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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Raide 2007-Parte II (...mais um bocadinho)

No princípio era o "afundanço". E tanta areia assim, pela frente !
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Desde cedo comecei a sentir a mochila a arranhar as costas, na zona lombar! Mau, Maria! Ponho a mão e vejo que a T-shirt se enrolava, deixando a pele em contacto directo com a mochila (digo sempre “mochila”; não gosto de dizer “camelbag” ! é assim ou não é, Orlando Duarte?). Lá compus a T-shirt (também não gosto de dizer “T-shirt”, vou passar a dizer “camisola” ) para baixo, gesto que tive de repetir mais algumas vezes, mas esta pequena contrariedade, foi suficiente para me deixar a região lombar marcada de tal forma que, depois, no duche, só apetecia dizer palavrões.
Pelo caminho, a minha mente ia a matutar :- que raio de velocidade é esta !?; -será que vou a 7m/Km (condição para concluir a prova nas 5h)!? Só o saberia quando chegasse à primeira das bandeirinhas, colocada aos 5,5Km ! Lá estava ela:- 39 minutos ! Não estava muito fora dos planos, mas a verdade é que o à-vontade e a descontracção com que esta passada deveria ser encarada, não o estava a ser. Achei logo que seria melhor encontrar o tal passo confortável e esquecer o relógio.
À medida que a distância ia sendo percorrida, os atletas dispersavam-se mais. Cada vez era maior o espaço entre o da frente e o de trás. “Levanto o pé” por alguns minutos e olho para trás. Vinha lá a Analice, a 50 metros! Inconformado, resolvo abandonar o estado de “relaxaria” em que estava a correr e, progressivamente, aumentar o andamento sem provocar grande “choque”. Passado um bocado, talvez meia hora, volto a olhar para trás e já não a via. Bom, a coisa compôs-se. Por volta dos 15 Km, os ténis é que começaram a meter areia e eu estava a sentir que uma bolha estava a preparar-se para surgir no dedo grande do pé direito. Antes que fosse tarde, resolvo então utilizar o “material” que estava destinado a esta eventualidade : -“arreio” a mochila e tiro de lá um saco de plástico e um “resguardo” também de plástico. Descalço-me , tiro a areia dos ténis, lavo as peúgas encho de água o saco e vou sentar-me no tal resguardo, para me calçar de novo, podendo tirar a areia dos pés na água do saco! Nisto passa o Eduardo Estevez, que me cumprimenta e a quem digo, por graça, que ia acampar ali (vontade não faltava!) e, depois de calçado de novo e “tralha” arrumada, retomo o caminho. Noto que me vou aproximando de um atleta (pudera… ele ia a andar!) vestido de cor-de-laranja . Era um rapaz meu conhecido e conterrâneo, o Luís Oliveira, estreante nestas andanças. Dirijo-lhe uma palavra de incentivo e continuo, como se estivesse muito melhor do que ele. Mas não. Corri talvez uns 200 metros mais e pus-me, também, a passo. Ele fez um esforço, aproximou-se e lá fomos os dois andando… na maior. E quem é que estava a chegar perto de nós, quem era? A Analice! Nãããooo! - Bora, Luís.E ele veio comigo até aos 28,5km, local do abastecimento.
Prossegui, de novo, sozinho, com uma garrafa de água em cada mão e ainda com quase toda a água na mochila, pois a temperatura não obrigou a grandes consumos. Em suma : fui ainda mais carregado, mas não fui capaz de dizer que não, a quem tão gentilmente, me dava aquela água.
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