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terça-feira, 4 de outubro de 2016

9ª Prova do Ano - Rock´n´Roll Maratona de Lisboa "À minha maneira"







Era a 4ª Edição da Maratona Rock ‘n’Roll em terras de Fado. Tinha também de ser a minha 4ª participação apesar de, como tantas vezes aconteceu, não me sentir preparado para cumprir a distância num tempo decente. Mas aí, aplico o plano B e a coisa resulta, que é escolher um andamento adaptado à preparação e ir progredindo com a confiança possível. Apontei para cerca de 4,30h e acabei por escapar às 4,21 por um mísero segundo : 4,20,59.Resultados aqui.
Mas vamos a umas palavritas.
Tudo começou com a hesitação de onde deveria deixar o carro. No Parque das Nações ou em Cascais. E era tal a hesitação, que, pelo caminho, ainda não sabia para onde ir: No Parque das Nações, a viagem para Cascais no metro e comboio poderia sofrer atrasos que poderia comprometer a partida e o pior que nos pode acontecer é passar por grande ansiedade nos minutos que antecedem a Prova. Para ir para Cascais, teria, depois, um penoso regresso no comboio e uma chegada tardia a casa. Ponderadas as soluções, optei pela última e, pelo menos, não houve stress nesta altura. Estaciono onde encontrei lugar e encaminhei-me para o hipódromo, onde estava programada a Partida e onde decorria já um animado aquecimento.
A partida estava bem organizada: camiões para transportar os sacos dos atletas (que iam logo ordenados, para se tornar fácil e rápida a entrega, no final), muitos sanitários (mas sempre insuficientes para a procura, pois o pessoal “ataca” todo ao mesmo tempo) com portas de entrada para a zona de partida, de acordo com os tempos expectáveis e declarados quando da inscrição ( e com o cumprimento rigoroso garantido por seguranças ). Aguardei poucos minutos, enquanto ia conversando com o meu amigo José Magro, até que é dado o sinal da partida. Demorei 3 minutos a passar pelo pórtico.
A voltinha por Cascais, antes de apanhar a Marginal e lá vamos nós rumo ao Parque das Nações. O tempo estava bom, talvez a temperatura fosse até mais alta do que o desejável e teria sido bom levar chapéu na cabeça, mas eu não levei. À saída de Cascais passo pelo marca-passo das 4,30 sem, no entanto, me deixar entusiasmar. Não queria baixar dos 5,30/Km sendo que a ideia inicial era manter-me pelos 6, mas ia muito bem, sem revelar esforço e deixei-me ir andando naquele ritmo.
O céu límpido, a maré vazia, as águas paradas que reflectiam o sol num cenário bastante bonito e apelativo e que nos era permitido usufruir ao longo de quase todo o percurso onde, a espaços, havia uma banda a tocar, pois era uma Maratona do Circuito Rock’n’Roll. E eu lá ia fazendo a Maratona “à minha maneira”, como cantava o rapaz, quando passei por volta dos 10Km.
Entrámos no Passeio Marítimo, evitando assim a respeitável subida ao Alto da Boa Viagem. Bandeiras de vários países eram agitadas por rapazes e raparigas que não se cansavam de nos apoiar. Obrigado juventude.
Cruz Quebrada: Meia Maratona – Achei que estava na altura de tomar um gel para ver se não me ia abaixo. Tomei metade e guardei a outra. Se é verdade que o gel às vezes funciona, noutras tem o efeito contrário: ficou-me a pesar no estômago e eu a ver que aquele desconforto não havia meios de passar. Aos 25, decisão estratégica e voluntária : caminhar até readquirir a vontade. Aos 26, ele aí vai novamente. Sol de pouca dura. Da Praça do Comércio ao retorno na Estação do Rossio (dos 31 aos 32)  novamente a passear. Corro até ao abastecimento de Santa Apolónia e aí faço uma pequena pausa e recomeço. Vejo que estou com um bom ritmo e a ganhar muitas posições. Porém, aos 39, de forma súbita, vêm-me náuseas. Logo agora, que vinha tão bem. Nova paragem, a última. Só tinha de enfrentar os 3 km finais e pronto, poderia entrar, mais uma vez, no arco do triunfo. Assim aconteceu.  Apesar das paragens  (que não foram apenas fruto da pouca preparação, mas de condicionantes imprevisíveis da própria Maratona) senti uma certa alegria por ter feito a 1ª Maratona do Ano.
Numa apreciação ligeira da Prova, devo dizer que gosto dela. Porém, a saída de Cascais para terminar em Lisboa constitui um problema complicado. Ou se tem de madrugar para deixar o carro no Oriente, ou então, depois da Prova, se se tem de ir buscá-lo a Cascais é certo e sabido que quem mora na zona onde eu moro, tem o almoço só lá para as 16,30. Por outro lado, nestas condições, as marcas que os atletas obtiverem não são homologáveis. De outra coisa que não gosto, mas a organização aí não pode fazer nada a não ser tomar fortes medidas repressoras, é de ver nos abastecimentos, principalmente os que têm fruta, cascas atiradas para o asfalto, precisamente por onde tantos ainda têm de passar correndo o risco de escorregar e escorregar mesmo. Custaria muito atirá-las, pelo menos, para a berma, já que transportá-las 20 metros até ao caixote "poderia fazer perder muito tempo"? E que dizer das embalagens de gel, dadas às dúzias, para ficarem espalhadas pelo caminho sem ser usadas? E as garrafas de isotónico quase cheias, atiradas fora, quando havia copos com a quantidade certa? E as trocas de dorsais que continuam a ser uma má prática corrente, que gera problemas sérios de classificações, com prejuízos para os atletas honestos?
Bem sei que as pessoas que têm a paciência de ler estas linhas, não são as que praticam estes lamentáveis actos, mas como são os que sentem mais vergonha por eles acontecerem, limito-me a registá-los enquanto se continua a aguardar que mudem as mentalidades dos prevaricadores ou então, que a mão pesada da Organização se faça sentir. Mas aí, todos ficarão aborrecidos por ficarem sujeitos a um maior controlo. Sei que é muito difícil, mas se tiver que ser, que seja.


