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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O saco da discórdia

Tenho para mim – e, se calhar, erradamente – que o valor da taxa de inscrição numa prova se destina a assegurar o direito de participar e, assim, habilitar-se aos prémios em disputa, consoante o desempenho de cada um. Há prémios escalonados para os que melhor se classificarem e há também os chamados prémios de participação, que são para todos.


Bem sei que as grandes provas dão o chamado kit do corredor no acto do levantamento do dorsal, isto é, o corredor recebe logo aquilo que lhe está destinado independentemente de correr ou de terminar ou não a prova. Bastou inscrever-se. A Organização entendeu que isso seria o bastante.

Talvez contrariando a corrente dominante, acho que isto está mal.

Está mal porque o que o atleta paga é o direito de participar na prova. Não está a comprar os prémios, cujo valor é – no meu entendimento - indissociável da conclusão da prova. Poderá haver quem diga que isso não são prémios, são apenas símbolos da prova. Sim… mas isso implicará que haja outras coisas (prémios?) à chegada.

Mas se a Organização não for dessas que podem oferecer muitas coisas, terá ou não o direito de escolher o momento que entender mais adequado para entregar aquilo que conseguiu ?

É que existem corredores que não distinguem o poderio financeiro de grandes Organizações, da pacatez de meios de pequenas Organizações e então, mesmo tendo desistido da prova, criam embaraços, exigindo aos colaboradores aquilo que estava destinado apenas aos que finalizassem.

-“Paguei a inscrição, tenho direito ao saco!” – e dali, da zona de chegada, não arredam pé enquanto não for satisfeita a exigência.

Há quem perceba este ponto de vista, mas a mim… custa-me a encaixar.

E tudo isto por causa da moda (que já é antiga, bem sei) de dar o saco com o dorsal.

7 comentários:

JoaoLima disse...

Estou plenamente de acordo com a tua opinião, amigo Fernando!

João disse...

Na chegada da mini maratona da ponte 25 de Abril vi um atleta a exigir 2 sacos porque tinha 2 dorsais.

Joaquim Margarido disse...

Tenho um amigo que é pescador. Um belo dia inscreveu-se num Concurso de Pesca e lá foi até ao "estreito", no canal da Ria de Ovar, mesmo antes de chegar à Ponte da Varela, juntamente com todos os outros concorrentes. O meu amigo e os outros, quando lá chegaram, tiveram que desapossar do espaço um miúdo que tinha chegado bem cedo e nem sequer desconfiava que ali iria haver um Concurso de Pesca. Quando o miúdo se preparava para partir, o meu amigo perguntou-lhe, como quem não quer a coisa, se tinha pescado algo. " - Só uma enguia", respondeu. " - Compro-te a enguia." Com uma enguia no saco e 5$00 a menos na carteira, o meu amigo lá começou a pescar, mas a longa manhã de pesca só deu moliço. A ele e a todos os outros que, como ele, se fartaram de dar banho à minhoca. Conclusão: o meu amigo ganhou o Concurso de Pesca por ter sido o único a apanhar... uma enguia!
Esta batota é o que se passa com aqueles que se inscrevem nas provas de estrada e têm o desplante de exigir o prémio. Porque isso é tentar comprar o prémio.
Se como dizes, Fernando - e muito bem! - as provas grandes oferecem "à priori" uma lembrança (ou duas, ou três...), na realidade o prémio é para quem chega ao fim. Aí vem a medalha, o saco ou o que quer que seja.
Penso que está na altura, para alguns, de começar a ver as coisas de outra forma. Ou então... que vão às enguias!

Unknown disse...

Olá Fernand;

Gostei deste teu artigo. A este tipo de comportamentos considero anti-desportivismo.

Afinal os brindes não são para aqueles que chegam ao final da corrida? Ou seja, ter o prestígio de ter terminado aprova, é algo que deverá ser importante para o atleta e a organização tem para ele um brinde. Assim deve ser pensado.

Olha Fernando, em algumas provas, aqui na Holanda, aquelas que são as populares (as do povo) têm prémios para os 3 primeiros classificados que constam de umas caixas de legumes frescos. E que são bem bons....imagina isto por aí!.....

Olhe tal como diz o Joaquim Margarido....vão ás enguias e depois ( digo eu) vão dar banho ao cão.

Um abraço
dos Xavier's

Fernando Andrade. disse...

Ainda bem que concordas comigo, João Lima. Obrigado.

Caro João
das coisas que mais entristece quem anda nas corridas, são este tipo de comportamentos que tanto deixam a desejar e que desmotiva quem for correcto. Obrigado pelo comentário.

Amigo Joaquim Margarido
Que bela parábola nos trouxeste, tão ao teu jeito e tão chei da conteúdo. Muitíssimo obrigado pelo comentário e pela visita.

Amigo Xavier
eu sabia que tu és daqueles cujas ideias se identificam muito com as minhas. Isso dá alguma força. Muito obrigado.

A todos um forte abraço.

Jorge Branco disse...

Não ando nisto há tanto tempo como o amigo Fernando mas já levo uns anos muito valentes.
Venho do tempo em que não havia prémios de presença, dorsais, camisolas, medalhas nada!
Fiz o meu melhor tempo na maratona e nem diploma tive!
Para mim o prémio, foi e sempre será, o prazer de completar a prova.
Não gosto do sistema das lembranças entregues antes da prova!
Sou tão radical nesta questão que se tiver inscrito numa prova, e não poder ir de todo, mesmo que a organização entregue a camisola antes não vou levantar o dorsal. Não me sinto bem com a camisola de uma prova em que não pude participar!
Já recebi um medalha, na Corrida das Fogueiras em Peniche, antes da prova e acreditem que não gostei nada. Perde-se um bocado da magia da chegada!
Mas isso da entrega das camisolas antes da partida penso que começou na meia de Lisboa e por motivos logísticos. Era muito difícil entregar o saco da lembranças no final da prova devido ao elevado numero de atletas e ao comportamento pouco civilizado dos mesmos!
Por isso em provas de elevada participação de atletas concordo com a formula da Meia de Lisboa: entrega do saco antes e medalha só no fim da prova.

Fernando Andrade. disse...

Pois é, Jorge,
Mas, no final, quando não há medalha, dá-se o quê?
Entendo que aquilo que se dá (por pouco que seja) constitui uma recompensa pelo esforço e não o comprovativo de se ter pago uma inscrição.
Quando há fartura, pois que se dêem coisas no princípio e coisas no fim, mas quando há pouco, que seja no fim, porque é aí que se valoriza na proporção certa aquilo que se recebe.
Acho eu...

Abraço