãos e que toda a gente tem de curvar-se ao seus desígnios .
Mais uma vez, muito obrigado pelas vossas palavras.

Joaquim Margarido disse...

Venham leis e homens de balanças, mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças, desça o juiz em nós até ao fundo.
Nos cruzamentos da cidade, brilhe, vermelha, a luz inquisidora.
Risquem no chão os dentes da vaidade e mandem que os lavemos à vassoura.
A quantas mãos existam, peçam dedos para sujar nas fichas dos arquivos.
Não respeitem mistérios, nem segredos, pois que é natural nos homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte, relógios a marcar a hora exacta.
Não aceitem outra arte, que não sejam inquérito, local e data.
Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastões e fortalezas, hão de cair em estrondo os altos muros. E chegará o dia das surpresas.

José Saramago