4 comentários:

tutta disse...

Parabéns pela prova Fernando. Aí em Portugal tem muitas provas boas. Tenho vontade de correr aí.
Quanto aos corredores "trapaceiros", aqui no Brasil tem aos montes. Uns correm com o número de peito, outros com o chip e outros com a camiseta do evento. Um transtorno imenso e um prejuízo gigantesco para quem foi honesto e não pôde conquistar uma colocação melhor, ou até um pódio por conta destes corredores desonestos.
Abraço e boas corridas.


tutta-Baleias/PR
www.correndocorridas.blogspot.com.br

Jorge Branco disse...

Parabéns Mestre Fernando Andrade.
Admiro imenso essa sua capacidade de fazer maratonas mesmo num tempo indecente!hi hi hi Não me leve a mal mas como disse que não conseguiu fazer um tempo decente!...Quem me dera a mim fazer uma "indecência" dessas!...
E agora se o conheço é seguir para a Invicta não é?
Aquele abraço.

JoaoLima disse...

Muitos parabéns amigo Fernando pela grande força de vontade!
Quando assim é, tem que ser uma Maratona à nossa maneira, como diz e bem a canção.

Eu fico doente com as cascas!!! Basta pensar... mas há quem julgue que pensar é usar pensos...

Um abraço e força para o Porto. Vemo-nos lá!

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Pois...li até ao fim, não porque a paciência seja o meu forte, mas porque é com muito gosto e muita admiração que absorvo um pouquinho desta prova Rainha, esta, que ainda nunca corri, pelas palavras deste homem, a quem tiro o chapéu e muito admiro pela sua coragem e caparro que tem para enfrentar uma Maratona, nestas ou noutras condições. Parabéns Fernando por mais uma Maratona corrida e obrigada por nos trazer um pouquinho dela, a quem como eu, não a correu.