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terça-feira, 10 de julho de 2018

12ª Prova do Ano : Montepio -STE (Sintra Trail Extreme)


Cheguei. Obrigado pela foto, Bernardete Morita

A primeira é que foi !!!
Com o amigo Francisco Vaz (foto do Ricardo Leitão)

Na minha vida de corredor (ou turista das corridas, se quiserem), que já tem uns aninhos, mal de mim seria se não tivesse estabelecido um calendário das clássicas onde, fielmente, sempre que posso, participo. Nesse rol estarão, talvez uma vintena de provas.
Porém, outras vão surgindo, que também se apresentam como desafiantes.
É o caso do Montepio STE –Sintra Trail Extreme. Não estava nos planos, pois o próprio nome “Extreme” assusta, mas um inesperado convite de um amigo a quem não consigo dizer que não, levou-me a inscrever, embora convicto de que, a meio, talvez tivesse de abandonar a Prova, pois era grande a carga para a minha condição física : 31Km com 1600m de desnível acumulado! Mas a curiosidade em saber como é que a Organização, a cargo dos meus amigos do Monsanto Running Team ( a quem estarei sempre grato pelo carinho que dedicaram ao Trilho das Lampas desde a primeira hora) iria controlar os acontecimentos. Prova de 31 Km do Campeonato Nacional, Prova de 31Km aberta, Prova de 22Km do Campeonato Junior, Caminhada de 12Km, totalizando mais de mil inscritos. Era Obra!

Por mail, recebo o Guia da Prova, que dizia, tintim por tintim, tudo o que interessava saber. Fui de véspera levantar o dorsal, nos Bombeiros de S. Pedro de Sintra. Rápido e eficiente. No dia D, fui cedo para escolher um lugar para estacionar perto da chegada, o que foi muito fácil.
Saio do carro, para ir dar uma volta e ver como paravam as modas e atento-me nos equipamentos dos atletas. 90% tinham daqueles coletes” Salomon” com um boião de água de cada lado. Muito prático e eu…a começar a sentir-me deslocado, pois não tinha nada daquilo. Ora, da leitura que fiz do tal guia, vi que havia material obrigatório: um litro de água, telemóvel, manta térmica, apito e geis/barras energéticas, com o número do dorsal escrito. E o dorsal, obviamente. Tudo muito certo. A dúvida era como é que hei-de levar 1 litro de água (?), eu que tinha prometido a mim mesmo, há uma meia dúzia de anos, não voltar a levar mochila que usei na UMA, pois aquecia-me as costas e tornava-se muito incómoda. Substitui-a por uma bolsa de cintura com um boião de cada lado. Mas isso não dava para um litro. É que, como participo em poucas provas de trail, descuido-me um bocado com o equipamento necessário (ou acessório). A minha mochila era do Lidl e tive que lhe adaptar um depósito de água que pertencia a uma velha que tinha em casa. Levei-a  a contragosto e pus lá tudo o que era exigido e que foi verificado na entrada para a zona de partida.
Às 8h saem os prós. Às 8,30 saem os que não são do campeonato mas que vão fazer os mesmos 31 Km com menos pressão.
Partida. O perfil do percurso vinha bem escarrapachado no dorsal, para o podermos consultar em qualquer momento: um “serrote” com dentes enormes e assustadores.
A táctica era fácil, lembrava-me o meu amigo Vilela: “é pôr um pé à frente do outro”. Sai o pelotão, atravessa a estrada numa passagem inferior e começa a subida, feita com calma, a passo, como em todas as subidas que foram aparecendo. Corria, nas descidas ou no plano. O 1º abastecimento não cheguei a usar, mesmo sabendo que o seguinte só surgiria 12 km depois. Tinha muita água na mochila. Gostei da sinalética existente: na base de cada subida, havia uma placa indicando a distância e o desnível que ela tinha (ficávamos a saber o que nos esperava) e no topo, uma placa com uma mão fechada de polegar levantado, ao jeito de um like, como quem diz, “estás a portar-te bem. Agora é a descer”.
Os postos de abastecimento estavam guarnecidos com produtos para todos os gostos: água, fruta diversa, isotónico, salgados e - muito importante – uma inexcedível simpatia.
Numa das primeiras grandes subidas, agarro num pau, que me ajudou a progredir enquanto subia e depois, a equilibrar enquanto descia. Dei-me bem com ele, pois se travarmos um desequilíbrio logo na origem, não haverá consequências. Não o larguei. Diziam por graça: “ desviem-se que vem aí o homem do pau! Trouxe-o até à meta e não exagero se vos disser que o considero um troféu. Por norma, os troféus recordam-me que acabei uma prova. Este recorda-me como a fiz, o durante. E quando se diz que o importante é o caminho, talvez este pau me recorde o importante.
À chegada, havia tendas só com coisas boas que, se o estômago me deixasse, iria emborcando até à saciedade.
Terminei em 326º ( em 378) com o tempo de 5,17 e fui o 6º do escalão (em 6, eheh, que o pessoal da minha idade, ou é mesmo bom, ou não se mete nestas coisas). Resultado.

E quando chego a casa, fico a saber que já tinham saído 4 dos miúdos da gruta da Tailândia e hoje, 3ª Feira, já cá estão todos fora, numa admirável operação de socorro de que não se conhecem precedentes. Boas notícias. Uma enorme vénia para os mergulhadores envolvidos.  
Por fim, a avaliação que faço deste Montepio- Sintra Trail Extreme, face ao pouco que conheço, é de nota máxima. Vi como se faz uma prova Extreme. Não posso dizer que aprendi, porque isso implica sabedoria para reproduzir os mesmos conceitos, mas posso dizer que fiquei maravilhado por ver como a Organização deu conta do recado, neste evento que rotulo como um estrondoso sucesso. Parabéns, amigos do Monsanto Running Team. Em 2019, espero poder voltar, se possível, mais apto.

3 comentários:

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Muito bom! Gostei de ler e de o saber a safar-se muito bem nessas aventuras e à falta de bastões que adivilho muitos tenham levado, desenrascar-se com o pau :)

Beijinho Fernando e boa recuperação

JoaoLima disse...

Muitos parabéns pela aventura :)

Um abraço

Filipe Torres disse...

Muito bom! Parabéns, Fernando. Realmente, conhecendo a Malta da organização só podia vir coisa boa dali. Ainda por cima aquilo é o quintal deles.